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sábado, 29 de dezembro de 2012

DOCUMENTO MEMORIAL Filho Pródigo da Rapôsa - Serra - do - Sol



Paulo Lucena

(Memórias).



Filho Pródigo da
Rapôsa-Serra-do-Sol



Apresentação.


Estas Anotações de memória foram feitas, originalmente, como depoimento expresso, sob o Título “Minha História de Perseguição Política”, recomendado pelo meu fraterno Amigo Camarada marxista, Patrono e Causídico jurisconsulto Dr. Márcio de Siqueira Arrais, meu procurador forense no STF que patrocinou, de princípio em 2008, e depois, em 2010 (por desaforamento do STF ao TRF-1-PA-(Justiça Federal do Pará 1ª Vara Federal), meu Processo originalmente interposto junto à Suprema Côrte através do Dr. Márcio Arrais, contra a União Federal representada pelo MPOG-Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Processo indenizatório duplo de Danos Morais e Restituição de Salários Retidos, já que eu, então egresso da REPRESSÃO SANGRENTA em que eu optara pela Luta Armada de Guerrilhas Urbano-Rurais, por causas ideológicas e razões diretas da minha Demissão Sumária com retenção salarial iníqua, e dos Constrangimentos Ilegais (Torturas), suplícios a mim infringidos pela Ditadura Militar de 1º de Abril de 1964, que me compeliram a engajar-me na Hoste Político-Paramilitar Guerrilheira Urbana e Rural Insurgente do Partido “AP-AÇÃO POPULAR”, de inspiração cristã-marxista (Teologia da Libertação) nos chamados “ANOS DE CHUMBO” e, consequentemente, preso e banido da minha Pátria, vira-me eu na contingência da fuga do cárcere e, compelido ao Refúgio Político sob a proteção das Nações Unidas, junto à República do Panamá onde prestei serviços à ONU como Observador de Direitos Humanos – Alto Comissariado para Refugiados das Américas Central, do Sul, oportunidade que me proporcionou viajar por todo o Caribe incluindo Cuba, Haiti, República Dominicana, América Setentrional (México, EUA e Canadá) e América do Sul (com excessão oficial óbvia do Brasil meu País repressor que deu orígem ao meu compulsório refúgio político por cerca de vinte [20] anos).





No Capítulo Introdução destas Anotações insiro eu dois Tópicos um como rápida Prosa “...Quem Sou eu” refletindo também meu Perfil e meu Pensamento Memorial de Cidadania Cosmopolitana e Sujeito Ator Antrópico e Socioambiental inveterado; e o outro tópico como Poesia Épica das minhas Memórias sob o Título “UM SIMPLES JOVEM SENESCENTE!!!... SETUAGENÁRIO...
Fazem partes importantes destas Anotações, também, dois tópicos de extrema relevância pela notoriedade como enfoques ambientais bizarros, curiosos e únicos no Mundo. As revelações expressas da existência de um defluente fluvial paradisíaco da Bacia do Orinoco (Estado do Amazonas da RBV-República Bolivariana da Venezuela) chamado CASSIQUIARY (que no idioma Yanomami significa “O Soberano dos Rios Encachoeirados”) que se torna afluente do alto Rio Negro este, depois do Xingu, o segundo maior Afluente do Rio Amazonas. O Cassiquiary é assim um inusitado canal de comunicação e acesso entre as Bacias Amazônicas Venezuelana e Brasileira.

E mais um tópico singular de única existência no Planeta os exóticos, fascinantes e belíssimos CAVALOS SELVAGENS DE RORAIMA que habitam as pradarias e estepes boreais chamadas de Campos Gerais ou Lavrados de Roraima, ao Norte da Capital Boa-Vista.



Introdução.



Este depoimento eu expresso com a modéstia do estóico, a convicção do militante fundamentalista, e a fidelidade e transparência do combatente rebelde, hoje enfermo-mórbido quase terminal, vale dizer, abatido fisicamente pelos desgastes da Luta, pressentindo o fim iminente da existência, mas sóbrio, consciente, perfilado, satisfeito com os deveres cumpridos... e agora na esperança de que, além do conforto decorrente do recente encontro com Deus, poderei vir a ter uma recompensa de justiça humana que é o objeto deste Processo Forense causal, para que não venha eu a falecer na extrema miséria existencial da base familiar de que sou arrimo.

Volto da longa campanha realizada e sucedida com meus crônicos triunfos, riscos, suplícios, constrangimentos ilegais, atropelos e horrores superados, indeléveis na memória mas remidos na mente e na consciência, em razão direta da Fé em Deus, dos efeitos da História (do Ato Público da Anistia Constitucional), perdão incutido a mim pelo padecer, pela meditação, pela reflexão, pela renúncia definitiva à retaliação, à vindita, ao ódio... que antes me perturbavam a alma e o espírito...

No sentido de informar às Autoridades Judicantes do meu Processo, como suplemento ilustrativo desta Sessão Introdutória, transcrevo a seguir o excerto “...Quem sou eu”, da minha lavra, inserido na Rede Mundial de Computadores (Internet) como texto complementar principal alusivo ao meu Perfil Pessoal completo de Cyberativista das OnG internacionais Greenpeace-Guerreiros do Arco-Iris, Avaaz.Org, Caampa-Cooperação Antrópica Associativo-Ambiental Panamazônica, Programa RAU-BR-Rede de Ações Urgentes Brasil da AI-Amnesty International, e Internauta social e político em diversas outras Redes Virtuais da WEB, incluindo Orkut, MSN-Windows Live Messenger, V2V-Voluntaree to Voluntaree, Facebook, Twitter... com as quais mantenho vínculos socioambientais e militância sócio-virtual interativa on-line:

Prosa Memorial de Perfil - ...Quem Sou Eu.
Sou eu um cidadão do mundo, sem fronteiras, sujeito do Universo, um cosmopolita, Criatura de Deus e tripulante da Nave-Mãe Terra, Homem consciente do meu papel dentro do Mundo – zelador genuíno e fiel da sofisticada Cabine Cosmonáutica Terráquea, nosso pródigo embora sutil e vulnerável abrigo telúrico debaixo do Céu a dadivosa e exuberante biosfera planetária que tem como micro-esferas os oito (8) Biomas do Brasil incluindo dentre eles as luxuriantes Amazônia e as Caatingas Nordestinas, os Cerrados Centroestinos Brasileiros ambos em desesperador processo de degradação por obra sinistra do “inimigo número um da Humanidade o Capitalismo” (Marx & Engels), e do seu sinistro suporte político a execrável corrente ideológica Neoliberalismo Globalista Transnacional.
Eu busco Gente espontânea e de boa-vontade, e contribuo a sensibilizá-la, capacitá-la e engajá-la em proposições coletivas voluntárias de preservação ecológica sustentável de nossas fontes, meios, modos e relações de vida e evolução equilibrada, GLOCAL-Global e Local, usando a OnG ambientalista da minha outorga e gestão a CAAMPA-Cooperação Antrópica Associativo-Ambiental Pan-Amazônica – www.ongcampa.com -- e minha condição pessoal de militante Cyberativista das OnG Sociais Mundiais Greenpeace Brasil – www.greenpeace.org – e Avaaz.orgAvaaz.org e RAU-BR/AI-Rede de Ações Urgentes da OnG Mundial Amnesty International – www.anistia.org.
Reputo-me um revolucionário no bom-sentido, às vezes rebelde porém já hoje pacífico, gente-boa, amigável, coerente, afável, amoroso, carente de amor conjugal, cheio e revestido de tendências socialista, igualitária, romântica, jovial, libertária, pluralista... mas firme e altivo em minhas convicções e propósitos como fiel cultor e servil adepto de Deus, da Fé-com-Obras, sem ufanismos carolas nem apego ao proselitismo exagerado ou ao fundamentalismo retrógrado, anti-social, intolerante, ignaro, obscurantista...
Das grandes Obras universais de Deus sou guardião - a Natureza, a Biosfera, os Ecossistemas, o Ar, a Água, a Vida, as Glebas Verdes, os Seres Silvestres, Campestres, Montanheses... são objetos do meu amor extremado e temático-subjetivo, que assumo com garra, dedicação, intransigência... Defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável e Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) - preceituado pelo Protocolo de Kioto, são do meu ramo, e em razão disso procuro arregimentar mais Gente volitiva para engajar-se comigo nas boas obras estratégicas, e nas pugnas justas, bem urdidas, pacíficas mas valentes, intimoratas, ousadas... contra os que no dia-a-dia devastam a Natureza. Sou executivo de uma OnG ambientalista-internacional pan-amazônica, que ajudei a criar, em Quito-Equ, há cerca de 40 anos atrás; e colaborador fraterno, ator social voluntário e "cyberativista" filiado de outra OnG Socioambiental Mundial, da mesma índole, cujo nome, como o daquela outra supra citada, omito eu aqui, em respeito às virtudes tácitas de uma política ética de impessoalidade, privacidade redial q adoto em nome da humildade, da impessoalidade, da transparência, e contra proveitos escusos e presunção egocêntrica. OnG primeira tal, da minha fraternal relação socioambiental e militância virtual coletiva que, por seus valores intrínsecos e iniciativas inovadoras e extraordinárias, em passado recente, fora a mesma agraciada com o Prêmio Nobel da Paz, fato que muito nos orgulheceu a todos. Embora já esteja eu atingindo o patamar avançado dos 76 anos, reputo-me e comporto-me como um rapaz jóvem, convicto e entusiasta. Tenho a convicção de que juventude não é só a pouca idade, mas sim o hábito permanente de cultivar um espírito acrisolado, jovial, saudável, inovador, sociável, revolucionário... Há pessoas de pouca idade com índole de velho rabujento, conservador-reacionário, intolerante... E há umas(uns) e outras(os) com idade avançada, como eu, mas com o espírito e a compostura risonha, entusiasta, vibrante... Sem falsa modéstia. Permaneço pronto e aberto a interagir à luz do construtivismo participativo e do antropismo racional e conservacionista-natural, cuidadoso e consentâneo com os ditames da Natureza, de Deus...
E concluindo, aproveito o ensejo a dizer da minha vontade participativa e fraternal de compartilhar e transferir, assim solicitado, a cada companheira(o) do meu Mundo jóvem, no âmbito da nossa Macro-Comunidade Web, que o necessitem, para estudos e pesquisas, dos meus fartos e múltiplos subsídios e insumos da convivência naturalista, da experiência telúrica, do conhecimento e do saber, que tenho acumulados, ao longo dos meus 60 anos de convívio revolucionário, sertanista-silvestre, antrópico, indianista, etno-sócio-cultural, socioambiental ... em diferentes locais e espaços do contexto continental pan-americano, em especial, nas áreas da historiologia gentílica ameríndia (incluindo os grupos tribais multiénicos do extremo ocidente amazônico - las cuencas amazonicas peruvianas y equatorianas - e da militância em bases da Mesoamérica, do Canadá e, também, dentre Índios, Caboclos, Quilombolas e moradores ribeirinhos amazônicos urbano-rurais, e além da Amazônia, igualmente, do Nordeste, Centroeste, Sudeste, Sudoeste e Sul. Aproveitem este Fórum Livre, vamos compartir!... que está em síntese publicado em nosso PPDH-Portal Público Digital Hexáfono (em Seis Idiomas: -- Português, Inglês USA, Espanhol internacional, Francês, Holandês e Alemão -- www.ongcampa.com – a contemplar igualmente as Repúblicas Amazônicas da Guyanna, do Suriname e Guyanna Française.
Beijos afetuosos e fraternais... – PL.
Poema Épico Memorial.
UM SIMPLES JOVEM SENESCENTE!!!... SETUAGENÁRIO...

Sapiente pelas experiências enriquecidas,
Ou inteligente pelo tempo de vivência.
U'a certeza "jovens-idosos" idéias nutridas.
Juventude e velhice não dependem de idade.
O Moço e o Idoso são passivos a decrépitos.
Vi Meninos/Rapazes caducos antes da maturidade!...
E vi Senescentes como eu jóvens circunspetos.
Mesmo alguns “Idosos” vi cheios de virilidade.
ENFOQUES DO MEU PERFIL, MINHAS MEMÓRIAS...
I-
Perpetro este Auto-Retrato lítero-fiel de Pórtico,
Alumiado pelos chispares de apurada Fé Viril,
Urdida à Luz de atilado pensamento agnóstico,
Lembrando meus 75 anos, hirto, jovial, varonil...
Orientado na Ode Memorial deste inicial Acróstico.

II-
Lampejos sincréticos deste rapaz livre e eclético,
U m setuagenário libertário, gentil, de alma jovial.
Cosmopolita, Cyberativista, pensador estratégico,
Escritor e ensaista marxista insurgente, atual,
Nato-Gentílico, ambientalista, humanista, patético,
Anímico, Filosófico, libertário, dialético, espiritual...
III-
Sou autodidata Cosmopolita, forjado em tácita Escol,
Capacitado por meu idolatrado Pai gênio Marxista
Um negro Guyannês-Makuxi de Rapôsa-Serra-do-Sol
Com visão Holísta, contrito Militante Agnosticista,
Místico Jesuítico Antieclesial, Crente de verdade
Na Trindade Crístianista, mesmo sendo Comunista.
IV-
Meu Pai incutiu-me o Signo do Agnosticista
Forjado em função da filosófica Realidade
Axiomática de acurado discernimento Teista,
De que DEUS seja a Hiper-Suprema Potestade
Nunca Jamais assimilado pela Id Humanista
A Seus Dons Impalpáveis de Pai da Humanidade.
V-
Minha Prece é poderosa Peroração agnosticista,
DEUS a iluminar minha Teísta Comunicação.
Sou atilado político socialista não partidarista,
Política como Ciência Social Maestra da Libertação,
fator holístico ativo e cosmopolita filo-libertista,
Sou Livre e sem fronteiras, em continuada Atuação

VI-
Anti-Bandeiras, e sempre disponível Revolucionário,
Contraponto ao tino anacrônico de Pátria e Nação,
Contra o chulo e fajuto nacionalismo, mui otário,
Bitolado. Capitalismo Burguês arma de Bufão.
Vetora ética a Política é hegemônica e eficaz
Ferramenta ideológica... Recurso de Libertação.
VII-
De sócio-cristão à Teologia da Libertação. Libertário,
Avançado ideário União Cristo & Marx (L.Boff), ético
Ideal humanístico, insurgente, candente e societário,
Leão XIII & Teillard de Chardin, dissuasivo, dialético.
Cardeal Dom Helder Câmara meu Padrinho de Ideário
VIII-
E seu Luminário Partido Político “Ação Popular”,
por Ele Atribuído à Guerrilha Urbana, a fundo
Lançada contra a vil e sanguinária Ditadura Militar
(barbárica e anacrônica) dos “Anos de Chumbo” -
Em que optei às Armas em ação paramilitar.
Hoje Anistiado Político, salvo do rebojo furibundo.
IX-
Creio nos excepcionais Milagres lítero Teológicos
do Absoluto e Hiper-Supremo CRIADOR UNIVERSAL,
E suas enigmáticas hegemonias fenomenológicas
De prefixos OMNI, da Fé Misteriosa, Transcendental
À nossa Peroração Trina de Criaturas Agnósticas,
Crentes que suplicamos livramento ao nosso Mal.
X-
O Senhor Absoluto dos Celestiais e Teológicos
Mistérios cosmogônicos que desafiam o teor Global
Como são os filosóficos Enigmas ONTOLÓGICOS
e TELEOLÓGICOS do Vivente, da aromática Flor
Ao rapino Condor misteriosos fatores cosmológicos
Da Diversidade Bio, do Sol fogoso, abrasador...
XI-
A penetrar ereto nas genitálias férteis inter-trópicas
Da Mãe-Terra, com fragor! na Telúrica Maternidade
dos “Sítios RAMSAR”* gerando Cadeias Tróficas
- Faunas e Floras da hiper-Ecosferidade,
Elo da Cadeia Alimentar hélio-hidro-fitoecológica,
Vale enfatizar, suporte alimentar da Biodiversidade.
P.S.: - *"Sítio RAMSAR": - Nicho ecológico mercê do Sol-à-pino equatorial termógeno-cosmo-telúrico, fenômeno cósmogônico tipo Fotossíntese, no contato copular dos Raios Solares com os Pântanos de RAMSAR, a gerar alimento orgânico e Vidas em Cadeia Trófica - origem da Biosfera Terrestre.

“ RAMSAR” é uma Cidade paradisíaca tropical Iraniana onde ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Zonas Úmidas - Fev/1971 - que consagrou os Nichos Ecológicos Intertropicais ou Sítios Úmidos e Encharcados (pantanais) convencionalmente chamados de “Sítios RAMSAR” (Fontes da Vida Biosférica) geradores das fenomenais Cadeias Tróficas bio-fito-zoo-ecológicas que suprem a Eco-biosfera Global da Natureza do Planeta Terra.


Demanda de Justiça – meu Processo Forense.

Volto eu sob a proteção sacerdotal, altruística e orientadora de um Anjo-de-Guarda-Patrono jurídico forense, ativista social marxista, isto é, para mim científica e ideologicamente confiável, competente, bondoso e dedicado, guia fiel e curador capacitado à minha Instância de Direito, perante a Magistratura Maior, contrito que sou de que cada Pretor de Promoção da Justiça, da Instância Superior do Brasil, e/ou cada Ministro-Juiz de Ofício da Côrte Suprema, e agora os Magistrados da 1ª Vara Federal de Belém-PA, da minha Pátria, que atuam conclusivamente no meu Processo, são um Homem honrado, puro, imparcial, justo, intimorato, severo, patriota, indomável... na respectiva Missão Expressa e Vetorial de Gestor do Processo, e Judicante-Tutelar Consagrado, Soberano Paternal dos Injustiçados e Julgador Douto, multiculto, independente, austero e implacável aos Opressores cruéis e sanguinários, e seus Títeres que violaram meus direitos civis e políticos, e seus Sucessores no Poder Político atual, desgraçadamente, que continuam negando, de forma mesquinha, miserável, impertinente, desrespeitosa, avarenta e atentatória às minhas prerrogativas legais de idade setuagenária, e à minha polimorbidez crônico-degenerativa contraída durante as batalhas libertárias de que participei, que culminaram com a Conquista Histórica das Diretas Já, da Democracia Plena e do Estado de Direito, pelos quais, coletivamente arregimentado, na insurgência consciente e engajada, e de arma em punho, lutei e exauri minhas forças físicas, trunfos todavia que, infelizmente, postos no papel constitucional no entanto, de fato, vêem sendo maldosamente negados e cerceados pelos Executivos públicos coetâneos de Plantão na República, e a relativa migalha passiva que me fora paga por eles mediante a restritiva e discricionária Lei Figueiredo, em sua razão de Ordem Constitucional, de Mandado em Portaria Executiva (Ordem de Pagamento) Complementar do Ministério da Justiça (Vide em Anexo) pagaram-me no entanto de forma trambiqueira, avara, leonina... em mirrados 40% do valor histórico retido dos meus salários, ato iníquo, incorreto e miserável (surrupiando-me inclusive meu direito legítimo da correção monetária) sobre a moratória de dezenove anos desde a data da minha demissão sumária e injusta em 1964. E agora, com este Processo, à Luz do Art. 8º do ADCT (CF/88) prenunciam-se-me a correção da iniquidade, e a deliberação constitucional justa e legal (dos meus Direitos Pecuniários de Reparação) quanto às minhas prerrogativas constitucionais de Credor Passivo de contas líquidas e certas, vale enfatizar, passadas em julgado pelo Congresso Nacional Constituinte (ADCT Art. 8º), pela Segunda Câmara de Anistiados Políticos do Ministério da Justiça (vide Processos pertinentes em Anexos), à antecipação legal à vista dos compensatórios financeiros legítimos, a mim devidos, em razão dos Males Mórbidos de Lei, atestados devidamente pela Junta Médica Federal nomeada e operacionalizada pelo Ministério da Fazenda (Superintendência Regional em Belem-PA) – Vide Atestados Médicos Oficiais em Anexos do Processo alusivo apenso a estas Anotações.

Ademais, embora finalmente anistiado por uma Lei Federal e dois Atos Constitucionais - 1959: Lei Figueiredo de Anistia (restritiva aos egressos dos “Anos de Chumbo” e favoritista aos agentes da repressão castrense da Ditadura); 1985: Emenda Constitucional Nº 26 (que imprimiu ligeira ampliação à Anistia da Lei Figueiredo); e 1988: Carta Magna Brasileira em seu Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT Art. 8º (maior ampliação aos preceitos anteriores de Anistia e Correção Monetária à luz da Taxa SELIC) - que fundamentam, respectivamente, os meus hoje consagrados Direitos de Anistia e Reparação Pecuniária ainda não plenamente cumpridos pelo Estado devedor e inadimplente cruel e premeditado cujos Mandatários, sorrateiramente, assumem a postura política odienta e retaliativa dos Repressores castrenses do passado ditatorial e, por isto, estão sendo objetos constitucionais da minha merecida Instância Forense vindicativa, no presente Pleito à Suprema Côrte, incluindo Causa de Perdas e Danos além das cobranças de plena Reparação e Ajuste Moratório de valores retidos e procrastinados irresponsavelmente pelo Militarismo Subversivo e Terrorista, recaindo assim a responsabilidade Civil às Contas da União Federal através do Tesouro Nacional que será inexoravelmente condenado a pagar o que me é legitimamente devido.

Os “graves dolos” acusativos de “subversão política” e rebelião armada contra o militarismo instalado então, em que fora eu eventualmente flagrado e sumariamente apenado pelos donos absolutistas do Poder (sem acusação judicial formalizada) com o arbítrio discricionário da Ditadura, de quatro prisões consecutivas, com suplícios e vexames, aos quais Graças a Deus e à ajuda oportuna e providencial de Amigos Fraternos, me conseguira, em legítima defesa, delas abrir em fuga, evadindo-me para além-fronteira, ao Exílio forçado, pelos mesmos caminho e destino das vezes anterormente praticadas (vide alusões episódicas neste texto), constrangimentos ilegais, vale dizer, além das torturas físicas e psicológicas, incluindo a perda arbitrária do meu emprego profissional então consolidado por concurso público na Petrobrás, com a demissão injusta, e a irrevogável extinção abrupta da minha renda mensal, e o cerceamento da cidadania e do meu direito humano à remuneração trabalhista, por mais de duas décadas, com meu nome e fotografia injuriosamente divulgados pelos Órgãos de Informação e pelas Polícias políticas do Regime, como “bandido e infrator” ao “Status” da Ditadura... Foram os Danos Ético, Moral e Material maiores que sofri, ainda hoje passivos de reparação justa, que motivaram minha execração pública mesmo depois do meu retorno à Pátria, após os dez anos de cassação dos meus Direitos Civis (expirados em princípio de 1975); vale dizer, em detrimento doméstico da minha condição, à época, de arrimo de família (Mãe viúva e pobre/carente, e nove irmãos(ãs) menores de 16 anos); e o meu banimento da Pátria impelindo-me, à primeira fuga (do cárcere da 5ª Cia. de Guardas do Exército em Belém-PA), a sofrimentos e esforços cruciais para superar barreiras e obstáculos intra e extra-fronteiras da evasão, em legítima defesa da integridade física e da vida, escapando-me da morte mandada; o exílio forçado como refugiado político na Cidade do Panamá, sob a Proteção da ONU, do Alto Comissariado das Nações Unidas Para Refugiados na Ciudad del Panamá, através do Posto Avançado para Refugiados na Ciudad Bolívar-VEN, Estado (Panamá) em que permaneci exilado “pro forma” por mais de 18 anos incluindo tempos de diversas incursões ilegais, de volta, aos subterrâneos clandestinos deflagrados do Brasil (“Anos de Chumbo!!!”), de meu próprio alvitre auto-consciente e épico, inserindo-me nas guerrilhas urbanas e rurais de PE, Oeste da BA, urbanas do RJ, SP, MG... e rurais do Sul do PA (como correspondente internacional de imprensa clandestino, de diversos Países Socialistas incluindo Cuba, Nações congregadas da URSS e China... todos estes fatos da minha vida pregressa, na marginalidade social e política compulsória, lançado ao banimento sumário que fora eu pelos déspotas antropóides castrenses da Ditadura Militar (os “Gorilas filo-yankees de 64” que assumiram então o Poder da República, e montaram o regime político bandido e subversivo, opressor, sanguinário, intolerante e apátrida que me impeliu à insurgência, suscitou-me danos profundos e então irreparáveis à minha cidadania e à minha trajetória de dignidades humanas como Cidadão honrado e como Pessoa do Bem (claro que por minhas próprias vontade e opção de culpa e riscos de opinião, pensamento, ação e postura política subjetiva individual), todavia tendo como origem ideológica o sentido do amor à Pátria, a preocupação com o destino do meu Povo e do meu País, e os sentimentos políticos da solidariedade, da igualdade humana, do fraternalismo social, do pluralismo democrático, da Paz Universal... objetos dos ensinamentos pedagógicos, políticos e comportamentais que me foram transmitidos, fundamentalmente, na minha infância e adolescência, pelo meu indelével e sapiente Genitor biológico de codinome-de-guerra Anastácio (Heráclito de Araújo Rodrigues) - vide referência memorial abaixo neste texto.

Das minhas origens.

Vim ao mundo em numerosa prole (4F+6M=10 de uma só barriga) de dez crianças paridas em pouco mais de uma década, quase um nascituro a cada doze meses, entre os Anos 36 e 48 do Século XX - Léa*1936, Francisco Paulo*1937 (Eu), Otaviano Augusto*1939, Washington*1941, Elizabeth*1942, Olívia Diana*1944, Newton*1945, Douglas*1946 (falecido em acidente), Astréa*1948 e Emerson*1951 - vale dizer, no período político conturbado e simultâneo respectivo da Segunda Guerra Mundial e da Ditadura Vargas (“Estado Novo”).

Hoje com 76 anos, fui eu o segundo a nascer (1937), de um casal de camponeses pobres da Zona Agrícola Tabaqueira primitiva do vale serrano do Murupu-Boqueirão-Serra da Moça, a 60Km a Noroeste da cidadezinha de Boa-Vista localizada à margem direita do Rio Branco (afluente do Rio Negro que é o maior tributário do Amazonas-Solimões). Estendida desde a foz do Rio Cauã-Mé abaixo (margem direita o Rio Branco), Boa-Vista está a 800Km ao Norte de Manaus-AM e era então séde do antigo Município de Rio-Branco-AM, depois Território Federal do Rio Branco, mais tarde renomeado como Território Federal de Roraima e, por último (1972), promovido a Estado de Roraima (RR) do qual Boa-vista é hoje a Capital.

Roraima faz fronteiras internacionais com a RBV-República Bolivariano da Venezuela (divisores W, NW e N), e com as repúblicas da Guyanna (E), do Suriname (SE) e com a Guyanna Francesa (SE) as três na orla atlântica ocidental do Mar do Caribe, e tem fronteiras intranacionais com os Estados do Pará (SE) e do Amazonas (Flancos Meridional e Ocidental) incluindo o Vale do Rio Negro até seu afluente o Canal Cassiquiary (W) defluente do Orinoco no Estado del Amazonas venenezuelano, e afluente do Rio Negro este o segundo maior afluente do Amazonas depois do Xingu.


De um fenômeno curioso, inusitado e singular no Planeta.

Uma curiosidade planetária excepcional (!...): – o defluente internacional-amazônico Cassiquiary. Inusitado Acidente Hidro-flúvio-geológico que decorre de um inédito fenômeno telúrico isolado e único no Planeta, em que num determinado ponto do platô da Serra do Parima por onde trajeta o talvegue principal do Alto Orinoco, às proximidades de suas cabeceiras no sopé do Pico Imery (ou Pico da Neblina), corrente no sentido S/N, desde o supra citado maciço que é o mais alto relevo montanhoso do Brasil com mais de 3 mil metros de altitude vertical, de súbito, à influência da gravidade, num ponto pétreo da borda esquerda do leito no Altiplano Parima, uma grande falha rochosa ciliar depressiva do estuário, dá vazão a um gigantesco e eclosivo defluxo hídrico!... E um super-denso e volumoso caldal, mercê da Lei da gravidade terrestre, precipita-se encosta abaixo, drenando águas em profusão, numa ruidosa e velocíssima corredeira que, já lá embaixo á planície ondulada, no que alcançam as vistas do observador, vai alimentar um caldaloso e enorme curso fluvial encachoeirado denominado Canal do Cassiquiary (nome que no Idioma Yanomami a Etnia Local significa “o soberano dos rios encachoeirados), a vasculhar a Planície Amazônica Venezuelana a Oeste da Cordilheira do Parima e, após uma curva de quase 180 Graus, o leito caldaloso passa a descrever um sinuoso trajeto retroativo, de cerca de 300Km de extensão planiciária, ao rumo S, cortando as florestas intertropicais úmidas meridionais da Amazônia Venezuelana, ao Extremo Leste da Colômbia. E desemboca potente, denso, veloz e volumoso, acima da Cidade de São Gabriel da Cachoeira-AM, à margem esquerda do Alto Rio Negro um dos maiores afluentes do Grande Amazonas-Solimões em cuja Foz (do Rio Negro) se encontra a Metrópole Manaus-AM. Conclui-se que o Cassiquiary é defluente do Orinoco (RBV) e afluente do Rio Negro (AM-BR), vale enfatizar, é um fenômeno hidro-geológico único, jamais visto em todo o Mundo, em que uma enorme Bacia Fluvial (a do Orinoco-RBV) comunica-se diretamente com outra extraordinária Bacia Hídrica (a do Amazonas-BR) que é a maior do Planeta. A paradisíaca Bacia Intertropical do Cassiquiary e suas exuberantes florestas ciliares, no Estado Venezuelano do Amazonas (RBV), associadas à não menos deslumbrante e riquíssima Bacia do Alto Orinoco, no mesmo Estado Venezuelano, dão guarida a um fascinante projeto socioambiental da RBV, em parceria com o Binômio ambientalista das Nações Unidas UNESCO/MaB (Man and Biosphere – O Homem e a Biosfera), projeto chamado RBAOC (Reserva de la Biosfera del Alto Orinoco y el Cassiquiari) consagrada pela UNESCO-MaB como RBH-Reserva da Biosfera da Humanidade.


Da minha terra de origem.

Em seus aspectos hidro-fito-geoecológicos, a área territorial de Roraima é dotada de duas importantes regiões geodésicas e geopolíticas longitudinais, ao longo da Bacia Fluvial Uraricoera-Rio Branco, cursivas N/S e distintas, riquíssimas em recursos demográficos e antrópicos gentílico-aborígines primitivos e de enorme diversidade hidro-fitoecológica, embora em notórios e lamentáveis processos de degradação ambiental e etno-sóciocultural, em face do secular predomínio colonial anacrônico, espoliativo e colonial avassalador das frentes antrópicas envolventes e obscurantistas chamadas de “civilização cristã-ocidental”), diversidade demográfica de numerosos grupos étnicos silvícolas ameríndios, camponeses de estepe e montanheses semi-nômades (em regime etno-sociocultural orgânico agrupados em aldeias tribais primevas de grupos lingüísticos ultramilenares), sendo eu próprio, com orgulho e convicção atávica e ideológica um descendente em segundo grau de uma das mais importantes e históricas etnias ameríndias da Região (os Makuxi das malocas Rapôsa-Serra-do-Sol). A Zona de Florestas Intertropicais Úmidas ciliares do Baixo Rio Branco-Jauapery-Amã-jary (ecossistema amazônico florestal típico) constitui a metade Meridional de Roraima, ao Norte de Manaus-AM, compreendida pela Bacia Tributária esquerda do Rio Negro afluente maior do Amazonas-Solimões; e, à outra metade, o Alto Roraima, ou Roraima Boreal, (ao Norte de Boa-Vista) é caracterizada não só pelos chamados Campos Gerais, permeados de áreas Onduladas de pequenas montanhas, estepes e vales de grama, ilhotas-de-buritizal (nichos ecológicos, verdadeiros oazes paradisíacos tropicais no meio semi-árido do lavrado. Serrados, capinzal e grama de pradaria (os “Lavrados naturais” onde vivem livres e pastam escabreados...

(- Vide Páginas a seguir...) -
...os fascinantes, exóticos, rústicos e belíssimos “Cavalos Selvagens de Roraima”) ...

Vasculhados pela Bacia do complexo fluvial Rio-Branco-Cauã-Mé-Uraricoera-Tacutu-Maú, e seus Tributários e sub-tributários, de nascentes hidro-alimentadas desde os contrafortes orográficos da borda fronteiriça constituída pelos Sistemas Parima-Imeri e Guyanno de Montanhas, isto é, pelas Cordilheiras divisórias de água SW / W / NW / N /NE / E / SE, vale dizer, os maciços Imeri (Neblina)-Parima-Pacaraima - Roraima-Yacuntipu... desde o paradisíaco Vale amazônico-venezuelano do Cassiquiary - Alto Orinoco, onde se localiza a já mencionada RBAOC-Reserva de la Biosfera del Alto Orinoco y el Cassiquiary, da RBV. Daí, em segmento orográfico linear divisório até a fronteira tríplice Brasil-Guyanna-Suriname, onde está o início da Cordilheira Tumucumac que se compreende como o marco tríplice linear Setentrional do Brasil com o Suriname e a Guyanna Francesa, em atalaia federal compartilhada com os Estados brasileiros do Amazonas, Pará e Amapá.


<< PROPOSTA AMBIENTAL>>
SPPCASERR
SALVAR, PROTEGER E PRESERVAR OS CAVALOS SELVAGENS DE RORAIMA
Fonte: Roraima Adventure (Texto Original e Fotos): -- http://www.roraima-brasil.com.br/pt/pacotes/roteiros_de_roraima/032/cavalos_selvagens_de_roraima.html
- Texto adaptado e reeditado por Paulo Lucena (etnólogo-indigenista) da OnG Caampa em 29/05/2012: – www.ongcampa.com.
Objetivo.
Temos a intenção programática de organizar viagens coletivas com possibilidades de contemplar os animais no campo. Não serão roteiros turisticos regulares com fins econômicos, mas experiências socioambientalistas eventuais de aventura e contemplação bucólica e preservacionista, para turismo laico e/ou investigatório-científico que poderão resultar em encontros luxuriantes e visões ambientais de encher os olhos e aguçar as perspectivas socioambientais de ação protetora dos(as) ambientalistas Mulheres e Homens de Boa-Vontade.
A Ong ambientalista pan-americana CAAMPA-Cooperação Antrópica Associativo- Ambiental Panamazônica, enquanto OSCIP-Organização da Sociedade Civil de Interesse Público brasileira, defende esta Proposta Científica e Programática, a ser desencadeada brevemente (Exercício 2013), no sentido de agir sutilmente na sistemática e específica Proteção, Preservação e Conservação ambiental e ecológica dos Cavalos Selvagens de Roraima no seu habitat natural, em futuros Programas de Parceria e Cooperação fraternal com Pessoas, Entidades Sociais e/ou OGN-Órgãos Governamentais Nacionais que já estejam presentes e atuantes no Setor e no Subjeto Bio-Ecológico dos Cavalos Selvagens de Roraima, assegurando ações sutilmente isentas de interferência antrópica que possam desvirtuar a natureza e a íntegridade primitiva e genética da espécie preexistente que, lamentavelmente, remanesce em franco processo de degradação e extinção em perspectivas previsíveis. Como expresso no contexto da Proposta, nosso objetivo estratégico essencial é Salvar Proteger e Preservar os Cavalos Selvagens de Roraima.
Foto: Jucá

Cavalos Selvagens de Roraima
Foto: André

Cavalos Selvagens de Roraima trotando em deslocamento ambiental no Lavrado Uiramutã.
O cavalo lavradeiro de Roraima, também chamado de cavalo selvagem, é um dos principais símbolos do Estado de Roraima e, por isso, normalmente é visto estampados em camisetas, ônibus e em outros espaços de souvenir, objetos e locais que representem a região. Além disso, esse animal vem sofrendo, durante séculos, adaptação biológico-ambiental às condições rústicas do lavrado, que o tornaram bastante resistentes. Uma das características que mais desperta o interesse das pesquisas é o incrível desempenho físico do cavalo lavradeiro, capaz de percorrer grandes distâncias em alta velocidade, alimentando-se apenas do capim do lavrado que, por sua baixa qualidade nutricional, é conhecido popularmente como FURA-BUCHO.
Foto: J. Pavani

Cavalos Selvagens de Roraima em galope de fuga a 60 KPH
Foto: J. Pavani

... correndo no lavrado
O Cavalo Lavradeiro é um ótimo exemplo da ação da natureza que, ao longo dos séculos, foi eliminando os genes desfavoráveis, fazendo com que apenas os animais mais robustos, fortes e adaptados sobrevivessem.
Esses fatores evolutvos levaram esses cavalos a apresentar características bastante peculiares: são animais pequenos (1,40 m), com alto índice de fertilidade, muito velozes (podem correr por 30 minutos a 60 Km/h), resistentes ao trabalho árduo e tolerantes a doenças e parasitas. Considerado um animal esperto, de porte elegante, o cavalo selvagem de Roraima tem olhos grandes, pernas fortes e flexíveis. É ótimo tanto para trotar quanto para galopar.
Os cavalos selvagens de Roraima vivem totalmente em liberdade. Alguns deles nascem e morrem sem terem tido nenhum contato com o homem. Costumam andar em bandos de apenas um macho adulto, um macho jóvem primogênito aprendiz e cerca de oito a dez fêmeas.
Foto: J. Pavani

cavalos Selvagens de Roraima em pleno galope migratório no Lavrado Boreal
Foto: J. Pavani

Bando galopando no Lavrado
Este exótico símbolo de liberdade habita as planícies campineiras de Roraima, por aqui chamadas de lavrado. Chegaram ao Brasil pelo início do Século XVI (1718), trazidos pelos colonizadores portugueses, secundados por fazendeiros Ibéricos. O cruzamento com outras raças da Região tem contribuído para a sua descaracterização racial primeva. A origem das numerosas manadas hoje selvagens foi a dispersão a partir das diversas fazendas que aqui se instalaram a partir da Colonização portuguesa e ibérica os pioneiros do desbravamento de Roraima. Naqueles tempos considerado como Província do Rio Branco, e depois já ao Século XIX, como Município do Rio Branco-AM, e por último aos meados do Século XX Território Federal do Rio Branco e, finalmente, em 1972, elevado à categoria de Estado de Roraima.
Conta a história ancestral que, até finais do Século XIX, mais de dois mil cavalos selvagens habitavam a zona boreal da antiga Província do Rio Branco-AM, até seu estágio de Município do Rio Branco-AM no início d Século XX, hoje desde 1972 Estado de Roraima. Fustigados, assediados e agredidos por Fazendeiros, que os capturavam para adestramento e utilização, hoje, esse número talvez não chegue a 200 indivíduos equinos campestres remanescentes.
Atualmente, os raros animais localizam-se, em diversas manadas de 8 a 12 cabeças a perambular principalmente na região de lavrado, nos Municípios Roraimenses de Amã-jari(SW), Uiramutã(W/NW), Normandia(N) e Pacaraima(N). Cada manada de 8 a 12 cabeças constitui-se na maioria de Éguas parideiras sob o domínio absoluto de um Garanhão secundado por um segundo Macho, jovem, o Primogênito, permitido na manada como aspirante a futuro Garanhão do Grupo após a morte senil de seu Pai líder da manada. Todos os outros machos que venham a nascer são abruptamente expulsos pelo Garanhão tão logo alcancem os limites da puberdade. E permanecem soltos e solitários nos campos à espera de alguma manada de que porventura o garanhão tenha morrido senil, e assim, o Macho livre empreenderá uma disputa violenta com o herdeiro novo Titular do Grupo de fêmeas órfãs-viúvas.
Por viverem em regiões de difícil acesso, muitos deles nascem, crescem e morrem sem ter contato com o ser humano, formando assim várias gerações livres do adestramento. Dizem os especialistas que os cavalos de Roraima não têm a elegância de raças nobres, como os mangas-largas marchadores ou os puros-sangues ingleses, mas ganham em galopagem e em resistência física. Durante a seca, percorrem grandes distâncias, fugindo das queimadas, e na busca de água para sobreviver e, na época das chuvas, ficam até quatro meses com as patas imersas dentro d’água. A raça ficou até conhecida como “pé duro”, pela resistência de seus cascos.
Foto: Jorge Macedo

Cavalos Selvagens de Roraima pastando no campo do lavrado 1
Foto: Jorge Macedo

... Pastando no campo do lavrado 2

Da minha educação infanto-juvenil e formação auto-didática revolucionária; Da morte do meu Pai e Preceptor Político-Ideológico; Do meu adestramento informal como operador aeronáutico; Do meu ingresso na FAB-Força Aérea Brasileira em 1952, e engajamentos como Cabo e Sargento Radiotelegrafista VE-Voluntário Especial; e da minha admissão por concurso público na Petrobrás como Radiotelegrafista, em 1957.

Minha Mãe Adalgisa Lucena (*1909, †1998), filha de imigrantes paraibanos chegados à Região no início do Século XX e engajados à produção rural familiar de Boqueirão-Serra da Moça-Truaru, onde fixaram domicílio, foi uma jovem que deixou marca memorial eminente e romântica na história temporânea de Boqueirão-Serra da Moça e do Vale Anzol-Truaru, não só por sua reconhecida e exuberante formosura e caráter ímpares, que se fazia cobiçadíssima pela rapaziada regional e, depois, ao avançar na idade, como ativista comunitária, ao lado de seu amado Companheiro o camponês (de origens guyannesa-indu e ameríndia local) o negro-cafuso marxista e notável militante social Heráclito “Anastácio” de Araújo Rodrigues (meu Pai), que dedicou sua vida inteira à assistência social popular e à saúde pública em favor dos mais humildes do campo, uma dupla que, reconhecida pela Governadoria do Território Federal, fora então admitida e capacitada a prestar serviços de assistência social e sanitária às Comunidades Rurais, sob os auspícios orçamentários da Administração Pública Federal (do então Ministério do Interior e Justiça que administrava o Território) e o apoio e orientação direta do Órgão Governamental pertinente a DSP-Divisão de Saúde Pública hoje SESAP-RR-Secretaria de Estado da Saúde Pública.

Meu Pai Anastácio (*1900, †1951), tinha pele negra e cabelos lisos, de origem mestiça anglo-indiana, de Pai (meu Avô) indu-anglo-guyannês (da Antiga Guyanna Inglesa hoje República Popular da Guyanna), e Mãe (minha Avó paterna) indígena pura das malocas Rapôsa-Serra-do Sol, como já dito acima, da conhecida e histórica etnia aborígine Makuxi.

Meu inesquecível e venerado Pai Anastácio (!!!...) foi um dedicado e permanente preceptor educacional e mestre autodidata da minha formação sociocultural básica e extensiva. Transmitia-me quase que diuturnamente ensinamentos intensivos que depois me fizeram tambem enveredar pelos caminhos multiculturais da autodidática aplicada. Até parece que ele tinha consciência premonitiva do seu papel dentro do Mundo e de sua relativa exigüidade de tempo-espaço vital no Planeta e, assim, imprimia constância permanente e intensividade extraordinária em sua excelente e irrenunciável ação pedagógica informal sobre mim seu primogênito. E foi tão forte e sobretudo eficaz o seu desempenho “programático” doméstico de ensinamentos para mim, até meus 14 anos que, efetivamente, então, e depois de sua morte prematura, em 1951, aos 51 anos de idade, que seus ensinamentos fizeram-me prescindir totalmente de frequentar escolas tradicionais, desde a alfabetização (ainda com ele em vida) às noções básicas da cultura e da educação fundamental, com ele já falecido, na minha juventude avançada, até aos ensinos complementares de segundo e terceiro graus, minhas percepções passaram a ser de que meus conhecimentos, adquiridos pela autodidática por ele induzida, e pelas pesquisas literais e práticas cognitivas por ele incutidas, tudo desencadeou em mim a nítida sensação de que, para minha consciência e discernimento, tornaram-me desnecessários os cursos escolares formais primário e secundário, e até os subsequentes ensinos acadêmicos, os aprendizados ditos “superiores”... Em outras palavras, para mim, em termos de aprendizado e aquisição do saber, tem sido muito fácil. Pelas vias da autodidática e das práticas cognitivas literais, o acesso ao conhecimento, à capacitação científica, ao saber filosófico e aos domínios tecnológicos. E não tenho nenhuma frustração por haver sido eu induzido a dispensar as próprias possibilidades de acesso à Escola e à Academia formais e comuns a todos os adolescentes, jovens e adultos da minha geração. Vale enfatizar, o aprendizado pedagógico-doméstico básico e sistemático que me foi ministrado intensivamente em Casa por meu Pai Anastácio, até meus 14 anos, e os fundamentos dialéticos, sociais e filosóficos que ele me incutiu induzindo-me ao ativismo político marxista e socioambiental sustentável, foram tão eficazes, suficientes e completos que até hoje vejo-me eu com aquelas condições ideológicas consolidadas e refletidas nos fundamentos teóricos, em função do meu engajamento sociopolítico-ideológico-insurgente, que expressei eu na parte introdutória deste Depoimento endereçado às Autoridades Judicantes da Suprema Côrte, sobre esta minha Instância Processual Vindicatória. Vale repetir, fi-lo com a modéstia do estóico, a convicção do fundamentalista no bom sentido da acrisolada consciência holística, e a fidelidade e transparência do combatente rebelde, enfermo-mórbido quase terminal, pressentindo o fim da existência mas consciente, sóbrio, perfilado, satisfeito, com os meus deveres cumpridos...

Anastácio, enquanto ativista camponês comunista, exerceu extraordinária influência ideológica sobre minhas perspectivas políticas e de postura social como Homem e como Cidadão do Mundo (Cosmopolita), vale dizer, a ter uma consciência consolidada da minha posição dentro do Mundo, em especial sobre três aspectos essenciais e intrínsecos da Humanidade em sua relação com o Planeta (aspectos antrópicos): 1) a vida compartilhada, igualitária e pluralista em sociedade; 2) o meio ambiente entendido na biosfera terrestre como abrigo e cadeia alimentar do Planeta; e 3) a necessidade básica de cada membro da Comunidade Humana em assumir o seu papel de responsabilidade social e sustentabilidade socioambiental.

Era ele um Cidadão altamente ilustrado, de modos, aparência e postura carismática, exótica, delicada e multiculta, mentalidade cosmopolita e internacionalista (não admitia ontem, como eu hoje, fronteiras geopolíticas e limites de Bandeira ou de Pátria, e pregava a fraternidade Mundial entre os povos e a Paz Universal). Profundamente versado em história da humanidade, da cultura, das Ciências, da Música e das Tecnologias (até hoje sou amante fanático de música erudita barrôca, chamberista, e clássicas universais em geral, em memória atávica a Anastácio, a meu Tio seu Irmão violinista erudito Tito Rodrigues e às minhas virtuosas Tias suas irmãs pianistas clássicas Zuca e Ziloca, todos falecidos pela extrema senescência), geografia, literatura, poesia, filosofia, ciências, antropologia indigenista, política, socialismo... tudo isso missigenado à filosofia de ensinamentos doutrinários e científicos (embasados no conceito marxista dialético de “Meios, Modos e Relações de Produção”) e no Manifesto Comunista de Karl Marx e Frederich Engels, e das experiências históricas da Revolução Russa, de que ele tinha o maior prazer em disseminar e pregar, desde minha época de criança (6 anos) até próximo aos limites da adolescência (14 anos), quando, para nosso maior pranto e melancolia (da numerosa Família Lucena Rodrigues deixada por Anastácio, de 11 Membros: Adalgiza a Jóvem Mãe Viúva, então com 31 anos, e 10 crianças de 2 a 14 anos) ele veio a falecer, em Boa-Vista-RR, de miocardiopatia hipertrófica (“coração de boi”), à época doença incurável e terminal (hoje, por herança genético-patológica, a mesma doença coronariana que me acomete mas, felizmente, tenho-a sob contrôle clínico-terapêutico permanente, Graças a Deus e à dedicação profissional de 4 Médicos especializados de Belém-PA, sob os auspícios da Petrobrás) de par com mais outras quatro doenças crônico-degenerativas não menos graves, conforme a seguir.

Hoje, no meu patamar setuagenário, além da miocardiopatia-hipertrófica, sofro também da respectiva seqüela intrínseca chamada de HS-Hipertensão Sistêmica e da terrorosa ICC-Insuficiência Cardíaca Congestiva doença ainda atualmente considerada como mortífera iminente (terminal) que consiste do permanente congestionamento sanguíneo coronariano-vascular em eventual inflamação (edema) dos Pés e das Pernas, que se avolumam enormes, sob os efeitos emo-inflacionários mórbidos causados pelo baixo desempenho do Coração em suas funções de bombeamento vascular, vale dizer, pelos reflexos de dreno em face da tendência homeo-estática da gravidade, devido ao tênue rendimento pressórico do fluxo e refluxo cardíaco, o volume do líquido sanguíneo do corpo, nas posições corporais erecta ou assentada, drenam-se em maior parte para os membros inferiores, causando graves edemas volumétricos nos pés e nos músculos inferiores de contorno das pernas, urgindo assim à necessidade permanente da prática intensiva diária de repetidas sessões de fisioterapia em posição de decúbito corporal perpendicular (pés acima e cabeça abaixo) como forma eficaz de auxilio gravitacional às funções vasculares do Coração. No meu caso, sofro 5 Sessões fisioterápicas sistemáticas a cada 24 horas, no sentido de manter a normalidade das minhas funções vasculares e uma qualidade de vida razoável nos interstícios entre uma sessão e outra durante as 24 horas.

Em 1946, uma ilustre e magnânima figura Governamental que era amigo fraterno de meus Pais o 1º Sargento da Aeronáutica Militar do Exército Brasileiro Fernando Gama, freqüentador de nossa Casa, convidou-me a visitar o Centro de Contrôle Aéreo do Destacamento de Aeronáutica que ele comandava no Aeroporto da Cidade, no Centro Urbano de Boa-Vista onde se localizavam duas Salas dotadas de aparatos e sistemas de avançada tecnologia para a época, ou seja, a Estação de Proteção ao Vôo com dispositivos de transmissão e recepcção radiofônicas e radiotelegráficas, para contrôle e aproximação de aeronaves e, à outra Sala, o Centro de Meteorologia e Observação do Tempo dotado de diversos aparatos técnicos de controle e aferição sofisticadas. O Sargento Gama, além de Comandante do Destacamento, era o Radiotelegrafista e Meteorologista Aeronáutico, assumindo todas as operações do complexo ali instalado. Tinha eu então nove anos de idade, e Gama dissera a meus Pais que iria dar-me instruções e treinamento técnicos efetivos para que eu pudesse vir a ser um futuro profissional operador da Aeronáutica. E assim aconteceu. Após mostrar-me com entusiasmo e carinho todos os componentes da Unidade, fiquei verdadeiramente fascinado com a inusitada visão da tecnologia e a promissora oferta de aprendizado. 2 anos depois (1948), o então Presidente Eurico Gaspar Dutra (eleito em 1946 após a queda do Estado Novo) decretou a criação do Ministério da Aeronáuica, assim, transformando o Departamento de Aeronáutica Militar do Exército em “Força Aérea Brasleira” (FAB) uma corporação militar que passou a carecer de contingentes de Recursos Humanos para adimplementar seus Quadros profissionais. Infelizmente à época, eu tinha apenas 11 anos e minha idade não me permitia ser admitido. Para minha sorte, e o privilégio da continuidade do aprendizado, o Sargento Gama fora então confirmado como Comandante do Destacamento da recém-criada FAB em Boa-Vista. Era início de 1948 e, assim, eu continuei colaborando com a FAB, tornando-me ainda mais capacitado. 3 anos passaram-se em que, sob o contrôle e o apoio coerentes do meu Pai e Preceptor Educacional Autodidata Anastácio, e a ação efetivamente magnânima do meu Padrinho Sargento Gama, absorvi todo o excepcional processo de capacitação técnica e profissional em radiotelegrafia MORSE e meteorologia aeronáuticas. Aos 14 anos (1951), quando infelizmente Anastácio veio a falecer, o nosso grande amigo Sargento Gama declarou, solenemente por ocasião do Velório, perante minha jóvem Mãe viúva Adalgiza, que se manifestou orgulhosa: “seu filho está preparado profissionalmente para assumir os encargos de operador radidiotelegrafista e controlador aeronáutico”. Em 1952, aos 15 anos, passei a sofrer eu uma cruel depressão e desequilíbrio emocional severo que me levaram inclusive a buscar lenitivos ilusórios na ingestão de álcool e nos antros de prostituição. No auge dos transtornos mental e social, resolvi então empreender uma aventureira fuga para Manaus, embarcando clandestinamente num Comboio Fluvial Boiadeiro de Exportação, cuja viagem durou quase dez dias em razão de problemas de transposição da grande Cachoeira de Caracaraí. Permaneci em Manaus por cerca de duas semanas e dei início a uma nova aventura. Num Navio-Motor de passageiros do SNAPP-Serviço de Navegação da Amazônia e Administração dos Portos do Pará desci o Rio Amazonas Até Belém-PA, onde ainda achava eu que não seria o meu destino sonhado. Meu objetivo era chegar até São Paulo-SP onde sonhava prestar concurso para ser radiotelegrafista profissional da FAB. Em Belém, tive um reencontro inesperado e providencial. Num passeio eventual ao Aeroporto Militar da Base Aérea de Val-de-Cães avistei a figura linda e simpática do meu Padrinho Sargento Fernando Gama, recém-chegado de Boa-Vista, em recesso de férias. Mostrou-se supreso, satisfeito e alegre por encontrar-me e me revelou da aflição de minha Mãe em Boa-Vista que, inclusive segundo ele, fora ela a Manaus na tentativa frustrada de resgatar-me e levar-me de volta. Vi em seus sentimentos paternalistas, quase tutelares, em relação a mim, todavia, que ele estava disposto em ajudar-me à busca do meu grande ideal de vida. Confessei-lhe meu objetivo de ir para São Paulo onde gostaria de prestar concurso para radiotelegrafista da FAB. Isso transcorria ao quinto mês de 1952. Fernando Gama dispôs-se em ajudar-me. Marcamos encontro daí a dois dias em sua residência de Belém. Lá, ele então me revelou que resolvera assumir informalmente a minha tutela perante o CAN-Correio Aéreo Nacional, da FAB, e arranjara uma Passagem Aérea Belém/São Paulo daí a 5 dias. E preparara também uma Carta Aberta de Recomendação a um seu amigo militar da BASP-Base Aérea de São Paulo em Cumbicas-Guarulho-SP para que me recepcionasse, na Capital Paulistana, e desse-me apoio. E através da radiotelefonia ITT ele falara com minha Mãe, dera-lhe boas notícias minhas e pedira a ela que enviasse imediatamente, o que ela fez de pronto, pelo Malote do CAN-Correio Aéreo Nacional da FAB, uma Declaração Pública reconhecida em Cartório expressando que eu não era “Arrimo de Família”, documento indispensável ao meu possível futuro engajamento como Voluntário Especial da FAB. E, de maneira generosa e delicada, ofertou-me uma boa quantia em dinheiro que, segundo ele, daria para eu me sustentar durante um mês em São Paulo. À data marcada, viajei pouco antes do amanhecer, num bimotor C-47, chegando no aeroporto militar da BASP em Cumbicas ao fim da tarde do dia 03/06/1952. Ato contínuo, fui a procura do Sargento Hernani destinatário da Carta do meu Padrinho. Encontrei-o e lhe entreguei a Missiva. Ele leu em silêncio e não demonstrou nenhum sinal de sensibilidade a mim. Seu silêncio foi eloqüente em transparecer com gestos e olhares frios e desconfiados de que eu não seria bem-vindo a ele, fato que, no entanto, não me abalou, tão forte era a minha moral objetiva, e até por que eu portava ao bolso dinheiro suficiente para sobreviver e buscar novas perspectivas imediatas de sobrevida naquela Cidade. Orientado por um simpático circunstante no local, tomei um ônibus com destino ao Vale do Anhangabaú onde, segundo o novo amigo, seria fácil encontrar pousada franca e restaurante barato. Na populosa, efevercente mas simples e modesta região do Anhangabaú fixei meu novo domicílio acomodando-me numa caverna debaixo do Viaduto do Chá (Santa Ifigênia), onde papelões de caixa e jornais lidos desidratavam-me as noites e confortavam-me o sono horizontal em decúbitos, tendo o chão-batido como colchão-dormitório. Melhorou o conforto, perante o frio, dois dias depois, com a compra de um manto de frio, e um fofíssimo travesseiro-de-espuma. Adotei tarefas de “flanelinha” como ganha-pão diário, e arranjei fraternos amigos jovens e livres, como eu, na relação com donos de automóveis estacionados, nos páteos e praças contíguas, que guardávamos e cuidávamos numa relação fraterna de grupos às proximidades do Teatro Municipal, do Mapin e do Centro Comercial adjacente. É bom e oportuno ressaltar, como dado sociológico e histórico da época deste enfoque memorial (meados do Século XX) que, no âmbito antrópico-social do Vale do Anhangabaú e adjacências, então, dentre as numerosas crianças e adolescentes abandonadas, desgarradas de família, e carentes que povoavam os espaços e os tempos diuturnos do Anhangabaú, esse efervecente Vale Urbano da Maior Cidade industrial do Planeta, não se percebia como hoje detetamos nós estarrecidos, os altíssimos índices de pessoas delinquentes e infratoras dentre a população infanto-juvenil local. Naqueles tempos a Gente dormia tranquila debaixo dos viadutos, sem contendas, sem prevenções nem sobressaltos. E os transeuntes urbanos, numerosos da área, em seus meio, modo e relação de circunstâncias diárias, circulavam sem medo nem precaução de quaisquer ordens.

Passados 8 meses de morada debaixo do Viaduto, no meu quotidiano de menor carente e semi-abandonado, com domicílio no Vale do Anhangabaú, em fevereiro/1953, uma notícia fantástica e promissora nas páginas dos jornais. A Força Aérea Brasileira abre alistamento militar para jovens, como Voluntários Especiais, com limite de idade mínima de 16 anos. Exultei de animação incontida. Eu naquele ano (1953) houvera completado 16 anos em 5 de janeiro. No dia seguinte, 16/02/53 postei-me numa fila quilométrica em frente o Departamento de Pessoal da BASP em Cumbicas disposto ao Cadastramento. Ao preencher o Formulário, o militar recepcionista admirou-se das informações de que era eu capacitado em radiotelegrafia e meteorologia aeronáuticas, e contrôle de tráfego aéreo. Ao dia seguinte, da triagem para entrevistas, fui logo encaminhado â presença de um Capitão Aviador responsável pela triagem de voluntários profissionais, o qual após um diálogo intenso em que ele me testava conhecimentos técnicos e profissionais de radiotelegrafia e meteorologia aeronáuticas e de contrôle aéreo em aeroportos, o Capitão Bayard mostrou-se admirado e satisfeito, e disse-me que, mediante um teste prático de aptidão, eu seria imediatamente matriculado na Escola Regimental da Base para um estágio preparatório do qual em três meses eu poderia ser graduado como CB-QRT-AU-VE (Cabo do Quadro de Radiotelegrafistas Auxiliares – Voluntários Especiais), e em seguida, segundo o Capitão, uma vez promovido a Cabo, eu poderia ser transferido para um Estágio de Tecnologia na EEAer-Gua-Escola de Especialistas da Aeronáutica em Guaratinguetá-SP, onde em seis (6) meses eu poderia ser graduado como 3S QRT-TE/VE (3º Sargento do Quadro de Radiotelegrafistas de Terra – Voluntário Especial) para um engajamento contratual de 3 Anos com direito de reengajar por mais um período. À semana seguinte, lá estava eu, após a matrícula, em pleno estágio técnico na ER/BASP-Escola Regimental da Base Aérea de São Paulo, onde após 3 meses fui eu promovido a Cabo QRT-AU-VE, passando então a ser inserido na escala de serviços suplementares do CTA/SPV-BASP-Centro de Telecomunicações Aeronáuticas / Serviço de Proteção ao Vôo da Base Aérea de São Paulo. Tinha eu então 17 anos (Fev/1954). Logo em seguida Mar/54 tive a felicidade de ser encaminhado ao estágio tecnológico profissionalizante da EEAer-Gua-Escola de Especialistas da Aeronáutica, de Guaratinguetá-SP, onde ao cabo de seis (6) Meses, em agosto/54, formei-me e fui promovido a 3S-QRT-TE/VE-Sargento do Quadro de Radiotelegrafistas de Terra / Voluntário Especial. Assim, para minha plena felicidade, ainda aos 17 anos, alcançara eu o ápice das minhas aspirações juvenis alimentadas desde minha migração adolescente quando abandonei o convívio Familiar e minha saudosa Mãezinha Adalgisa Lyra de Lucena. Adalgisa, minha belíssima genitora então com cerca de 34 anos (vide sua Foto aos 40 Anos), era uma jóvem voluntariosa, altiva e persistente, que não desistia da minha procura incessante, preocupada com meus destino e paradeiro. Orientada pelo meu Velho amigo e Protetor sgtº Gama, ela entendeu que eu poderia já estar engajado à Força Aérea. Influenciada pelas informações, ela assim arquitetou um plano de transferência familiar para Belém-PA séde da Primeira Zona Aérea (hoje 1º COMAR-Primeiro Comando Aéreo) e BABE-Base Aérea de Belém, na esperança óbvia de localizar-me. Dito e feito, já com toda a Família os(as) nove Filhos(as) então menores de 16 anos, a inquieta jóvem viúva Adalgisa, de 36 anos, que fora beneficiada com a Pensão Federal de Proventos do meu falecido Pai Anastácio, fez insessantes buscas junto ao QG da Aeronáutica e ao Comando da BABE. Foi quando ela então teve a certeza de que estaria eu, de fato, engajado como Sargento da BASP. Ato contínuo, Adalgisa demandou e arranjou uma passagem aérea pelo CAN-Correio Aéreo Nacional, e num belo dia chegou a São Paulo-SP, e foi procurar-me na BASP onde me encontrou já envergando um garboso Uniforme de 3º Sargento da Eronáutica, para seu incontido orgulho emocional. Confessou-me que, sabedora através do Sgt Gama, das minhas notícias ela então, influenciada, decidira transferir-se (emigrar) com toda a Filharada para Belém onde já estava então residente, na esperança do meu arrimo financeiro. E que estava, assim, decidida em pedir ao Comando da BASP a minha transferência (por permuta) entre a BASP e a BABE. Não tive alternativa nenhuma senão concordar com minha altiva e extremada Mamãezinha. À sua primeira audiência, em minha companhia pessoal, com o Ilustre Brigadeiro do Ar Comandante da BASP, fomos bem recebidos e tivemos sucesso no justo pleito de Dona Adalgisa, pois minha diligente e perspicaz Mamãe houvera antes providenciado em Belém a opção voluntária de um Sargento QRT-TE/VE pronto a ser transferido para a BASP. Sem maiores burocracias fui eu então mobilizado para a viagem definitiva e, em uma semana, já me encontrava com minha Mamãe a bordo de um C-46/Curtiss Comander do CAN numa viagem longa e enfadonha de 7 horas, sem escala, de São Paulo a Belém, onde aportamos às 16h00 do dia 25 de novembro de 1954.

Ao acomodar-me na BABE e alojar-me na minha nova Residência Urbana Familiar da Rua Domingos Marreiros Bairro Umarizal em Belém, tive a notícia no Quartel de que eu seria então lotado na Base Aéro-naval do Amapá, um antigo Bastião brasileiro-estadunidense que servira como Plataforma Bélica aos combates defensivos e ofensivos Costeiros da Segunda Guerra Mundal. Daí mais uns 30 dias lá estava eu mobilizado para a transferência à BANAP-Base Aero-Naval do Amapá, onde aportei no dia 27 de dezembro de 1954. Da minha nova Base de serviços, mensalmente, eu repassava mais de 50% dos meus Proventos de Sargento para minha Mãe como ajuda orçamentária ao custeio doméstico da numerosa família de 6 rapazes e 3 moças.


Da estadia, em Fuga, para a Espanha, do ex-Ditador Juan Domingo Perón, sua Secretária Isabelita, e diversos ex-ministros, todos depostos por Golpe Militar, na Argentina;

Num belo entardecer ensolarado, tempo estável e quente, pelas 16h00 do dia..., em meu posto de plantão como radiotelegrafista operador da BANAP, detectei em meu Receptor um chamado “CW” em “SVH-SVH-SVH...”-“Segurança de Vidas Humanas...” (status de telecomunicação classificado como ‘prioritário/emergencial’ que me obrigava a privilegiar a demanda). Tratava-se da Estação Móvel Aeronáutica Internacional de uma Frota de sete (7) aeronaves militares em formação, de Bandeira Paraguaya, procedente de Assumpción-PY, em escala direta com Plano de Vôo Aleatório conduzindo dezenas de ex-Autoridades Federais Argentinas, compulsoriamente destituídas do Governo Platino, tendo à frente o general Juan Domingo Perón, sua famosa Secretária de Governo Izabelita Perón, e diversas outras personalidades militares e civis, do seu Ministério Autocrático compulsoriamente destituído, apeiados do Poder por um Golpe Político de generais e coronéis subversivos e insurgentes. Todos faziam-se acompanhar de seus respectivos familiares e aderentes domésticos e atávicos, compondo um contingente aproximado de setetenta e cinco (75) pessoas homens e mulheres, e um proporcional índice infanto-juvenil dentre filhos(as) e netos(as) da Comitiva. Com seus respectivos apetrechos e bagagens, lotavam cinco grandes aviões militares, sendo 2 de transporte humano, 2 mixtos de cargas e passageiros, e 1 uma nave incrementada (que liderava a Frota) o próprio Avião Presidencial Argentino então sequestrado no Ato da Fuga, agora conduzindo o General, a Secretária, e os poucos Membros da Elite Militar fiel ao ex-Ditador. A frota era constituída de aeronaves militares especiais da FAA-Força Aérea Argentina incluindo o já mencionado Avião Presidencial, um Cargueiro Pesado Militar e um Transporte mixto de Cargas e Passageiros todos então sequestrados pelo Ditador em sua fuga de Buenos Ayres. E a outra aeronave da Frota em fuga, era um bimotor Douglas C-47 militar paraguayo cedido por empréstimo ao general Perón por seu colega paraguayo o Ditador general Alfredo Stroessner.

Os engenheiros de bordo, conhecedores da existência de uma então recém-abandonada Base Aero-Naval Yanque-Brasileira, que houvera sido grande baluarte bélico Sul-Americano contra os Alemães na Segunda Guerra Mundial, às proximidades do Mar do Caribe no extremo Nordeste do Amapá, encontraram assim uma alternativa extratégica excepcional de escala intermediária para seu longo e complexo vôo em fuga que, de princípio, houvera sido projetado para o Exílio Político em Manágua-Nicaragua, onde Governava a Oligarquia do também Ditador Somosa , tendo Madrid-Espanha, do Ditador Franco, como segunda hipótese. A decisão de descartarem Manágua somente foi tomada por Perón e seu staff quando a Comitiva já se encontrava pousada na Base do Amapá, após uma troca de telegramas de Perón com o general Francisco Franco concedendo-lhe exílio político na Espanha.

Da Campanha Bélica na Revolta de Jacareacanga-PA.

No mês de fevereiro de 1956 aconteceu a Revolta de Jacareacanga. Foi uma rebelião organizada por militares que serviam à Aeronáutica e estavam em desacordo com o então Presidente da República Juscelino Kubitschek. Não havia nem 60 dias que Juscelino houvera tomado posse quando dois graduados da FAB desviaram a rota de um avião bimotor C-35 Beetch-Craft da base aero-militar do Rio de Janeiro para a base de Jacareacanga (Pará), médio Rio Tapajós na mesma Latitude e a Oeste da Base Aérea do Cachimbo. Estava assim iniciado um golpe militar contra o Presidente da República.
Tais militares estavam sob a liderança do major aviador Haroldo Coimbra Veloso e do capitão aviador José Chaves Lameirão. Os Insurgentes tinham ramificações político-ideológicas junto a lideranças militares da Força Aérea notadamente da BABE-Base Aérea de Belém e da Base Aérea Avançada da Serra do Cachimbo localizada, também, na Floresta Amazônica (Pará) ao Leste e próxima de Jacaracanga. Eles iniciaram o golpe partindo do Campo dos Afonsos (RJ) e depois alcançaram a Base Aérea de Jacareacanga, a mais de 2 mil Km, ao Norte no Médio Rio Tapajós, em plena Floresta Amazônica, onde se instalaram e montaram um quartel-general. Apesar da ousadia e audácia do golpe, os organizadores da Revolta de Jacareacanga estavam com medo de uma represália, como a ocorrida quatro meses antes, do então chamado “Movimento 11 de Novembro”, de Forças Rebeldes do Exército fiéis ao general Henrique Teixeira Lott que garantiram a posse democrática do Presidente eleito Juscelino Kubistchek de Oliveira, dia 11 de novembro de 1955, na qual o Movimento insurgente, liderado pelo general Lott, derrubou o então presidente golpista Carlos Luz títere de Forças Político-Partidárias oposicionistas inconformadas com a corrente ideológica, a eleição livre e o anunciado Programa de Governo ostensivamente progressista de Kubtschek eleito em 3 de Outubro e fadado a tomar posse em 1º de Janeiro de 1956 como de fato aconteceu graças à liderança Hegemônica e a Solidariedade de Teixeira Lott.
O governo brasileiro encontrou inúmeras dificuldades para combater a rebelião. Apesar de ter poucos adeptos, a Revolta de Jacareacanga tinha a força da presença em massa dos oficiais da Força aérea. Uma Expedição de Tropa de 2 Grupos de Comando, de 144 Soldados e Oficiais da BABE-Base Aérea de Belém foi montada pelo Comando da 1ª Zona Aérea que requisitou o moderno Navio-Motor “Presidente Vargas”, da autarquia SNAAPP-Serviço de Navegação da Amazônia e Administração dos Portos do Pará, do Ministério da Marinha, sob a supervisão estratégica do Major Engenheiro Aviador Paulo Victor da Silva, o qual acompanhou a expedição via aérea no comando de 3 Aviões “Albatroz” e 2 Helicópteros de Combate, cuja Base de Ação foi assentada no Aeroporto de Santarém-PA (destino inicial da Expedição Fluvial). Do destacamento de Base Aérea do Amapá foram deslocados dois Sargentos Radiotelegrafistas, dentre os quais o autor destas Anotações, para bordo do Navio Expedicionário a compor a Turma de Telecomunicações da Campanha. Em 4 dias a Expedição Fluvial já estava aportada em Santarém, e daí a 24 horas seguiu viagem para Itaituba, cerca de 200Km ao Sul. Ali foi montada uma Terceira base Estratégica onde ficaram em sobreaviso os 2 Helicópteros de Guerra. O aparato bélico aéreo comandado pelo Major Paulo Victor e estacionado entre as Bases de Cachimbo, Santarém e Itaituba permaneceu imobilizado, assim como o Navio com os dois Grupos de Combate de 72 Homens cada um, armados de fuzis, metralhadoras e pistolas. É que, sintomaticamente, o Major Paulo Victor, segundo constatado posteriormente, teve um conluio pacífico com os Oficiais Rebeldes em Jacareacanga, e conseguira estabelecer um armistício, com a prisão do Major Veloso e a fuga do Capitão Lameirão e seus subordinaos que acharam por bem baterem e retirada e voaram com destino à Bolívia onde buscaram exílio político.
Após dez dias do início do levante, os militares da FAB, sob o Comando de Paulo Victor, que disseminou sua estratégia a partir de Santarém e da Base Aérea do Cachimbo, com a alternativa de Itaituba, estavam com o contrôle das cercanias de Santarém, Itaituba, Aragarças e Belterra, cidades próximas ao local da rebelião. As populações da região endossaram o golpe, que ainda iria receber o apoio de Paulo Victor da Silva, recém enviado da BABE para combatê-los mas que, pelo visto, acabou aderindo à causa dos Rebeldes e permitiu a fuga do capitão insurgente Lameirão e mais alguns oficiais rebeldes. No balanço final dos fatos, foram constatadas duas baixas fatais. Ao momento do pouso do Albatroz conduzido pelo Major Paulo Victor, antes do seu contato pacífico com os Rebeldes, um lugar-tenente segurança do Comandante (P. Victor), no aeroporto de Jacareacanga teve um desentendimento pessoal com 2 Sargentos fiéis aos Rebeldes, e trocaram tiros, resultando no metralhamento sumário e morte dos 2 Sargentos Rebeldes. Terminada a Revolta, após a prisão pacífica do major Veloso e a decolagem em fuga dos demais oficiais Insurgentes, obviamente a Campanha foi desmobilizada, o aparato aéreo retornou à BABE e o Navio geu meiavolta de Itaituba ao Porto de Belém com a tropa em paz.
Um dos problemas enfrentados pelo governo era que alguns oficiais da Aeronáutica e outras corporações recusavam-se a reprimir os ex-companheiros. Daí a sintomática ação do Major Paulo Victor. Após aproximadamente 20 dias, o levante foi diluído pelas Tropas Legalistas. Haroldo Veloso, o principal líder da missão, acabou sendo preso. Os que conseguiram fugir acabaram indo para a Bolívia, onde permaneceram exilados mas, pouco tempo mais tarde, obtiveram o benefício da “anistia ampla e irrestrita”, cedida por iniciativa do Presidente Juscelino Kubitschek que assim deu o testemunho de sua generosidade e espírito de Paz.
Da Petrobrás – meu único emprego civil.

Fui admitido à Petrobrás, em Belem-PA, aos 21 anos de idade, em outubro de 1957, por concurso coletivo prenunciado, numa competição dentre outros cerca de 2 mil inscritos, cidadãos praticantes, amadores e profissionais da linguagem “MORSE”, dentre telegrafistas aprendizes-praticantes (eu era um deles) e trabalhadores egressos da Estrada de Ferro Belém-Bragança, praticantes da Telegrafia ferroviária, da Radiotelegrafia aeronáutica (FAB-Força Aérea Brasileira), de Empresas Aeroviárias nacionais e regionais, e egressos do serviço radiotelegráfico “ACT” federal (Autarquia dos Correios e Telégrafos brasileira). A Petrobrás, inspirada pelos efeitos cívicos do movimento popular getulista “O Petróleo é Nosso”, então, ininiciava sua histórica investida exploratória petrolífera na Amazônia, engajava muita mão-de-obra e oferecia salários e vantagens empregatíticias atraentes em níveis contemporâneos. O domínio prático da Linguagem telegráfica “MORSE”. Do Código “Q” Internacional e dos Signos Fonéticos “Alpha/Bravo/Charlie” constituíram matéria eliminatória nas provas que selecionaram pouco mais de 100 aspirantes ao cargo de “Rádio-Telegrafista Auxiliar”. Após aprovação e admissão à Empresa Estatal do Petróleo, alocados, na maioria em Estações Radiotelegráficas Instaladas em Unidades Flutuantes de balsas-plataforma alocadas como bases móveis (Equipes de Exploração) e semi-fixas aportadas eventualmente nas barrancas (Equipes de Perfuração) a dezenas de Grupos técnico-operacionais disseminados ao longo da Bacia Amazônica e seus principais Tributários e Sub-Tributários nos mais diferentes quadrantes geodésicos da grande Planície.

Do meu engajamento no Sindicato dos Petroleiros.

Pelo início dos Anos Sessenta surgiram no Brasil, concomitantes com o incremento da exploração petrolífera suscitada pela Petrobrás em fins dos Anos Cinqüenta, numerosos movimentos iniciais localizados de associativismo sindical dentre a prolífera categoria dos Trabalhadores da Petrobrás BA, RJ, SP, RS e Amazônia em sua concentração pioneira primitiva em Belém-PA onde implementaram-se, desde 1957, históricas estratégias empresariais de Exploração e Perfuração petrolíferas. A generalizada iniciativa sindical petroleira fora então inspirada por lideranças políticas marxistas do PCB-Partido Comunista Brasileiro nos diversos Estados onde a Petrobrás se fez presente. No Pará, onde se instalou a SRAZ-Superintendência Regional da Amazônia, destacaram-se os militantes comunistas Carlos de Sá Pereira, Sandoval Queiroz Barbosa e Adelino Nogueira Cerqueira como sindicalistas criadores do Sindipetro Amazônia, em 1961, do qual o Trio integrou a primeira Diretoria sob a presidência de Sá Pereira. Engajado no Sindipetro, fora eu então, em 1962, nomeado como Delegado Sindical junto à Categoria dos Radiotelegrafistas vinculados ao STS-Serviço de Telecomunicações que se disseminava por todas as Equipes de Exploração e Perfuração presentes nos mais diferentes e longínquos quadrantes geodésicos da Grande Bacia Amazônica Brasileira, desde o Delta do Rio Amazonas até às Fronteiras do Acre e de Benjamin Constant-AM, Tabatinga-AM e Atalaia do Norte com a Bolívia, o Peru e a Colômbia.

Ao eclodir do Golpe Militar de 1º de Abril (1964) estava eu em atividade profissional como radiotelegrafista da Equipe Gravimétrica no. 7 (EG-7) da Petrobrás, numa Plataforma Móvel no Vale do Autaz-Mirim, afluente do Baixo Solimões, 30Km ao Sul de Manaus. Exercia eu também, junto à Unidade EG-7, as funções ativas de Delegado Sindical Petroleiro do SINDIPETRO-AMAZÔNIA sediado em Belém-PA, cujos Altos Dirigentes Regionais, na Capital Paraense, eram meus correligionários políticos os militantes comunistas Carlos de Sá Pereira (Presidente do Sindipetro-AZ), Sandoval Queiroz Barbosa e Adelino Nogueira Cerqueira (Diretores), os quais comungavam dos mesmos ideais político-ideológicos de ativismo e solidariedade em favor das denominadas Reformas de Base Revolucionárias esquerdistas lideradas pelo então Presidente da República João Goullart e seu cunhado o jovem deputado federal então recém-eleito Governador do Estado do Rio Grande do Sul engenheiro e advogado Dr. Leonel de Moura Brizola, este como o grande Líder Nacional do Movimento político sincretista insurgente e segmentado em Células Urbanas e Rurais denominado “Comandos Revolucionários”, dividido em “Grupos de Onze”.

De inspiração doutrinária Marxista-Maoista e fundamentado também no movimento social filo-cristão e urbano-camponês das chamadas CEB-Comunidades Eclesiais de Base cujos adeptos, intensamente capacitados e treinados por campanhas doutrinárias da chamada Igreja Progressista, generalizadamente, eram sensíveis e inspirados na chamada Teologia da Libertação. Eu e muitos outros sindicalistas petroleiros tornáramo-nos militantes engajados nas células G-11-Grupos de Onze, e buscáramos contatos com as CEB Suburbanas e Rurais, desde os princípios da Década dos Sessenta, em que houveram sido criados e estruturados os primeiros Grupos Organizados dos Sindipetros (da Petrobrás: RJ, SP, BA e AMAZÔNIA) os chamados Sindipetros Petroleiros. Em tais perspectivas era voz corrente como ventos que sopravam algumas idéias políticas indicadoras de uma caminhada libertária do Brasil, perante o Imperialismo Capitalista das superpotências industriais do Norte Planetário lideradas pelos Estados Unidos da América do Norte e seus parceiros da Europa Ocidental, todos de “olho grande” nas potencialidades naturais da Amazônia.

As CEB Suburbanas (de Periferias Citadinas) e Rurais (Camponesas) eram lideradas nacionalmente pelos então Cardeais Arcebispos Metropolitanos de Recife e Olinda cardeal Dom Helder Câmara, de São Paulo-SP cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, de Porto Alegre-RS cardeal Dom Aloísio Lorsheider, e o Bispo Auxiliar de Porto Alegre-RS cardeal Dom Ivo Lorsheiter, além de inúmeros outros líderes Católicos brasileiros, dentre eles os Bispos Diocesanos de Crateús-CE Dom Antônio Fragoso, de são Félix do Araguaya-GO Dom Pedro Casaldáliga, de Itacoatiara-AM Dom Jorge Marskell... Desde a minha admissão à Petrobrás, em fins dos Anos Cinquenta, eu mantinha fraternas relações comunitárias com o então cônego católico Jorge Marskell de Manaus atuante na Prelazia de Itacoatiara-Am mais tarde nomeado Bispo dessa Prelazia. Nossas Tertúlias embasavam-se no teologismo sincrético filo-marxista cristianista de Teillard de Chardin, inspirado na Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão-XIII (...), cuja fundamentação filosófica e sócio-política, estudada por Leonardo Boff, Camilo Torres, e uma plêiade de livre-pensadores católicos brasileiros contemporâneos incluindo Helder Câmara, Antônio fragoso, Paulo Arns, Casaldáliga, e outros que desencadearam os fundamentos básicos da chamada Teologia da Libertação, a embasar os estudos e mobilizações das CEB, do movimento sindical Petroleiro e dos G-11 Brizolistas.

(Continuar este tópico...)

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Embora, por questão pessoal de vinculos volitivos, seja com a própria ONU minha Protetora Diplomática, à qual me vinculara então (1965 a (1973) como Voluntário Especial (“Voluntary Agent of HR Human Rights”): Agente Voluntário de DH Direitos Humanos) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos das Nações Unidas (NY-USA) na Mesoamérica, Caribe e América do Sul (exceto o Brasil por motivos políticos óbvios); seja com a OEA (1966 a 1775) - Comitê Indigenista Panamericano (Ciudad del México-MEX) - como etnólogo-indigenista em serviços volitivos de etnografia e linguística junto aos Ameríndios da Mesoamérica e da Panamazônia Ocidental, ou seja, en las Cuencas Amazonicas Peruana e Ecuatoriana constituídas pelo Vale peruano do Amazonas-Ucayale, e en las Florestas Úmidas Amazonicas Equatorianas vasculhadas pelas Bacias dos Rios Napo (fronteira Equ/Col) e Marañon (fronteira Equ/Per) desde as margens esquerdas dos Rios Amazonas e Baixo Ucayale (Departamentos de Iquitos e Pucalpa) até os contrafortes Andinos Equatorianos; seja em médios períodos alternativos às minhas fainas secretas internacionais, em aventureiras, arriscadíssimas e temerárias incursões insurgentes e camufladas, de natureza libertária, belicista e urbano-guerrilheiras que me fizeram, de próprio alvitre político pessoal, incursionar ilegalmente, e com nome falso (“Francisco Rodrigues” – apenas elidindo da cédula de identidade o meu reconhecido sobrenome “Paulo Lucena”, em ação fraudulenta por mim deliberadamente feita junto a uma Delegacia de Polícia próxima à Fronteira com a Venezuela) dentro dos limites do meu País de onde fora eu oficialmente expulso (banido pela Ditadura em 1965). Engajado como Voluntário Especial da OEA e da ONU, tais vínculos eventuais de Parceria, em cooperação sócio-profissional, proporcionavam-me Stati permanentes de generalizada representação pública e plena convivência social no contexto das Nações Panamericanas, em viagens internacionais constantes, boas relações institucionais, segurança vivencial permanente, e uma eventual remuneração de Serviços e Custas (Comissões de Tarefa+Custeios de Viagem e Estadia por diárias periódicas), que me ajudavam sobremaneira e, efetivamente, proporcionando-me me eventuais rendas pessoais facilitando-me, nos dias vagos, minhas incursões clandestinas eventuais ao engajamento político e paramilitar na luta rebelde e de resistência contra a Ditadura Militar Brasileira, com o apoio paternal e confortável do meu Padrinho Dom Helder Câmara então Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, e chefe político supremo da Facção Rebelde Guerrilheira filo-marxista cristianista AP-Ação Popular sediada em Olinda-PE e disseminada pelas principais grandes Cidades Interlandinas e Capitais Estaduais do Nordeste, Sudeste, Sul, Sudoeste, Centroeste e Norte do Brasil.

Durante minhas atividades por conta do Comitê Indigenista Panamericano da OEA, nas entranhas da Cuenca Peruana e nos Vales Florestais pré-Andinos equatorianos do Napo/Marañon, eu também exercia eventuais atividades extensivas de indigenismo etnográfico (pesquisas historiológicas e lingüísticas) junto a diversos Grupos Ameríndios amazônicos brasileiros fronteiriços dos Vales do Javary (Limite W com o Peru) – Iquitos e Pucalpa – Grupos Lingüísticos PANO-KANAMARI: Marubo ou Yura-Kuim do Ituí e do Alto Curuçá, Mayuruna do Jaquirana e do Batã, e Kanamari do Jutay, do Itacoaí e do Baixo Curuçá, tudo no Município de Atalaia do Norte-AM; assim como próximo à fronteira W com a Colômbia, em especial a grande e populosa Nação indígena dos Tukuna (cerca de 40 mil Índios) dos Vales do Alto Solimões, Rio Preto do Evary, Jacurapá-Içá e Igarapé D´Joy (estes dois últimos, afluentes do Içá-putomayo, respectivamente, nos Municípios de Santo Antônio do Içá, São Paulo dos Cambeba, Benjamin Constant e Tabatinga no W do Estado do Amazonas. Em parte, minhas atividades etnológico-indigenistas supra citadas dentro das fronteiras amazônicas brasileiras ocidentais (Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo dos Cambeba e Santo Antônio do Içá), de par com as Comissões de Serviço do Comitê Indigenista Panamericano da OEA (Ciudad del Mexico-Mx), eram também financiadas eventualmente pelos meus fraternos Amigos os Padres canadenses Jorge Marskell (depois ungido Bispo Prelado de Itacoatiara – 1966 - pelo Papa João Paulo II), Justino MacInnis, Williams Austin (Padre Guilherme) e Richard Dunken, todos da Ordem Católica Canadense SCARBORO, parceira da Arquidiocese do Amazonas e co-Gestora Curial da Prelazia de Itacoatiara-AM, assim como do Centro Comunitário Paroquial do Bairro Japiim de Manaus. Porque oportuno e justo, acho por bem citar também como benevolentes colaboradores das minhas jornadas excursivas de trabalho junto às Tribos Indígenas do Alto Solimões-Jacurapá-Içá e aos Vales do Javary-Jaquirana-Jutay-Curuçá, os Empresários-Industriais de Benjamin Constant-AM Victor e Alzanir Magalhães (IRMAG-Irmãos Magalhães Indústria e Comércio Ltda.) e o meu ex-sogro Chico Batista (COMARJA-Comercial Madeireira Javary Ltda.), para os quais, em contrapartida, prestava-lhes eu serviços de consultoria de assuntos ambientais e boas relações inter-étnicas com os Grupos Tribais Ameríndios da Região, e eles me facilitavam transporte e apoio logístico adicionais às minhas permanentes jornadas na Floresta e nas incursões insurgentes ao Nordeste e demais Regiões deflagradas dos “Anos de Chumbo”. Foi nesse período conturbado, no segundo quinquênio dos Anos 1970, que achei a oportunidade fascinante de enamorar-me e realizar casamento com a belíssima e jóvem filha do grande empresário industrial madeireiro da Região Chico Batista, Senhorita Débora da Silva Oliveira, de 17 anos (1977), cuja União fora cheia de percalços e aventuras perigosas, pela oposição absoluta dos Pais da Moça, fato que assim nos compeliu à compulsão de um rapto com o assentimento da Namorada, indo-nos eu e ela nos refugiar sob a proteção e a guarda dos índios Tukuna tribalisados em aldeia no Baixo Rio Jacurapá Município de Santo Antônio do Içá-AM. Chico Batista, então, denunciou-me por “Sequestro doloso de Menor vulnerável”, à Polícia Federal e ao Exército CFSOL-Comando de Fronteiras do Solimões, sediados em Tabatinga-AM, que mobilizaram as Polícias da Colômbia e do Peru para prenderem-me e resgatarem minha namorarada. As Forças perfiladas entraram em diligência bélica com lanchas e helicópteros militares, mas a ofensiva não aconteceu por que os índios se mobilizaram à nossa defesa e entraram em estado de Guerra dissuasora em nossa ostensiva Defesa e Guarda. Temendo derramamento de sangue, as tropas policiais recuaram da ofensiva. Nesse ínterin, tomei a iniciativa de enviar um emissário índio guerreiro caracterizado a Tabatinga-AM com uma Carta conciliadora e amistosa ao MMº Juiz de Direito da Comarca o qual, meu amigo particular fraterno, intercedeu junto aos Comandos Militar e Policiais mobilizados e ao Pai da Moça, conseguindo assim pacificar a dissidência. Conturbação que logo depois, diante do fato consumado, e da minha Carta de iniciativa pacífica e conciliatória, veio a ser tranquilamente contornado pela aquiescência do pai-féra de Débora o qual, persuadido pelo Magistrado da Comarca, que de bom grado mediou a pacificação, em demonstração de grandeza e índole reconciliadora, ato contínuo, Chico Batista acenou-me amistoso e dispôs-se a patrocinar e concelebrar nosso solene e festivo casamento oficial duplo (Civil e Religioso) com direito a Festa Nupcial e Viagem em Lua de Mel. Chico Batista, assim, tornou-se meu bom Amigo e Protetor Político favoritista, em função de suas notórias influências pessoais perante Autoridades da ditadura Militar, facilitando-me a vida e os acessos pelo Brasil adentro e afora, sem que eu viesse a renunciar de meus princípios políticos e compromissos ideológicos insurgentes consuetudinários. E Débora tornou-se minha Musa Guardiã diuturna e íntima, prestando-me toda sorte de proteção e apoio (meu Anjo-da-Guarda de Fé e Opção!...) Passei a prestar serviços eventuais, sem vínculo empregatício, ao meu Sogro e sua empresa Industrial-exportadora internacional COMARJA-Comercial Madereira Rio Javari S.A., sediada em Benjamin Constant-Am e Atalaia do Norte-AM no Baixo Javari. Em que passei a exercer assessoria de gestão e consultoria de indústria, comércio e relações Internacionais. Era isso fins de 1976. Atividades que vieram a incrementar minhas carências financeiro-existenciais. Da união conjugal com Débora, em 5 anos, de 1977 a 1983, nasceu uma linda Prole de duas Moças e um Rapaz, hoje, Cinderela/32, D’Joy-Paxiúba/31, e Daniela/28, já todos casados e em plena independência econômica. Passados 17 anos do Casamento, razões privativas de incompatibilidades ideológica e de foro familiar, compeliram-nos, a mim e à minha esposa Débora, a nos separarmos pacificamente e realizarmos o Divórcio amistoso, fato que se deu em 1994. Continuei eu solteiro e livre até hoje, e ela minha Amiga fraterna, 4 anos depois, em 1998, teve a sorte de casar-se com um seu ex-namorado de adolescência, que se conheceram e mantiveram rápido e furtivo namoro, em 1975, antes do nosso casamento que ocorreu em 1977. Ele então, era Capitão-Médico Paraquedista do Exército do CFSOL-Comando de Fronteiras do Solimões. Carioca de origem, o cap. José Barros retornara a seu Estado Natal. E, pelas asas da fatalidade e da sorte, veio a falecer no Rio de Janeiro a esposa do então general José Barros, deixandoo-o viúvo e desimpedido. Sabedor do desenlace de Débora comigo (1988, o gerneral de divisão José Barros, saudoso de sua ex-amada. Lançou-se à aventura de uma busca incansável junto ao seu Amigo Chico Batista, domiciliado em Manaus, o meu ex-Sogro. Foi então que teve a alvissareira notícia do Divórcio de Débora. Assim, o General veio a Belém onde, à mesma residência, Débora minha Amiga ainda vivia ao meu ledo ainda que separados estivéssemos. Daí aos acertos finais da nova União, com meu apoio fraterno, foi apenas um passo definitivo. Casaram-se então, e hoje vivem juntos numa bela mansão em Petrópoles-RJ. Barros tornou-se também meu grande e fraterno Amigo, apesar das nossas diferenças político-ideológicas, em com minhas idéias políticas de ente comunista, e ele com sua postura neoliberal de militar conservador general do Exército brasileiro, também um septuagenário como eu próprio.

Minha presença nas diversas Regiões Indígenas da Panamazônia Ocidental, por conta da OEA ou de outras Parcerias de Cooperação, conforme acima reportado, fracionada em períodos de curtas ou médias ausências, em função do meu também fragmentado tempo de permanência engajado em atividades de Insurgência Urbano-Rural Armada e Serviço de Correspondência Jornalística Estrangeira clandestina no contexto da Guerra Civil suscitada pela Ditadura Militar Brasileira, durou desde Outubro/66 até Novembro/76, ou seja, cerca de dez anos, sem adicionar mais 4 anos em que voltei ao Oeste do Amazonas, de 77 a 81, quando prestava serviços de Consultoria e Assessoramento em assuntos indígenas aos Gabinetes do senador Evandro Carreira (MDB-AM) e do general Ismarth de Oliveira presidente da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), a este último apresentado que fui e recomendado pelo Senador Carreira e ao mesmo então passei a prestar-lhe serviços voluntários particulares de consultoria e assessoramento técnico (sem vínculo empregatício) com atuação junto aos Grupos Étnicos do Oeste Amazônico os mesmos dos quais tinha eu conhecimentos.

Devido à pobreza e à nefasta degradação do povo latino-americano, a libertação deve ser entendida como superação de um processo de exclusão; já que esta é a conseqüência direta da relação norte–sul, onde milhões de homens e mulheres empobrecem e se deterioram porque ficam à margem (excluídos) do processo econômico e político norteado pelo capitalismo imposto pelos EUA e Europa, a partir do Norte-Norte Planetário, onde se posicionam as Bases do Império Industrial co-gerido pelos Estados Unidos e seus Seis parceiros membros do G-7 (as Sete Nações mais ricas e concentradoras de Renda do contexto mundial).
Desta forma compete à teologia da libertação a tarefa de discursar sobre Deus a partir da ótica de um processo excludente e a partir da realidade concreta dos excluídos. O teólogo da libertação, portanto, deve ter este duplo olhar: olhar para Deus e olhar para o excluído. Olhar para Deus é a fonte de toda libertação possível e o olhar para o excluído identifica onde há necessidade de libertação. Olhando para Deus – ou Cristo -, a teologia da libertação diferencia-se de todo movimento libertador laico, já que a libertação apresentada pela teologia enxerga nos processos históricos a possibilidade de presentificação da nova ordem escatológica anunciada por Cristo, ou seja, o Reino de Deus – ordem de justiça e da superação de toda opressão possível, na sociedade e no cosmos. Ao pretender olhar para o excluído e para o sistema gerador de opressão, como pressuposto de todo fazer teológico, a teologia da libertação difere-se radicalmente das teologias clássicas, pois supera o anacronismo destas, circunscrevendo a experiência de Deus no âmbito do engajamento do fiel na luta contra todo o sofrimento humano historicamente situado.
Para que haja elaboração da teologia da libertação é mister que se compreenda os fenômenos da opressão e da exclusão. Estes devem ser compreendidos através de uma mediação sócio – analítica, “Libertação é libertação do oprimido. Por isso, a teologia da libertação deve começar por se debruçar sobre as condições reais em que se encontra o oprimido de qualquer ordem que ele seja.” (BOFF, 1996). O método utilizado para elucidar sócio–analiticamente o fenômeno da opressão e da exclusão pela teologia da libertação, é o método histórico- dialético.
O marxismo passa a ser a filosofia predominante na análise sócio–analítica feita pela teologia da libertação (CAMILO TORRES,1978). Porém, o marxismo é utilizado como instrumento, não tendo fim em si mesmo. “Na teologia da libertação o marxismo nunca é tratado em si mesmo, mas sempre a partir, e em função dos pobres” (BOFF, 1996). O sentido último da teologia não é Marx, mas Deus.
Após a leitura sócio–analítica, o teólogo da libertação deve-se deparar com a Bíblia Sagrada. A Bíblia deve fornecer subsídios para que se possa identificar a face de Deus e sua ação libertadora, nos diversos momentos históricos, sob os quais vive o teólogo e seu povo. Há, então, no processo de elaboração da teologia da libertação, uma imbricação necessária entre a análise sócio–analítica da realidade e a Bíblia Sagrada. Esta última fornece o sentido teológico da práxis libertadora proposta pela teologia da libertação.
Com a gênese da teologia da libertação na América Latina, “a religião passa a ser um fator de mobilização e não do freio” (BOFF, 1980). A religião não mais se apresenta como “ópio do povo”. Ela passa a ser fonte de libertação e de esperança para o homem. A religião, desta forma, não se reduz a uma ideologia que mantém o status quo social e político; também não é mais fonte de discursos etéreos. A teologia da libertação pretende mostrar que Deus não está em uma esfera trans–histórica; mas, ela quer mostrar que Deus encarna-se na história, gera libertação de um povo humilhado, gera vida e esperança a um povo crucificado e sem sonhos. Podemos dizer, metaforicamente, que a teologia da libertação anuncia a ‘’descida’’ de Deus de sua esfera transcendente e “celeste” e mostra-o como agente dignificador dos humilhados da terra. Deus não é mais um conjunto de doutrinas e especulações, mas é a fonte de toda a luta pela justiça e igualdade. Por isso, Deus se manifesta nas lutas históricas pela justiça, pela inclusão e pela superação de toda opressão vigente na humanidade. “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”(Ex 20,2). Eis a face de Deus anunciada pela teologia da libertação: Deus que tira o povo da opressão, da servidão.
O céu almejado pela humanidade, não é pensado como realidade post mortem. Este céu que fora pensado pela teologia clássica como realidade distante que se manifestaria no porvir, encarna-se no “agora”, através da práxis do povo em prol da dignidade humana: cada conquista popular, no que tange a uma relação mais justa entre os homens, presentifica o céu no seio da humanidade.
A teologia da libertação surge para mostrar que Deus é “Pai – Nosso”; portanto os homens e as mulheres devem se relacionar como irmãos e irmãs, sem haver exclusão, sem haver opressão ou sem qualquer tipo de violação da dignidade humana. Lutar pela libertação é valorizar a paternidade universal de Deus, que se manifesta nas relações justas e fraternas entre todos os seres humanos.

Augusto Gutierrez -

Cônego Dom Antônio Fragoso – Bispo Diocesano de Crateús-PE. Palácio Diocesano, com dimensões proporcionais, e tambem grande abertura de abrigo e apoio aos quadros transitórios regionais do Movimento Popular contra a Ditadura Militar. Dom Antônio é homem hospitaleiro, afável, multiculto, e notável pelo seu interesse em orientar e ajudar a todos na Missão de bem servir às causas da Paz. da Fraternidade, da Democracia e da luta pelas Liberdades política e social.
Cônego, literato, poeta e ativista social Dom Pedro Casaldaliga – Bispo Diocesano de São Félix do Araguaia-GO. Palácio Diocesano de São Félix-GO. De origem Italiana, Dom Pedro notabiliza-se pela postura sobremodo carismática de grande líder social, organizador e benfeitor incansável da Comunidade, incentivador da educação, da cultura e dos programas sociais de assistência aos mais necessitados, e um dos notáveis teóricos e pregadores da Teologia da Libertação na América Latina, e inspirador das CEB no Brasil, ao lado de Leonardo Boff, Augusto Gutierrez, Helder Câmara, Ivo Lorsheiter, Aloísio Lorscheider, Paulo Evaristo Arns, Camilo Torres... Homem inteligente, perspicaz, esperto e destemido, Dom Pedro enfrentou difíceis momentos históricos de ameaça repressiva, nos tempos bravios dos chamados “Anos de Chumbo”, em que fora acusado de “colaborador da insurgência subversiva”, com o agravante de que sua Diocese tinha proximidade territorial da Zona Guerrilheira comunista do Baixo Araguaya no Sul do Pará. Por diversas vezes viu-se assediado e ameaçado na sua Autoridade Episcopal e na própria integridade física, por agentes militares e policiais armados, da Ditadura, que se postavam embalados, às proximidades do Palácio Episcopal, em São Félix do Araguaya-GO, vale dizer, colocando-se ameaçadoramente, de armas bélicas em riste, com o visível escopo de humilhar e intimidar o Bispo. Com ostensiva franqueza e notória coragem, impondo-se como Autoridade Episcopal e como Cidadão Livre, Dom Pedro interpelava seus algozes perfilados e armados. Aos brados, admoestava-os, exigia-lhes respeito ético e cobrava-lhes a postura pública correta e de obrigação constitucional, no que eles freqüentemente recuavam e baixavam as armas ao sarilho na presença de diversos observadores circunstantes que, com freqüência, convergiam `localidade, testemunhando o espetáculo insolente;

· Professor, sociólogo, ativista social Padre Camilo Torres – Capelão eclesial e professor de sociologia da Universidade Nacional da Colômbia – Bogotá-CO - depois militante político popular bogotano e combatente guerrilheiro do Movimento insurgente filo-marxista colombiano M-19 que ele dissolveu e fez seus Quadros aderirem ao então recém-criado movimento guerrilheiro Ejercito de Liberación Nacional ELN, em princípio de 1965, sob cujas ações bélicas, em princípio de 1966, foi ele morto num combate na selva amazônica ao Sul de Bogotá, em enfrentamento armado com o Exército colombiano. Tive eu, Paulo Lucena com muita honra, dois encontros polítics pessoais com o Padre Camilo Torres. O primeiro, em 13 de janeiro de 1965, no terraço do Hotel Anaconda, da Cidade Turística Amazônica Colombiana de Letícia, fronteiriça à Cidade Brasileira de Tabatinga-AM, em frente o divisor de águas Solimões/Amazonas peruano, extremo Sul da Colômbia. Eu então acabara de empreender fuga desde a terceira prisão por mim sofrida, no porão do Forte do Castelo (5ª Cia. de Guardas, na Baia de Guajará (bairro da Cidade Velha-Belém), onde estive encarcerado por 10 meses desde 11 de janeiro/65. No Parágrafo a seguir relatarei episódios horrorosos, constrangedores e danosos à minha consciência de direitos humanos, praticados pessoalmente pelo então o maior e mais cruel torturador e assassino por mim reconhecido em toda a História da Humanidade o então Comandante da 1ª Zona Aérea brigadeiro do ar João Paulo Burnier, ocorridos durante esta terceira detenção a mim imposta pela Ditadura Militar de 64.
(três Brasileiros e um colombiano),:

Cardeal Dom Helder Câmara [Arcebispo Metropolitano de Recife e Olinda-PE, da época, inspirados no teologismo de Teillard de Chardin que se fundamentava na Encíclica Papal Rerum Novarum (Pio-XII)

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