Paulo Lucena
(Memórias).
Filho Pródigo da
Rapôsa-Serra-do-Sol
Apresentação.
Estas Anotações de memória foram feitas, originalmente,
como depoimento expresso, sob o Título “Minha História de
Perseguição Política”, recomendado pelo meu fraterno
Amigo Camarada marxista, Patrono e Causídico jurisconsulto Dr. Márcio
de Siqueira Arrais, meu procurador forense no STF que patrocinou, de princípio
em 2008, e depois, em 2010 (por desaforamento do STF ao TRF-1-PA-(Justiça
Federal do Pará 1ª Vara Federal), meu Processo originalmente interposto
junto à Suprema Côrte através do Dr. Márcio Arrais,
contra a União Federal representada pelo MPOG-Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Processo indenizatório duplo de Danos
Morais e Restituição de Salários Retidos, já que
eu, então egresso da REPRESSÃO SANGRENTA em que eu optara pela
Luta Armada de Guerrilhas Urbano-Rurais, por causas ideológicas e razões
diretas da minha Demissão Sumária com retenção salarial
iníqua, e dos Constrangimentos Ilegais (Torturas), suplícios a
mim infringidos pela Ditadura Militar de 1º de Abril de 1964, que me compeliram
a engajar-me na Hoste Político-Paramilitar Guerrilheira Urbana e Rural
Insurgente do Partido “AP-AÇÃO POPULAR”, de inspiração
cristã-marxista (Teologia da Libertação) nos chamados “ANOS
DE CHUMBO” e, consequentemente, preso e banido da minha Pátria,
vira-me eu na contingência da fuga do cárcere e, compelido ao Refúgio
Político sob a proteção das Nações Unidas,
junto à República do Panamá onde prestei serviços à ONU
como Observador de Direitos Humanos – Alto Comissariado para Refugiados
das Américas Central, do Sul, oportunidade que me proporcionou viajar
por todo o Caribe incluindo Cuba, Haiti, República Dominicana, América
Setentrional (México, EUA e Canadá) e América do Sul (com
excessão oficial óbvia do Brasil meu País repressor que
deu orígem ao meu compulsório refúgio político por
cerca de vinte [20] anos).
No Capítulo Introdução destas Anotações insiro
eu dois Tópicos um como rápida Prosa “...Quem Sou
eu” refletindo
também meu Perfil e meu Pensamento Memorial de Cidadania Cosmopolitana
e Sujeito Ator Antrópico e Socioambiental inveterado; e o outro tópico
como Poesia Épica das minhas Memórias sob o Título “UM
SIMPLES JOVEM SENESCENTE!!!... SETUAGENÁRIO...”
Fazem partes importantes destas Anotações, também, dois
tópicos de extrema relevância pela notoriedade como enfoques ambientais
bizarros, curiosos e únicos no Mundo. As revelações expressas
da existência de um defluente fluvial paradisíaco da Bacia do
Orinoco (Estado do Amazonas da RBV-República Bolivariana da Venezuela)
chamado CASSIQUIARY (que no idioma Yanomami significa “O Soberano dos
Rios Encachoeirados”) que se torna afluente do alto Rio Negro este, depois
do Xingu, o segundo maior Afluente do Rio Amazonas. O Cassiquiary é assim
um inusitado canal de comunicação e acesso entre as Bacias Amazônicas
Venezuelana e Brasileira.
E mais um tópico singular de única existência no Planeta
os exóticos, fascinantes e belíssimos CAVALOS SELVAGENS DE
RORAIMA que habitam as pradarias e estepes boreais chamadas de Campos Gerais
ou Lavrados de Roraima, ao Norte da Capital Boa-Vista.
Introdução.
Este depoimento eu expresso com a modéstia do estóico, a convicção
do militante fundamentalista, e a fidelidade e transparência do combatente
rebelde, hoje enfermo-mórbido quase terminal, vale dizer, abatido
fisicamente pelos desgastes da Luta, pressentindo o fim iminente da existência,
mas sóbrio, consciente, perfilado, satisfeito com os deveres cumpridos...
e agora na esperança de que, além do conforto decorrente do
recente encontro com Deus, poderei vir a ter uma recompensa de justiça
humana que é o objeto deste Processo Forense causal, para que não
venha eu a falecer na extrema miséria existencial da base familiar
de que sou arrimo.
Volto da longa campanha realizada e sucedida com meus crônicos triunfos,
riscos, suplícios, constrangimentos ilegais, atropelos e horrores
superados, indeléveis na memória mas remidos na mente e na
consciência, em razão direta da Fé em Deus, dos efeitos
da História (do Ato Público da Anistia Constitucional), perdão
incutido a mim pelo padecer, pela meditação, pela reflexão,
pela renúncia definitiva à retaliação, à vindita,
ao ódio... que antes me perturbavam a alma e o espírito...
No sentido de informar às Autoridades Judicantes do meu Processo,
como suplemento ilustrativo desta Sessão Introdutória, transcrevo
a seguir o excerto “...Quem sou eu”, da minha lavra, inserido
na Rede Mundial de Computadores (Internet) como texto complementar principal
alusivo ao meu Perfil Pessoal completo de Cyberativista das OnG internacionais
Greenpeace-Guerreiros do Arco-Iris, Avaaz.Org, Caampa-Cooperação
Antrópica Associativo-Ambiental Panamazônica, Programa RAU-BR-Rede
de Ações Urgentes Brasil da AI-Amnesty International, e Internauta
social e político em diversas outras Redes Virtuais da WEB, incluindo
Orkut, MSN-Windows Live Messenger, V2V-Voluntaree
to Voluntaree, Facebook, Twitter... com as quais mantenho vínculos socioambientais e militância
sócio-virtual interativa on-line:
Prosa Memorial de Perfil - ...Quem Sou Eu.
Sou eu um cidadão do mundo, sem fronteiras, sujeito do Universo, um
cosmopolita, Criatura de Deus e tripulante da Nave-Mãe Terra, Homem
consciente do meu papel dentro do Mundo – zelador genuíno e fiel
da sofisticada Cabine Cosmonáutica Terráquea, nosso pródigo
embora sutil e vulnerável abrigo telúrico debaixo do Céu
a dadivosa e exuberante biosfera planetária que tem como micro-esferas
os oito (8) Biomas do Brasil incluindo dentre eles as luxuriantes Amazônia
e as Caatingas Nordestinas, os Cerrados Centroestinos Brasileiros ambos em
desesperador processo de degradação por obra sinistra do “inimigo
número um da Humanidade o Capitalismo” (Marx & Engels), e
do seu sinistro suporte político a execrável corrente ideológica
Neoliberalismo Globalista Transnacional.
Eu busco Gente espontânea e de boa-vontade, e contribuo a sensibilizá-la,
capacitá-la e engajá-la em proposições coletivas
voluntárias de preservação ecológica sustentável
de nossas fontes, meios, modos e relações de vida e evolução
equilibrada, GLOCAL-Global e Local, usando a OnG ambientalista da minha outorga
e gestão a CAAMPA-Cooperação Antrópica Associativo-Ambiental
Pan-Amazônica – www.ongcampa.com -- e minha condição
pessoal de militante Cyberativista das OnG Sociais Mundiais Greenpeace Brasil – www.greenpeace.org – e
Avaaz.org – Avaaz.org e RAU-BR/AI-Rede de Ações Urgentes
da OnG Mundial Amnesty International – www.anistia.org.
Reputo-me um revolucionário no bom-sentido, às vezes rebelde
porém já hoje pacífico, gente-boa, amigável, coerente,
afável, amoroso, carente de amor conjugal, cheio e revestido de tendências
socialista, igualitária, romântica, jovial, libertária,
pluralista... mas firme e altivo em minhas convicções e propósitos
como fiel cultor e servil adepto de Deus, da Fé-com-Obras, sem ufanismos
carolas nem apego ao proselitismo exagerado ou ao fundamentalismo retrógrado,
anti-social, intolerante, ignaro, obscurantista...
Das grandes Obras universais de Deus sou guardião - a Natureza, a Biosfera,
os Ecossistemas, o Ar, a Água, a Vida, as Glebas Verdes, os Seres Silvestres,
Campestres, Montanheses... são objetos do meu amor extremado e temático-subjetivo,
que assumo com garra, dedicação, intransigência... Defesa
do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável e Mecanismos de Desenvolvimento
Limpo (MDL) - preceituado pelo Protocolo de Kioto, são do meu ramo,
e em razão disso procuro arregimentar mais Gente volitiva para engajar-se
comigo nas boas obras estratégicas, e nas pugnas justas, bem urdidas,
pacíficas mas valentes, intimoratas, ousadas... contra os que no dia-a-dia
devastam a Natureza. Sou executivo de uma OnG ambientalista-internacional pan-amazônica,
que ajudei a criar, em Quito-Equ, há cerca de 40 anos atrás;
e colaborador fraterno, ator social voluntário e "cyberativista" filiado
de outra OnG Socioambiental Mundial, da mesma índole, cujo nome, como
o daquela outra supra citada, omito eu aqui, em respeito às virtudes
tácitas de uma política ética de impessoalidade, privacidade
redial q adoto em nome da humildade, da impessoalidade, da transparência,
e contra proveitos escusos e presunção egocêntrica. OnG
primeira tal, da minha fraternal relação socioambiental e militância
virtual coletiva que, por seus valores intrínsecos e iniciativas inovadoras
e extraordinárias, em passado recente, fora a mesma agraciada com o
Prêmio Nobel da Paz, fato que muito nos orgulheceu a todos. Embora já esteja
eu atingindo o patamar avançado dos 76 anos, reputo-me e comporto-me
como um rapaz jóvem, convicto e entusiasta. Tenho a convicção
de que juventude não é só a pouca idade, mas sim o hábito
permanente de cultivar um espírito acrisolado, jovial, saudável,
inovador, sociável, revolucionário... Há pessoas de pouca
idade com índole de velho rabujento, conservador-reacionário,
intolerante... E há umas(uns) e outras(os) com idade avançada,
como eu, mas com o espírito e a compostura risonha, entusiasta, vibrante...
Sem falsa modéstia. Permaneço pronto e aberto a interagir à luz
do construtivismo participativo e do antropismo racional e conservacionista-natural,
cuidadoso e consentâneo com os ditames da Natureza, de Deus...
E concluindo, aproveito o ensejo a dizer da minha vontade participativa e
fraternal de compartilhar e transferir, assim solicitado, a cada companheira(o)
do meu Mundo jóvem, no âmbito da nossa Macro-Comunidade Web, que
o necessitem, para estudos e pesquisas, dos meus fartos e múltiplos
subsídios e insumos da convivência naturalista, da experiência
telúrica, do conhecimento e do saber, que tenho acumulados, ao longo
dos meus 60 anos de convívio revolucionário, sertanista-silvestre,
antrópico, indianista, etno-sócio-cultural, socioambiental ...
em diferentes locais e espaços do contexto continental pan-americano,
em especial, nas áreas da historiologia gentílica ameríndia
(incluindo os grupos tribais multiénicos do extremo ocidente amazônico
- las cuencas amazonicas peruvianas y equatorianas - e da militância
em bases da Mesoamérica, do Canadá e, também, dentre Índios,
Caboclos, Quilombolas e moradores ribeirinhos amazônicos urbano-rurais,
e além da Amazônia, igualmente, do Nordeste, Centroeste, Sudeste,
Sudoeste e Sul. Aproveitem este Fórum Livre, vamos compartir!... que
está em síntese publicado em nosso PPDH-Portal Público
Digital Hexáfono (em Seis Idiomas: -- Português, Inglês
USA, Espanhol internacional, Francês, Holandês e Alemão
-- www.ongcampa.com – a contemplar igualmente as Repúblicas Amazônicas
da Guyanna, do Suriname e Guyanna Française.
Beijos afetuosos e fraternais... – PL.
Poema Épico Memorial.UM SIMPLES JOVEM SENESCENTE!!!... SETUAGENÁRIO...
Sapiente pelas experiências enriquecidas,
Ou inteligente pelo tempo de vivência.
U'a certeza "jovens-idosos" idéias nutridas.
Juventude e velhice não dependem de idade.
O Moço e o Idoso são passivos a decrépitos.
Vi Meninos/Rapazes caducos antes da maturidade!...
E vi Senescentes como eu jóvens circunspetos.
Mesmo alguns “Idosos” vi cheios de virilidade.
ENFOQUES DO MEU PERFIL, MINHAS MEMÓRIAS...
I-
Perpetro este Auto-Retrato lítero-fiel de Pórtico,
Alumiado pelos chispares de apurada Fé Viril,
Urdida à Luz de atilado pensamento agnóstico,
Lembrando meus 75 anos, hirto, jovial, varonil...
Orientado na Ode Memorial deste inicial Acróstico.
II-
Lampejos sincréticos deste rapaz livre e eclético,
U m setuagenário libertário, gentil, de alma jovial.
Cosmopolita, Cyberativista, pensador estratégico,
Escritor e ensaista marxista insurgente, atual,
Nato-Gentílico, ambientalista, humanista, patético,
Anímico, Filosófico, libertário, dialético, espiritual...
III-
Sou autodidata Cosmopolita, forjado em tácita Escol,
Capacitado por meu idolatrado Pai gênio Marxista
Um negro Guyannês-Makuxi de Rapôsa-Serra-do-Sol
Com visão Holísta, contrito Militante Agnosticista,
Místico Jesuítico Antieclesial, Crente de verdade
Na Trindade Crístianista, mesmo sendo Comunista.
IV-
Meu Pai incutiu-me o Signo do Agnosticista
Forjado em função da filosófica Realidade
Axiomática de acurado discernimento Teista,
De que DEUS seja a Hiper-Suprema Potestade
Nunca Jamais assimilado pela Id Humanista
A Seus Dons Impalpáveis de Pai da Humanidade.
V-
Minha Prece é poderosa Peroração agnosticista,
DEUS a iluminar minha Teísta Comunicação.
Sou atilado político socialista não partidarista,
Política como Ciência Social Maestra da Libertação,
fator holístico ativo e cosmopolita filo-libertista,
Sou Livre e sem fronteiras, em continuada Atuação
VI-
Anti-Bandeiras, e sempre disponível Revolucionário,
Contraponto ao tino anacrônico de Pátria e Nação,
Contra o chulo e fajuto nacionalismo, mui otário,
Bitolado. Capitalismo Burguês arma de Bufão.
Vetora ética a Política é hegemônica e eficaz
Ferramenta ideológica... Recurso de Libertação.
VII-
De sócio-cristão à Teologia da Libertação. Libertário,
Avançado ideário União Cristo & Marx (L.Boff), ético
Ideal humanístico, insurgente, candente e societário,
Leão XIII & Teillard de Chardin, dissuasivo, dialético.
Cardeal Dom Helder Câmara meu Padrinho de Ideário
VIII-
E seu Luminário Partido Político “Ação Popular”,
por Ele Atribuído à Guerrilha Urbana, a fundo
Lançada contra a vil e sanguinária Ditadura Militar
(barbárica e anacrônica) dos “Anos de Chumbo” -
Em que optei às Armas em ação paramilitar.
Hoje Anistiado Político, salvo do rebojo furibundo.
IX-
Creio nos excepcionais Milagres lítero Teológicos
do Absoluto e Hiper-Supremo CRIADOR UNIVERSAL,
E suas enigmáticas hegemonias fenomenológicas
De prefixos OMNI, da Fé Misteriosa, Transcendental
À nossa Peroração Trina de Criaturas Agnósticas,
Crentes que suplicamos livramento ao nosso Mal.
X-
O Senhor Absoluto dos Celestiais e Teológicos
Mistérios cosmogônicos que desafiam o teor Global
Como são os filosóficos Enigmas ONTOLÓGICOS
e TELEOLÓGICOS do Vivente, da aromática Flor
Ao rapino Condor misteriosos fatores cosmológicos
Da Diversidade Bio, do Sol fogoso, abrasador...
XI-
A penetrar ereto nas genitálias férteis inter-trópicas
Da Mãe-Terra, com fragor! na Telúrica Maternidade
dos “Sítios RAMSAR”* gerando Cadeias Tróficas
- Faunas e Floras da hiper-Ecosferidade,
Elo da Cadeia Alimentar hélio-hidro-fitoecológica,
Vale enfatizar, suporte alimentar da Biodiversidade.
P.S.: - *"Sítio RAMSAR": - Nicho ecológico mercê do Sol-à-pino equatorial termógeno-cosmo-telúrico, fenômeno cósmogônico tipo Fotossíntese, no contato copular dos Raios Solares com os Pântanos de RAMSAR, a gerar alimento orgânico e Vidas em Cadeia Trófica - origem da Biosfera Terrestre.
“ RAMSAR” é uma Cidade paradisíaca tropical Iraniana onde ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Zonas Úmidas - Fev/1971 - que consagrou os Nichos Ecológicos Intertropicais ou Sítios Úmidos e Encharcados (pantanais) convencionalmente chamados de “Sítios RAMSAR” (Fontes da Vida Biosférica) geradores das fenomenais Cadeias Tróficas bio-fito-zoo-ecológicas que suprem a Eco-biosfera Global da Natureza do Planeta Terra.
Demanda de Justiça – meu Processo Forense.
Volto eu sob a proteção sacerdotal, altruística e orientadora
de um Anjo-de-Guarda-Patrono jurídico forense, ativista social marxista,
isto é, para mim científica e ideologicamente confiável,
competente, bondoso e dedicado, guia fiel e curador capacitado à minha
Instância de Direito, perante a Magistratura Maior, contrito que sou
de que cada Pretor de Promoção da Justiça, da Instância
Superior do Brasil, e/ou cada Ministro-Juiz de Ofício da Côrte
Suprema, e agora os Magistrados da 1ª Vara Federal de Belém-PA,
da minha Pátria, que atuam conclusivamente no meu Processo, são
um Homem honrado, puro, imparcial, justo, intimorato, severo, patriota, indomável...
na respectiva Missão Expressa e Vetorial de Gestor do Processo, e
Judicante-Tutelar Consagrado, Soberano Paternal dos Injustiçados e
Julgador Douto, multiculto, independente, austero e implacável aos
Opressores cruéis e sanguinários, e seus Títeres que
violaram meus direitos civis e políticos, e seus Sucessores no Poder
Político atual, desgraçadamente, que continuam negando, de
forma mesquinha, miserável, impertinente, desrespeitosa, avarenta
e atentatória às minhas prerrogativas legais de idade setuagenária,
e à minha polimorbidez crônico-degenerativa contraída
durante as batalhas libertárias de que participei, que culminaram
com a Conquista Histórica das Diretas Já, da Democracia
Plena e do Estado de Direito, pelos quais, coletivamente arregimentado, na insurgência
consciente e engajada, e de arma em punho, lutei e exauri minhas forças
físicas, trunfos todavia que, infelizmente, postos no papel constitucional
no entanto, de fato, vêem sendo maldosamente negados e cerceados pelos
Executivos públicos coetâneos de Plantão na República,
e a relativa migalha passiva que me fora paga por eles mediante a restritiva
e discricionária Lei Figueiredo, em sua razão de Ordem Constitucional,
de Mandado em Portaria Executiva (Ordem de Pagamento) Complementar do Ministério
da Justiça (Vide em Anexo) pagaram-me no entanto de forma trambiqueira,
avara, leonina... em mirrados 40% do valor histórico retido dos meus
salários, ato iníquo, incorreto e miserável (surrupiando-me
inclusive meu direito legítimo da correção monetária)
sobre a moratória de dezenove anos desde a data da minha demissão
sumária e injusta em 1964. E agora, com este Processo, à Luz
do Art. 8º do ADCT (CF/88) prenunciam-se-me a correção
da iniquidade, e a deliberação constitucional justa e legal
(dos meus Direitos Pecuniários de Reparação) quanto às
minhas prerrogativas constitucionais de Credor Passivo de contas líquidas
e certas, vale enfatizar, passadas em julgado pelo Congresso Nacional Constituinte
(ADCT Art. 8º), pela Segunda Câmara de Anistiados Políticos
do Ministério da Justiça (vide Processos pertinentes em Anexos), à antecipação
legal à vista dos compensatórios financeiros legítimos,
a mim devidos, em razão dos Males Mórbidos de Lei, atestados
devidamente pela Junta Médica Federal nomeada e operacionalizada pelo
Ministério da Fazenda (Superintendência Regional em Belem-PA) – Vide
Atestados Médicos Oficiais em Anexos do Processo alusivo apenso a
estas Anotações.
Ademais, embora finalmente anistiado por uma Lei Federal e dois Atos
Constitucionais - 1959: Lei Figueiredo de Anistia (restritiva
aos egressos dos “Anos
de Chumbo” e favoritista aos agentes da repressão castrense
da Ditadura); 1985: Emenda Constitucional Nº 26 (que imprimiu ligeira
ampliação à Anistia da Lei Figueiredo); e 1988: Carta
Magna Brasileira em seu Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias - ADCT Art. 8º (maior ampliação aos
preceitos anteriores de Anistia e Correção Monetária à luz
da Taxa SELIC) - que fundamentam, respectivamente, os meus hoje consagrados
Direitos de Anistia e Reparação Pecuniária ainda não
plenamente cumpridos pelo Estado devedor e inadimplente cruel e premeditado
cujos Mandatários, sorrateiramente, assumem a postura política
odienta e retaliativa dos Repressores castrenses do passado ditatorial e,
por isto, estão sendo objetos constitucionais da minha merecida Instância
Forense vindicativa, no presente Pleito à Suprema Côrte, incluindo
Causa de Perdas e Danos além das cobranças de plena Reparação
e Ajuste Moratório de valores retidos e procrastinados irresponsavelmente
pelo Militarismo Subversivo e Terrorista, recaindo assim a responsabilidade
Civil às Contas da União Federal através do Tesouro
Nacional que será inexoravelmente condenado a pagar o que me é legitimamente
devido.
Os “graves dolos” acusativos de “subversão política” e
rebelião armada contra o militarismo instalado então, em que
fora eu eventualmente flagrado e sumariamente apenado pelos donos absolutistas
do Poder (sem acusação judicial formalizada) com o arbítrio
discricionário da Ditadura, de quatro prisões consecutivas,
com suplícios e vexames, aos quais Graças a Deus e à ajuda
oportuna e providencial de Amigos Fraternos, me conseguira, em legítima
defesa, delas abrir em fuga, evadindo-me para além-fronteira, ao Exílio
forçado, pelos mesmos caminho e destino das vezes anterormente praticadas
(vide alusões episódicas neste texto), constrangimentos ilegais,
vale dizer, além das torturas físicas e psicológicas,
incluindo a perda arbitrária do meu emprego profissional então
consolidado por concurso público na Petrobrás, com a demissão
injusta, e a irrevogável extinção abrupta da minha renda
mensal, e o cerceamento da cidadania e do meu direito humano à remuneração
trabalhista, por mais de duas décadas, com meu nome e fotografia injuriosamente
divulgados pelos Órgãos de Informação e pelas
Polícias políticas do Regime, como “bandido e infrator” ao “Status” da
Ditadura... Foram os Danos Ético, Moral e Material maiores que sofri,
ainda hoje passivos de reparação justa, que motivaram minha
execração pública mesmo depois do meu retorno à Pátria,
após os dez anos de cassação dos meus Direitos Civis
(expirados em princípio de 1975); vale dizer, em detrimento doméstico
da minha condição, à época, de arrimo de família
(Mãe viúva e pobre/carente, e nove irmãos(ãs)
menores de 16 anos); e o meu banimento da Pátria impelindo-me, à primeira
fuga (do cárcere da 5ª Cia. de Guardas do Exército em
Belém-PA), a sofrimentos e esforços cruciais para superar barreiras
e obstáculos intra e extra-fronteiras da evasão, em legítima
defesa da integridade física e da vida, escapando-me da morte mandada;
o exílio forçado como refugiado político na Cidade do
Panamá, sob a Proteção da ONU, do Alto Comissariado
das Nações Unidas Para Refugiados na Ciudad del Panamá,
através do Posto Avançado para Refugiados na Ciudad Bolívar-VEN,
Estado (Panamá) em que permaneci exilado “pro forma” por
mais de 18 anos incluindo tempos de diversas incursões ilegais, de
volta, aos subterrâneos clandestinos deflagrados do Brasil (“Anos
de Chumbo!!!”), de meu próprio alvitre auto-consciente e épico,
inserindo-me nas guerrilhas urbanas e rurais de PE, Oeste da BA, urbanas
do RJ, SP, MG... e rurais do Sul do PA (como correspondente internacional
de imprensa clandestino, de diversos Países Socialistas incluindo
Cuba, Nações congregadas da URSS e China... todos estes fatos
da minha vida pregressa, na marginalidade social e política compulsória,
lançado ao banimento sumário que fora eu pelos déspotas
antropóides castrenses da Ditadura Militar (os “Gorilas filo-yankees
de 64” que assumiram então o Poder da República, e montaram
o regime político bandido e subversivo, opressor, sanguinário,
intolerante e apátrida que me impeliu à insurgência,
suscitou-me danos profundos e então irreparáveis à minha
cidadania e à minha trajetória de dignidades humanas como Cidadão
honrado e como Pessoa do Bem (claro que por minhas próprias vontade
e opção de culpa e riscos de opinião, pensamento, ação
e postura política subjetiva individual), todavia tendo como origem
ideológica o sentido do amor à Pátria, a preocupação
com o destino do meu Povo e do meu País, e os sentimentos políticos
da solidariedade, da igualdade humana, do fraternalismo social, do pluralismo
democrático, da Paz Universal... objetos dos ensinamentos pedagógicos,
políticos e comportamentais que me foram transmitidos, fundamentalmente,
na minha infância e adolescência, pelo meu indelével e
sapiente Genitor biológico de codinome-de-guerra Anastácio (Heráclito de Araújo Rodrigues) - vide referência memorial
abaixo neste texto.
Vim ao mundo em numerosa prole (4F+6M=10 de uma só barriga) de dez
crianças paridas em pouco mais de uma década, quase um nascituro
a cada doze meses, entre os Anos 36 e 48 do Século XX - Léa*1936,
Francisco Paulo*1937 (Eu), Otaviano Augusto*1939, Washington*1941, Elizabeth*1942,
Olívia Diana*1944, Newton*1945, Douglas*1946 (falecido em acidente),
Astréa*1948 e Emerson*1951 - vale dizer, no período político
conturbado e simultâneo respectivo da Segunda Guerra Mundial e da Ditadura
Vargas (“Estado Novo”).
Hoje com 76 anos, fui eu o segundo a nascer (1937), de um casal de camponeses
pobres da Zona Agrícola Tabaqueira primitiva do vale serrano do Murupu-Boqueirão-Serra
da Moça, a 60Km a Noroeste da cidadezinha de Boa-Vista localizada à margem
direita do Rio Branco (afluente do Rio Negro que é o maior tributário
do Amazonas-Solimões). Estendida desde a foz do Rio Cauã-Mé abaixo
(margem direita o Rio Branco), Boa-Vista está a 800Km ao Norte de
Manaus-AM e era então séde do antigo Município de Rio-Branco-AM,
depois Território Federal do Rio Branco, mais tarde renomeado como
Território Federal de Roraima e, por último (1972), promovido
a Estado de Roraima (RR) do qual Boa-vista é hoje a Capital.
Roraima faz fronteiras internacionais com a RBV-República Bolivariano
da Venezuela (divisores W, NW e N), e com as repúblicas da Guyanna
(E), do Suriname (SE) e com a Guyanna Francesa (SE) as três na orla
atlântica ocidental do Mar do Caribe, e tem fronteiras intranacionais
com os Estados do Pará (SE) e do Amazonas (Flancos Meridional e Ocidental)
incluindo o Vale do Rio Negro até seu afluente o Canal Cassiquiary
(W) defluente do Orinoco no Estado del Amazonas venenezuelano, e afluente
do Rio Negro este o segundo maior afluente do Amazonas depois do Xingu.
De um fenômeno curioso, inusitado e singular
no Planeta.
Uma curiosidade planetária excepcional (!...): – o defluente
internacional-amazônico Cassiquiary. Inusitado Acidente Hidro-flúvio-geológico
que decorre de um inédito fenômeno telúrico isolado e único
no Planeta, em que num determinado ponto do platô da Serra do Parima
por onde trajeta o talvegue principal do Alto Orinoco, às proximidades
de suas cabeceiras no sopé do Pico Imery (ou Pico da Neblina), corrente
no sentido S/N, desde o supra citado maciço que é o mais alto
relevo montanhoso do Brasil com mais de 3 mil metros de altitude vertical,
de súbito, à influência da gravidade, num ponto pétreo
da borda esquerda do leito no Altiplano Parima, uma grande falha rochosa
ciliar depressiva do estuário, dá vazão a um gigantesco
e eclosivo defluxo hídrico!... E um super-denso e volumoso caldal,
mercê da Lei da gravidade terrestre, precipita-se encosta abaixo, drenando águas
em profusão, numa ruidosa e velocíssima corredeira que, já lá embaixo á planície
ondulada, no que alcançam as vistas do observador, vai alimentar um
caldaloso e enorme curso fluvial encachoeirado denominado Canal do Cassiquiary
(nome que no Idioma Yanomami a Etnia Local significa “o soberano dos
rios encachoeirados), a vasculhar a Planície Amazônica Venezuelana
a Oeste da Cordilheira do Parima e, após uma curva de quase 180 Graus,
o leito caldaloso passa a descrever um sinuoso trajeto retroativo, de cerca
de 300Km de extensão planiciária, ao rumo S, cortando as florestas
intertropicais úmidas meridionais da Amazônia Venezuelana, ao
Extremo Leste da Colômbia. E desemboca potente, denso, veloz e volumoso,
acima da Cidade de São Gabriel da Cachoeira-AM, à margem esquerda
do Alto Rio Negro um dos maiores afluentes do Grande Amazonas-Solimões
em cuja Foz (do Rio Negro) se encontra a Metrópole Manaus-AM. Conclui-se
que o Cassiquiary é defluente do Orinoco (RBV) e afluente do Rio Negro
(AM-BR), vale enfatizar, é um fenômeno hidro-geológico único,
jamais visto em todo o Mundo, em que uma enorme Bacia Fluvial (a do Orinoco-RBV)
comunica-se diretamente com outra extraordinária Bacia Hídrica
(a do Amazonas-BR) que é a maior do Planeta. A paradisíaca
Bacia Intertropical do Cassiquiary e suas exuberantes florestas ciliares,
no Estado Venezuelano do Amazonas (RBV), associadas à não menos
deslumbrante e riquíssima Bacia do Alto Orinoco, no mesmo Estado Venezuelano,
dão guarida a um fascinante projeto socioambiental da RBV, em parceria
com o Binômio ambientalista das Nações Unidas UNESCO/MaB
(Man and Biosphere – O Homem e a Biosfera), projeto chamado RBAOC (Reserva
de la Biosfera del Alto Orinoco y el Cassiquiari) consagrada pela UNESCO-MaB
como RBH-Reserva da Biosfera da Humanidade.
Da minha terra de origem.
Em seus aspectos hidro-fito-geoecológicos, a área territorial
de Roraima é dotada de duas importantes regiões geodésicas
e geopolíticas longitudinais, ao longo da Bacia Fluvial Uraricoera-Rio
Branco, cursivas N/S e distintas, riquíssimas em recursos demográficos
e antrópicos gentílico-aborígines primitivos e de enorme
diversidade hidro-fitoecológica, embora em notórios e lamentáveis
processos de degradação ambiental e etno-sóciocultural,
em face do secular predomínio colonial anacrônico, espoliativo
e colonial avassalador das frentes antrópicas envolventes e obscurantistas
chamadas de “civilização cristã-ocidental”),
diversidade demográfica de numerosos grupos étnicos silvícolas
ameríndios, camponeses de estepe e montanheses semi-nômades
(em regime etno-sociocultural orgânico agrupados em aldeias tribais
primevas de grupos lingüísticos ultramilenares), sendo eu próprio,
com orgulho e convicção atávica e ideológica
um descendente em segundo grau de uma das mais importantes e históricas
etnias ameríndias da Região (os Makuxi das malocas Rapôsa-Serra-do-Sol).
A Zona de Florestas Intertropicais Úmidas ciliares do Baixo Rio Branco-Jauapery-Amã-jary
(ecossistema amazônico florestal típico) constitui a metade
Meridional de Roraima, ao Norte de Manaus-AM, compreendida pela Bacia Tributária
esquerda do Rio Negro afluente maior do Amazonas-Solimões; e, à outra
metade, o Alto Roraima, ou Roraima Boreal, (ao Norte de Boa-Vista) é caracterizada
não só pelos chamados Campos Gerais, permeados de áreas
Onduladas de pequenas montanhas, estepes e vales de grama, ilhotas-de-buritizal
(nichos ecológicos, verdadeiros oazes paradisíacos tropicais
no meio semi-árido do lavrado. Serrados, capinzal e grama de pradaria
(os “Lavrados naturais” onde vivem livres e pastam escabreados...
(- Vide Páginas a seguir...) -
...os
fascinantes, exóticos, rústicos e belíssimos “Cavalos
Selvagens de Roraima”) ...
Vasculhados pela Bacia do complexo fluvial Rio-Branco-Cauã-Mé-Uraricoera-Tacutu-Maú,
e seus Tributários e sub-tributários, de nascentes hidro-alimentadas
desde os contrafortes orográficos da borda fronteiriça constituída
pelos Sistemas Parima-Imeri e Guyanno de Montanhas, isto é, pelas
Cordilheiras divisórias de água SW / W / NW / N /NE / E / SE,
vale dizer, os maciços Imeri (Neblina)-Parima-Pacaraima - Roraima-Yacuntipu...
desde o paradisíaco Vale amazônico-venezuelano do Cassiquiary
- Alto Orinoco, onde se localiza a já mencionada RBAOC-Reserva de
la Biosfera del Alto Orinoco y el Cassiquiary, da RBV. Daí, em segmento
orográfico linear divisório até a fronteira tríplice
Brasil-Guyanna-Suriname, onde está o início da Cordilheira
Tumucumac que se compreende como o marco tríplice linear Setentrional
do Brasil com o Suriname e a Guyanna Francesa, em atalaia federal compartilhada
com os Estados brasileiros do Amazonas, Pará e Amapá.
<< PROPOSTA AMBIENTAL>>
|
SPPCASERR
|
SALVAR, PROTEGER E PRESERVAR OS CAVALOS SELVAGENS
DE RORAIMA
|
- Texto adaptado e reeditado por Paulo Lucena (etnólogo-indigenista) da OnG Caampa em 29/05/2012: – www.ongcampa.com.
Objetivo.
Temos a intenção programática de organizar viagens coletivas
com possibilidades de contemplar os animais no campo. Não serão
roteiros turisticos regulares com fins econômicos, mas experiências
socioambientalistas eventuais de aventura e contemplação bucólica
e preservacionista, para turismo laico e/ou investigatório-científico
que poderão resultar em encontros luxuriantes e visões ambientais
de encher os olhos e aguçar as perspectivas socioambientais de ação
protetora dos(as) ambientalistas Mulheres e Homens de Boa-Vontade.
A Ong ambientalista pan-americana CAAMPA-Cooperação Antrópica
Associativo- Ambiental Panamazônica, enquanto OSCIP-Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público brasileira, defende esta Proposta
Científica e Programática, a ser desencadeada brevemente (Exercício
2013), no sentido de agir sutilmente na sistemática e específica
Proteção, Preservação e Conservação
ambiental e ecológica dos Cavalos Selvagens de Roraima no seu habitat
natural, em futuros Programas de Parceria e Cooperação fraternal
com Pessoas, Entidades Sociais e/ou OGN-Órgãos Governamentais
Nacionais que já estejam presentes e atuantes no Setor e no Subjeto
Bio-Ecológico dos Cavalos Selvagens de Roraima, assegurando ações
sutilmente isentas de interferência antrópica que possam desvirtuar
a natureza e a íntegridade primitiva e genética da espécie
preexistente que, lamentavelmente, remanesce em franco processo de degradação
e extinção em perspectivas previsíveis. Como expresso
no contexto da Proposta, nosso objetivo estratégico essencial é Salvar
Proteger e Preservar os Cavalos Selvagens de Roraima.
Foto: JucáCavalos Selvagens de Roraima
Foto: André
Cavalos Selvagens de Roraima trotando em deslocamento ambiental no Lavrado Uiramutã.
O cavalo lavradeiro de Roraima, também chamado de cavalo selvagem, é um
dos principais símbolos do Estado de Roraima e, por isso, normalmente é visto
estampados em camisetas, ônibus e em outros espaços de souvenir,
objetos e locais que representem a região. Além disso, esse animal
vem sofrendo, durante séculos, adaptação biológico-ambiental às
condições rústicas do lavrado, que o tornaram bastante
resistentes. Uma das características que mais desperta o interesse das
pesquisas é o incrível desempenho físico do cavalo lavradeiro,
capaz de percorrer grandes distâncias em alta velocidade, alimentando-se
apenas do capim do lavrado que, por sua baixa qualidade nutricional, é conhecido
popularmente como FURA-BUCHO.
Foto: J. PavaniCavalos Selvagens de Roraima em galope de fuga a 60 KPH
Foto: J. Pavani
... correndo no lavrado
O Cavalo Lavradeiro é um ótimo exemplo da ação
da natureza que, ao longo dos séculos, foi eliminando os genes desfavoráveis,
fazendo com que apenas os animais mais robustos, fortes e adaptados sobrevivessem.
Esses fatores evolutvos levaram esses cavalos a apresentar características
bastante peculiares: são animais pequenos (1,40 m), com alto índice
de fertilidade, muito velozes (podem correr por 30 minutos a 60 Km/h), resistentes
ao trabalho árduo e tolerantes a doenças e parasitas. Considerado
um animal esperto, de porte elegante, o cavalo selvagem de Roraima tem olhos
grandes, pernas fortes e flexíveis. É ótimo tanto para
trotar quanto para galopar.
Os cavalos selvagens de Roraima vivem totalmente em liberdade. Alguns deles
nascem e morrem sem terem tido nenhum contato com o homem. Costumam andar em
bandos de apenas um macho adulto, um macho jóvem primogênito aprendiz
e cerca de oito a dez fêmeas.
Foto: J. Pavanicavalos Selvagens de Roraima em pleno galope migratório no Lavrado Boreal
Foto: J. Pavani
Bando galopando no Lavrado
Este exótico símbolo de liberdade habita as planícies
campineiras de Roraima, por aqui chamadas de lavrado. Chegaram ao Brasil pelo
início do Século XVI (1718), trazidos pelos colonizadores portugueses,
secundados por fazendeiros Ibéricos. O cruzamento com outras raças
da Região tem contribuído para a sua descaracterização
racial primeva. A origem das numerosas manadas hoje selvagens foi a dispersão
a partir das diversas fazendas que aqui se instalaram a partir da Colonização
portuguesa e ibérica os pioneiros do desbravamento de Roraima. Naqueles
tempos considerado como Província do Rio Branco, e depois já ao
Século XIX, como Município do Rio Branco-AM, e por último
aos meados do Século XX Território Federal do Rio Branco e, finalmente,
em 1972, elevado à categoria de Estado de Roraima.
Conta a história ancestral que, até finais do Século
XIX, mais de dois mil cavalos selvagens habitavam a zona boreal da antiga Província
do Rio Branco-AM, até seu estágio de Município do Rio
Branco-AM no início d Século XX, hoje desde 1972 Estado de Roraima.
Fustigados, assediados e agredidos por Fazendeiros, que os capturavam para
adestramento e utilização, hoje, esse número talvez não
chegue a 200 indivíduos equinos campestres remanescentes.
Atualmente, os raros animais localizam-se, em diversas manadas de 8 a 12 cabeças
a perambular principalmente na região de lavrado, nos Municípios
Roraimenses de Amã-jari(SW), Uiramutã(W/NW), Normandia(N) e Pacaraima(N).
Cada manada de 8 a 12 cabeças constitui-se na maioria de Éguas
parideiras sob o domínio absoluto de um Garanhão secundado por
um segundo Macho, jovem, o Primogênito, permitido na manada como aspirante
a futuro Garanhão do Grupo após a morte senil de seu Pai líder
da manada. Todos os outros machos que venham a nascer são abruptamente
expulsos pelo Garanhão tão logo alcancem os limites da puberdade.
E permanecem soltos e solitários nos campos à espera de alguma
manada de que porventura o garanhão tenha morrido senil, e assim, o
Macho livre empreenderá uma disputa violenta com o herdeiro novo Titular
do Grupo de fêmeas órfãs-viúvas.
Por viverem em regiões de difícil acesso, muitos deles nascem,
crescem e morrem sem ter contato com o ser humano, formando assim várias
gerações livres do adestramento. Dizem os especialistas que os
cavalos de Roraima não têm a elegância de raças nobres,
como os mangas-largas marchadores ou os puros-sangues ingleses, mas ganham
em galopagem e em resistência física. Durante a seca, percorrem
grandes distâncias, fugindo das queimadas, e na busca de água
para sobreviver e, na época das chuvas, ficam até quatro meses
com as patas imersas dentro d’água. A raça ficou até conhecida
como “pé duro”, pela resistência de seus cascos.
Foto: Jorge Macedo Cavalos Selvagens de Roraima pastando no campo do lavrado 1
Foto: Jorge Macedo
... Pastando no campo do lavrado 2
Da minha educação infanto-juvenil e formação
auto-didática revolucionária; Da morte do meu Pai e Preceptor
Político-Ideológico; Do meu adestramento informal como operador
aeronáutico; Do meu ingresso na FAB-Força Aérea Brasileira
em 1952, e engajamentos como Cabo e Sargento Radiotelegrafista VE-Voluntário
Especial; e da minha admissão por concurso público na Petrobrás
como Radiotelegrafista, em 1957.
Minha Mãe Adalgisa Lucena (*1909, †1998), filha de imigrantes
paraibanos chegados à Região no início do Século
XX e engajados à produção rural familiar de Boqueirão-Serra
da Moça-Truaru, onde fixaram domicílio, foi uma jovem que deixou
marca memorial eminente e romântica na história temporânea
de Boqueirão-Serra da Moça e do Vale Anzol-Truaru, não
só por sua reconhecida e exuberante formosura e caráter ímpares,
que se fazia cobiçadíssima pela rapaziada regional e, depois,
ao avançar na idade, como ativista comunitária, ao lado de
seu amado Companheiro o camponês (de origens guyannesa-indu e ameríndia
local) o negro-cafuso marxista e notável militante social Heráclito “Anastácio” de
Araújo Rodrigues (meu Pai), que dedicou sua vida inteira à assistência
social popular e à saúde pública em favor dos mais humildes
do campo, uma dupla que, reconhecida pela Governadoria do Território
Federal, fora então admitida e capacitada a prestar serviços
de assistência social e sanitária às Comunidades Rurais,
sob os auspícios orçamentários da Administração
Pública Federal (do então Ministério do Interior e Justiça
que administrava o Território) e o apoio e orientação
direta do Órgão Governamental pertinente a DSP-Divisão
de Saúde Pública hoje SESAP-RR-Secretaria de Estado da Saúde
Pública.
Meu Pai Anastácio (*1900, †1951), tinha pele negra e cabelos
lisos, de origem mestiça anglo-indiana, de Pai (meu Avô) indu-anglo-guyannês
(da Antiga Guyanna Inglesa hoje República Popular da Guyanna), e Mãe
(minha Avó paterna) indígena pura das malocas Rapôsa-Serra-do
Sol, como já dito acima, da conhecida e histórica etnia aborígine
Makuxi.
Meu inesquecível e venerado Pai Anastácio (!!!...) foi um dedicado
e permanente preceptor educacional e mestre autodidata da minha formação
sociocultural básica e extensiva. Transmitia-me quase que diuturnamente
ensinamentos intensivos que depois me fizeram tambem enveredar pelos caminhos
multiculturais da autodidática aplicada. Até parece que ele
tinha consciência premonitiva do seu papel dentro do Mundo e de sua
relativa exigüidade de tempo-espaço vital no Planeta e, assim,
imprimia constância permanente e intensividade extraordinária
em sua excelente e irrenunciável ação pedagógica
informal sobre mim seu primogênito. E foi tão forte e sobretudo
eficaz o seu desempenho “programático” doméstico
de ensinamentos para mim, até meus 14 anos que, efetivamente, então,
e depois de sua morte prematura, em 1951, aos 51 anos de idade, que seus
ensinamentos fizeram-me prescindir totalmente de frequentar escolas tradicionais,
desde a alfabetização (ainda com ele em vida) às noções
básicas da cultura e da educação fundamental, com ele
já falecido, na minha juventude avançada, até aos ensinos
complementares de segundo e terceiro graus, minhas percepções
passaram a ser de que meus conhecimentos, adquiridos pela autodidática
por ele induzida, e pelas pesquisas literais e práticas cognitivas
por ele incutidas, tudo desencadeou em mim a nítida sensação
de que, para minha consciência e discernimento, tornaram-me desnecessários
os cursos escolares formais primário e secundário, e até os
subsequentes ensinos acadêmicos, os aprendizados ditos “superiores”...
Em outras palavras, para mim, em termos de aprendizado e aquisição
do saber, tem sido muito fácil. Pelas vias da autodidática
e das práticas cognitivas literais, o acesso ao conhecimento, à capacitação
científica, ao saber filosófico e aos domínios tecnológicos.
E não tenho nenhuma frustração por haver sido eu induzido
a dispensar as próprias possibilidades de acesso à Escola e à Academia
formais e comuns a todos os adolescentes, jovens e adultos da minha geração.
Vale enfatizar, o aprendizado pedagógico-doméstico básico
e sistemático que me foi ministrado intensivamente em Casa por meu
Pai Anastácio, até meus 14 anos, e os fundamentos dialéticos,
sociais e filosóficos que ele me incutiu induzindo-me ao ativismo
político marxista e socioambiental sustentável, foram tão
eficazes, suficientes e completos que até hoje vejo-me eu com aquelas
condições ideológicas consolidadas e refletidas nos
fundamentos teóricos, em função do meu engajamento sociopolítico-ideológico-insurgente,
que expressei eu na parte introdutória deste Depoimento endereçado às
Autoridades Judicantes da Suprema Côrte, sobre esta minha Instância
Processual Vindicatória. Vale repetir, fi-lo com a modéstia
do estóico, a convicção do fundamentalista no bom sentido
da acrisolada consciência holística, e a fidelidade e transparência
do combatente rebelde, enfermo-mórbido quase terminal, pressentindo
o fim da existência mas consciente, sóbrio, perfilado, satisfeito,
com os meus deveres cumpridos...
Anastácio, enquanto ativista camponês comunista, exerceu extraordinária
influência ideológica sobre minhas perspectivas políticas
e de postura social como Homem e como Cidadão do Mundo (Cosmopolita),
vale dizer, a ter uma consciência consolidada da minha posição
dentro do Mundo, em especial sobre três aspectos essenciais e intrínsecos
da Humanidade em sua relação com o Planeta (aspectos antrópicos):
1) a vida compartilhada, igualitária e pluralista em sociedade; 2)
o meio ambiente entendido na biosfera terrestre como abrigo e cadeia alimentar
do Planeta; e 3) a necessidade básica de cada membro da Comunidade
Humana em assumir o seu papel de responsabilidade social e sustentabilidade
socioambiental.
Era ele um Cidadão altamente ilustrado, de modos, aparência
e postura carismática, exótica, delicada e multiculta, mentalidade
cosmopolita e internacionalista (não admitia ontem, como eu hoje,
fronteiras geopolíticas e limites de Bandeira ou de Pátria,
e pregava a fraternidade Mundial entre os povos e a Paz Universal). Profundamente
versado em história da humanidade, da cultura, das Ciências,
da Música e das Tecnologias (até hoje sou amante fanático
de música erudita barrôca, chamberista, e clássicas universais
em geral, em memória atávica a Anastácio, a meu Tio
seu Irmão violinista erudito Tito Rodrigues e às minhas virtuosas
Tias suas irmãs pianistas clássicas Zuca e Ziloca, todos falecidos
pela extrema senescência), geografia, literatura, poesia, filosofia,
ciências, antropologia indigenista, política, socialismo...
tudo isso missigenado à filosofia de ensinamentos doutrinários
e científicos (embasados no conceito marxista dialético de “Meios,
Modos e Relações de Produção”) e no Manifesto
Comunista de Karl Marx e Frederich Engels, e das experiências históricas
da Revolução Russa, de que ele tinha o maior prazer em disseminar
e pregar, desde minha época de criança (6 anos) até próximo
aos limites da adolescência (14 anos), quando, para nosso maior pranto
e melancolia (da numerosa Família Lucena Rodrigues deixada por Anastácio,
de 11 Membros: Adalgiza a Jóvem Mãe Viúva, então
com 31 anos, e 10 crianças de 2 a 14 anos) ele veio a falecer, em
Boa-Vista-RR, de miocardiopatia hipertrófica (“coração
de boi”), à época doença incurável e terminal
(hoje, por herança genético-patológica, a mesma doença
coronariana que me acomete mas, felizmente, tenho-a sob contrôle clínico-terapêutico
permanente, Graças a Deus e à dedicação profissional
de 4 Médicos especializados de Belém-PA, sob os auspícios
da Petrobrás) de par com mais outras quatro doenças crônico-degenerativas
não menos graves, conforme a seguir.
Hoje, no meu patamar setuagenário, além da miocardiopatia-hipertrófica,
sofro também da respectiva seqüela intrínseca chamada
de HS-Hipertensão Sistêmica e da terrorosa ICC-Insuficiência
Cardíaca Congestiva doença ainda atualmente considerada como
mortífera iminente (terminal) que consiste do permanente congestionamento
sanguíneo coronariano-vascular em eventual inflamação
(edema) dos Pés e das Pernas, que se avolumam enormes, sob os efeitos
emo-inflacionários mórbidos causados pelo baixo desempenho
do Coração em suas funções de bombeamento vascular,
vale dizer, pelos reflexos de dreno em face da tendência homeo-estática
da gravidade, devido ao tênue rendimento pressórico do fluxo
e refluxo cardíaco, o volume do líquido sanguíneo do
corpo, nas posições corporais erecta ou assentada, drenam-se
em maior parte para os membros inferiores, causando graves edemas volumétricos
nos pés e nos músculos inferiores de contorno das pernas, urgindo
assim à necessidade permanente da prática intensiva diária
de repetidas sessões de fisioterapia em posição de decúbito
corporal perpendicular (pés acima e cabeça abaixo) como forma
eficaz de auxilio gravitacional às funções vasculares
do Coração. No meu caso, sofro 5 Sessões fisioterápicas
sistemáticas a cada 24 horas, no sentido de manter a normalidade das
minhas funções vasculares e uma qualidade de vida razoável
nos interstícios entre uma sessão e outra durante as 24 horas.
Em 1946, uma ilustre e magnânima figura Governamental que era amigo
fraterno de meus Pais o 1º Sargento da Aeronáutica Militar do
Exército Brasileiro Fernando Gama, freqüentador de nossa Casa,
convidou-me a visitar o Centro de Contrôle Aéreo do Destacamento
de Aeronáutica que ele comandava no Aeroporto da Cidade, no Centro
Urbano de Boa-Vista onde se localizavam duas Salas dotadas de aparatos e
sistemas de avançada tecnologia para a época, ou seja, a Estação
de Proteção ao Vôo com dispositivos de transmissão
e recepcção radiofônicas e radiotelegráficas,
para contrôle e aproximação de aeronaves e, à outra
Sala, o Centro de Meteorologia e Observação do Tempo dotado
de diversos aparatos técnicos de controle e aferição
sofisticadas. O Sargento Gama, além de Comandante do Destacamento,
era o Radiotelegrafista e Meteorologista Aeronáutico, assumindo todas
as operações do complexo ali instalado. Tinha eu então
nove anos de idade, e Gama dissera a meus Pais que iria dar-me instruções
e treinamento técnicos efetivos para que eu pudesse vir a ser um futuro
profissional operador da Aeronáutica. E assim aconteceu. Após
mostrar-me com entusiasmo e carinho todos os componentes da Unidade, fiquei
verdadeiramente fascinado com a inusitada visão da tecnologia e a
promissora oferta de aprendizado. 2 anos depois (1948), o então Presidente
Eurico Gaspar Dutra (eleito em 1946 após a queda do Estado Novo) decretou
a criação do Ministério da Aeronáuica, assim,
transformando o Departamento de Aeronáutica Militar do Exército
em “Força Aérea Brasleira” (FAB) uma corporação
militar que passou a carecer de contingentes de Recursos Humanos para adimplementar
seus Quadros profissionais. Infelizmente à época, eu tinha
apenas 11 anos e minha idade não me permitia ser admitido. Para minha
sorte, e o privilégio da continuidade do aprendizado, o Sargento Gama
fora então confirmado como Comandante do Destacamento da recém-criada
FAB em Boa-Vista. Era início de 1948 e, assim, eu continuei colaborando
com a FAB, tornando-me ainda mais capacitado. 3 anos passaram-se em que,
sob o contrôle e o apoio coerentes do meu Pai e Preceptor Educacional
Autodidata Anastácio, e a ação efetivamente magnânima
do meu Padrinho Sargento Gama, absorvi todo o excepcional processo de capacitação
técnica e profissional em radiotelegrafia MORSE e meteorologia aeronáuticas.
Aos 14 anos (1951), quando infelizmente Anastácio veio a falecer,
o nosso grande amigo Sargento Gama declarou, solenemente por ocasião
do Velório, perante minha jóvem Mãe viúva Adalgiza,
que se manifestou orgulhosa: “seu filho está preparado profissionalmente
para assumir os encargos de operador radidiotelegrafista e controlador aeronáutico”.
Em 1952, aos 15 anos, passei a sofrer eu uma cruel depressão e desequilíbrio
emocional severo que me levaram inclusive a buscar lenitivos ilusórios
na ingestão de álcool e nos antros de prostituição.
No auge dos transtornos mental e social, resolvi então empreender
uma aventureira fuga para Manaus, embarcando clandestinamente num Comboio
Fluvial Boiadeiro de Exportação, cuja viagem durou quase dez
dias em razão de problemas de transposição da grande
Cachoeira de Caracaraí. Permaneci em Manaus por cerca de duas semanas
e dei início a uma nova aventura. Num Navio-Motor de passageiros do
SNAPP-Serviço de Navegação da Amazônia e Administração
dos Portos do Pará desci o Rio Amazonas Até Belém-PA,
onde ainda achava eu que não seria o meu destino sonhado. Meu objetivo
era chegar até São Paulo-SP onde sonhava prestar concurso para
ser radiotelegrafista profissional da FAB. Em Belém, tive um reencontro
inesperado e providencial. Num passeio eventual ao Aeroporto Militar da Base
Aérea de Val-de-Cães avistei a figura linda e simpática
do meu Padrinho Sargento Fernando Gama, recém-chegado de Boa-Vista,
em recesso de férias. Mostrou-se supreso, satisfeito e alegre por
encontrar-me e me revelou da aflição de minha Mãe em
Boa-Vista que, inclusive segundo ele, fora ela a Manaus na tentativa frustrada
de resgatar-me e levar-me de volta. Vi em seus sentimentos paternalistas,
quase tutelares, em relação a mim, todavia, que ele estava
disposto em ajudar-me à busca do meu grande ideal de vida. Confessei-lhe
meu objetivo de ir para São Paulo onde gostaria de prestar concurso
para radiotelegrafista da FAB. Isso transcorria ao quinto mês de 1952.
Fernando Gama dispôs-se em ajudar-me. Marcamos encontro daí a
dois dias em sua residência de Belém. Lá, ele então
me revelou que resolvera assumir informalmente a minha tutela perante o CAN-Correio
Aéreo Nacional, da FAB, e arranjara uma Passagem Aérea Belém/São
Paulo daí a 5 dias. E preparara também uma Carta Aberta de
Recomendação a um seu amigo militar da BASP-Base Aérea
de São Paulo em Cumbicas-Guarulho-SP para que me recepcionasse, na
Capital Paulistana, e desse-me apoio. E através da radiotelefonia
ITT ele falara com minha Mãe, dera-lhe boas notícias minhas
e pedira a ela que enviasse imediatamente, o que ela fez de pronto, pelo
Malote do CAN-Correio Aéreo Nacional da FAB, uma Declaração
Pública reconhecida em Cartório expressando que eu não
era “Arrimo de Família”, documento indispensável
ao meu possível futuro engajamento como Voluntário Especial
da FAB. E, de maneira generosa e delicada, ofertou-me uma boa quantia em
dinheiro que, segundo ele, daria para eu me sustentar durante um mês
em São Paulo. À data marcada, viajei pouco antes do amanhecer,
num bimotor C-47, chegando no aeroporto militar da BASP em Cumbicas ao fim
da tarde do dia 03/06/1952. Ato contínuo, fui a procura do Sargento
Hernani destinatário da Carta do meu Padrinho. Encontrei-o e lhe entreguei
a Missiva. Ele leu em silêncio e não demonstrou nenhum sinal
de sensibilidade a mim. Seu silêncio foi eloqüente em transparecer
com gestos e olhares frios e desconfiados de que eu não seria bem-vindo
a ele, fato que, no entanto, não me abalou, tão forte era a
minha moral objetiva, e até por que eu portava ao bolso dinheiro suficiente
para sobreviver e buscar novas perspectivas imediatas de sobrevida naquela
Cidade. Orientado por um simpático circunstante no local, tomei um ônibus
com destino ao Vale do Anhangabaú onde, segundo o novo amigo, seria
fácil encontrar pousada franca e restaurante barato. Na populosa,
efevercente mas simples e modesta região do Anhangabaú fixei
meu novo domicílio acomodando-me numa caverna debaixo do Viaduto do
Chá (Santa Ifigênia), onde papelões de caixa e jornais
lidos desidratavam-me as noites e confortavam-me o sono horizontal em decúbitos,
tendo o chão-batido como colchão-dormitório. Melhorou
o conforto, perante o frio, dois dias depois, com a compra de um manto de
frio, e um fofíssimo travesseiro-de-espuma. Adotei tarefas de “flanelinha” como
ganha-pão diário, e arranjei fraternos amigos jovens e livres,
como eu, na relação com donos de automóveis estacionados,
nos páteos e praças contíguas, que guardávamos
e cuidávamos numa relação fraterna de grupos às
proximidades do Teatro Municipal, do Mapin e do Centro Comercial adjacente. É bom
e oportuno ressaltar, como dado sociológico e histórico da época
deste enfoque memorial (meados do Século XX) que, no âmbito
antrópico-social do Vale do Anhangabaú e adjacências,
então, dentre as numerosas crianças e adolescentes abandonadas,
desgarradas de família, e carentes que povoavam os espaços
e os tempos diuturnos do Anhangabaú, esse efervecente Vale Urbano
da Maior Cidade industrial do Planeta, não se percebia como hoje detetamos
nós estarrecidos, os altíssimos índices de pessoas delinquentes
e infratoras dentre a população infanto-juvenil local. Naqueles
tempos a Gente dormia tranquila debaixo dos viadutos, sem contendas, sem
prevenções nem sobressaltos. E os transeuntes urbanos, numerosos
da área, em seus meio, modo e relação de circunstâncias
diárias, circulavam sem medo nem precaução de quaisquer
ordens.
Passados 8 meses de morada debaixo do Viaduto, no meu quotidiano de menor carente
e semi-abandonado, com domicílio no Vale do Anhangabaú, em fevereiro/1953,
uma notícia fantástica e promissora nas páginas dos jornais.
A Força Aérea Brasileira abre alistamento militar para jovens,
como Voluntários Especiais, com limite de idade mínima de 16
anos. Exultei de animação incontida. Eu naquele ano (1953) houvera
completado 16 anos em 5 de janeiro. No dia seguinte, 16/02/53 postei-me numa
fila quilométrica em frente o Departamento de Pessoal da BASP em Cumbicas
disposto ao Cadastramento. Ao preencher o Formulário, o militar recepcionista
admirou-se das informações de que era eu capacitado em radiotelegrafia
e meteorologia aeronáuticas, e contrôle de tráfego aéreo.
Ao dia seguinte, da triagem para entrevistas, fui logo encaminhado â presença
de um Capitão Aviador responsável pela triagem de voluntários
profissionais, o qual após um diálogo intenso em que ele me testava
conhecimentos técnicos e profissionais de radiotelegrafia e meteorologia
aeronáuticas e de contrôle aéreo em aeroportos, o Capitão
Bayard mostrou-se admirado e satisfeito, e disse-me que, mediante um teste
prático de aptidão, eu seria imediatamente matriculado na Escola
Regimental da Base para um estágio preparatório do qual em três
meses eu poderia ser graduado como CB-QRT-AU-VE (Cabo do Quadro de Radiotelegrafistas
Auxiliares – Voluntários Especiais), e em seguida, segundo o Capitão,
uma vez promovido a Cabo, eu poderia ser transferido para um Estágio
de Tecnologia na EEAer-Gua-Escola de Especialistas da Aeronáutica em
Guaratinguetá-SP, onde em seis (6) meses eu poderia ser graduado como
3S QRT-TE/VE (3º Sargento do Quadro de Radiotelegrafistas de Terra – Voluntário
Especial) para um engajamento contratual de 3 Anos com direito de reengajar
por mais um período. À semana seguinte, lá estava eu,
após a matrícula, em pleno estágio técnico na ER/BASP-Escola
Regimental da Base Aérea de São Paulo, onde após 3 meses
fui eu promovido a Cabo QRT-AU-VE, passando então a ser inserido na
escala de serviços suplementares do CTA/SPV-BASP-Centro de Telecomunicações
Aeronáuticas / Serviço de Proteção ao Vôo
da Base Aérea de São Paulo. Tinha eu então 17 anos (Fev/1954).
Logo em seguida Mar/54 tive a felicidade de ser encaminhado ao estágio
tecnológico profissionalizante da EEAer-Gua-Escola de Especialistas
da Aeronáutica, de Guaratinguetá-SP, onde ao cabo de seis (6)
Meses, em agosto/54, formei-me e fui promovido a 3S-QRT-TE/VE-Sargento do Quadro
de Radiotelegrafistas de Terra / Voluntário Especial. Assim, para minha
plena felicidade, ainda aos 17 anos, alcançara eu o ápice das
minhas aspirações juvenis alimentadas desde minha migração
adolescente quando abandonei o convívio Familiar e minha saudosa Mãezinha
Adalgisa Lyra de Lucena. Adalgisa, minha belíssima genitora então
com cerca de 34 anos (vide sua Foto aos 40 Anos), era uma jóvem voluntariosa,
altiva e persistente, que não desistia da minha procura incessante,
preocupada com meus destino e paradeiro. Orientada pelo meu Velho amigo e Protetor
sgtº Gama, ela entendeu que eu poderia já estar engajado à Força
Aérea. Influenciada pelas informações, ela assim arquitetou
um plano de transferência familiar para Belém-PA séde da
Primeira Zona Aérea (hoje 1º COMAR-Primeiro Comando Aéreo)
e BABE-Base Aérea de Belém, na esperança óbvia
de localizar-me. Dito e feito, já com toda a Família os(as) nove
Filhos(as) então menores de 16 anos, a inquieta jóvem viúva
Adalgisa, de 36 anos, que fora beneficiada com a Pensão Federal de Proventos
do meu falecido Pai Anastácio, fez insessantes buscas junto ao QG da
Aeronáutica e ao Comando da BABE. Foi quando ela então teve a
certeza de que estaria eu, de fato, engajado como Sargento da BASP. Ato contínuo,
Adalgisa demandou e arranjou uma passagem aérea pelo CAN-Correio Aéreo
Nacional, e num belo dia chegou a São Paulo-SP, e foi procurar-me na
BASP onde me encontrou já envergando um garboso Uniforme de 3º Sargento
da Eronáutica, para seu incontido orgulho emocional. Confessou-me que,
sabedora através do Sgt Gama, das minhas notícias ela então,
influenciada, decidira transferir-se (emigrar) com toda a Filharada para Belém
onde já estava então residente, na esperança do meu arrimo
financeiro. E que estava, assim, decidida em pedir ao Comando da BASP a minha
transferência (por permuta) entre a BASP e a BABE. Não tive alternativa
nenhuma senão concordar com minha altiva e extremada Mamãezinha. À sua
primeira audiência, em minha companhia pessoal, com o Ilustre Brigadeiro
do Ar Comandante da BASP, fomos bem recebidos e tivemos sucesso no justo pleito
de Dona Adalgisa, pois minha diligente e perspicaz Mamãe houvera antes
providenciado em Belém a opção voluntária de um
Sargento QRT-TE/VE pronto a ser transferido para a BASP. Sem maiores burocracias
fui eu então mobilizado para a viagem definitiva e, em uma semana, já me
encontrava com minha Mamãe a bordo de um C-46/Curtiss Comander do CAN numa viagem longa e enfadonha de 7 horas, sem escala, de São Paulo a
Belém, onde aportamos às 16h00 do dia 25 de novembro de 1954.
Ao acomodar-me na BABE e alojar-me na minha nova Residência Urbana Familiar
da Rua Domingos Marreiros Bairro Umarizal em Belém, tive a notícia
no Quartel de que eu seria então lotado na Base Aéro-naval do
Amapá, um antigo Bastião brasileiro-estadunidense que servira
como Plataforma Bélica aos combates defensivos e ofensivos Costeiros
da Segunda Guerra Mundal. Daí mais uns 30 dias lá estava eu mobilizado
para a transferência à BANAP-Base Aero-Naval do Amapá,
onde aportei no dia 27 de dezembro de 1954. Da minha nova Base de serviços,
mensalmente, eu repassava mais de 50% dos meus Proventos de Sargento para minha
Mãe como ajuda orçamentária ao custeio doméstico
da numerosa família de 6 rapazes e 3 moças.
Da estadia, em Fuga, para a Espanha, do ex-Ditador Juan
Domingo Perón,
sua Secretária Isabelita, e diversos ex-ministros, todos depostos por
Golpe Militar, na Argentina;
Num belo entardecer ensolarado, tempo estável e quente, pelas 16h00
do dia..., em meu posto de plantão como radiotelegrafista operador da
BANAP, detectei em meu Receptor um chamado “CW” em “SVH-SVH-SVH...”-“Segurança
de Vidas Humanas...” (status de telecomunicação classificado
como ‘prioritário/emergencial’ que me obrigava a privilegiar
a demanda). Tratava-se da Estação Móvel Aeronáutica
Internacional de uma Frota de sete (7) aeronaves militares em formação,
de Bandeira Paraguaya, procedente de Assumpción-PY, em escala direta
com Plano de Vôo Aleatório conduzindo dezenas de ex-Autoridades
Federais Argentinas, compulsoriamente destituídas do Governo Platino,
tendo à frente o general Juan Domingo Perón, sua famosa Secretária
de Governo Izabelita Perón, e diversas outras personalidades militares
e civis, do seu Ministério Autocrático compulsoriamente destituído,
apeiados do Poder por um Golpe Político de generais e coronéis
subversivos e insurgentes. Todos faziam-se acompanhar de seus respectivos familiares
e aderentes domésticos e atávicos, compondo um contingente aproximado
de setetenta e cinco (75) pessoas homens e mulheres, e um proporcional índice
infanto-juvenil dentre filhos(as) e netos(as) da Comitiva. Com seus respectivos
apetrechos e bagagens, lotavam cinco grandes aviões militares, sendo
2 de transporte humano, 2 mixtos de cargas e passageiros, e 1 uma nave incrementada
(que liderava a Frota) o próprio Avião Presidencial Argentino
então sequestrado no Ato da Fuga, agora conduzindo o General, a Secretária,
e os poucos Membros da Elite Militar fiel ao ex-Ditador. A frota era constituída
de aeronaves militares especiais da FAA-Força Aérea Argentina
incluindo o já mencionado Avião Presidencial, um Cargueiro Pesado
Militar e um Transporte mixto de Cargas e Passageiros todos então sequestrados
pelo Ditador em sua fuga de Buenos Ayres. E a outra aeronave da Frota em fuga,
era um bimotor Douglas C-47 militar paraguayo cedido por empréstimo
ao general Perón por seu colega paraguayo o Ditador general Alfredo
Stroessner.
Os engenheiros de bordo, conhecedores da existência de uma então
recém-abandonada Base Aero-Naval Yanque-Brasileira, que houvera sido
grande baluarte bélico Sul-Americano contra os Alemães na Segunda
Guerra Mundial, às proximidades do Mar do Caribe no extremo Nordeste
do Amapá, encontraram assim uma alternativa extratégica excepcional
de escala intermediária para seu longo e complexo vôo em fuga
que, de princípio, houvera sido projetado para o Exílio Político
em Manágua-Nicaragua, onde Governava a Oligarquia do também Ditador
Somosa , tendo Madrid-Espanha, do Ditador Franco, como segunda hipótese.
A decisão de descartarem Manágua somente foi tomada por Perón
e seu staff quando a Comitiva já se encontrava pousada na Base do Amapá,
após uma troca de telegramas de Perón com o general Francisco
Franco concedendo-lhe exílio político na Espanha.
Da Campanha Bélica na Revolta de Jacareacanga-PA.
No mês de fevereiro de 1956 aconteceu a Revolta de Jacareacanga. Foi
uma rebelião organizada por militares que serviam à Aeronáutica
e estavam em desacordo com o então Presidente da República Juscelino
Kubitschek. Não havia nem 60 dias que Juscelino houvera tomado posse
quando dois graduados da FAB desviaram a rota de um avião bimotor C-35
Beetch-Craft da base aero-militar do Rio
de Janeiro para a base de Jacareacanga
(Pará), médio Rio Tapajós na mesma Latitude e a Oeste
da Base Aérea do Cachimbo. Estava assim iniciado um golpe militar contra
o Presidente da República.
Tais militares estavam sob a liderança do major aviador Haroldo Coimbra
Veloso e do capitão aviador José Chaves Lameirão. Os Insurgentes
tinham ramificações político-ideológicas junto
a lideranças militares da Força Aérea notadamente da BABE-Base
Aérea de Belém e da Base Aérea Avançada da Serra
do Cachimbo localizada, também, na Floresta Amazônica (Pará)
ao Leste e próxima de Jacaracanga. Eles iniciaram o golpe partindo do
Campo dos Afonsos (RJ) e depois alcançaram a Base Aérea de Jacareacanga,
a mais de 2 mil Km, ao Norte no Médio Rio Tapajós, em plena Floresta
Amazônica, onde se instalaram e montaram um quartel-general. Apesar da
ousadia e audácia do golpe, os organizadores da Revolta de Jacareacanga
estavam com medo de uma represália, como a ocorrida quatro meses antes,
do então chamado “Movimento 11 de Novembro”, de Forças
Rebeldes do Exército fiéis ao general Henrique Teixeira Lott
que garantiram a posse democrática do Presidente eleito Juscelino Kubistchek
de Oliveira, dia 11 de novembro de 1955, na qual o Movimento insurgente, liderado
pelo general Lott, derrubou o então presidente golpista Carlos Luz títere
de Forças Político-Partidárias oposicionistas inconformadas
com a corrente ideológica, a eleição livre e o anunciado
Programa de Governo ostensivamente progressista de Kubtschek eleito em 3 de
Outubro e fadado a tomar posse em 1º de Janeiro de 1956 como de fato aconteceu
graças à liderança Hegemônica e a Solidariedade
de Teixeira Lott.
O governo brasileiro encontrou inúmeras dificuldades para combater
a rebelião. Apesar de ter poucos adeptos, a Revolta de Jacareacanga
tinha a força da presença em massa dos oficiais da Força
aérea. Uma Expedição de Tropa de 2 Grupos de Comando,
de 144 Soldados e Oficiais da BABE-Base Aérea de Belém foi montada
pelo Comando da 1ª Zona Aérea que requisitou o moderno Navio-Motor “Presidente
Vargas”, da autarquia SNAAPP-Serviço de Navegação
da Amazônia e Administração dos Portos do Pará,
do Ministério da Marinha, sob a supervisão estratégica
do Major Engenheiro Aviador Paulo Victor da Silva, o qual acompanhou a expedição
via aérea no comando de 3 Aviões “Albatroz” e 2 Helicópteros
de Combate, cuja Base de Ação foi assentada no Aeroporto de Santarém-PA
(destino inicial da Expedição Fluvial). Do destacamento de Base
Aérea do Amapá foram deslocados dois Sargentos Radiotelegrafistas,
dentre os quais o autor destas Anotações, para bordo do Navio
Expedicionário a compor a Turma de Telecomunicações da
Campanha. Em 4 dias a Expedição Fluvial já estava aportada
em Santarém, e daí a 24 horas seguiu viagem para Itaituba, cerca
de 200Km ao Sul. Ali foi montada uma Terceira base Estratégica onde
ficaram em sobreaviso os 2 Helicópteros de Guerra. O aparato bélico
aéreo comandado pelo Major Paulo Victor e estacionado entre as Bases
de Cachimbo, Santarém e Itaituba permaneceu imobilizado, assim como
o Navio com os dois Grupos de Combate de 72 Homens cada um, armados de fuzis,
metralhadoras e pistolas. É que, sintomaticamente, o Major Paulo Victor,
segundo constatado posteriormente, teve um conluio pacífico com os Oficiais
Rebeldes em Jacareacanga, e conseguira estabelecer um armistício, com
a prisão do Major Veloso e a fuga do Capitão Lameirão
e seus subordinaos que acharam por bem baterem e retirada e voaram com destino à Bolívia
onde buscaram exílio político.
Após dez dias do início do levante, os militares da FAB, sob
o Comando de Paulo Victor, que disseminou sua estratégia a partir de
Santarém e da Base Aérea do Cachimbo, com a alternativa de Itaituba,
estavam com o contrôle das cercanias de Santarém, Itaituba, Aragarças
e Belterra, cidades próximas ao local da rebelião. As populações
da região endossaram o golpe, que ainda iria receber o apoio de Paulo
Victor da Silva, recém enviado da BABE para combatê-los mas que,
pelo visto, acabou aderindo à causa dos Rebeldes e permitiu a fuga do
capitão insurgente Lameirão e mais alguns oficiais rebeldes.
No balanço final dos fatos, foram constatadas duas baixas fatais. Ao
momento do pouso do Albatroz conduzido pelo Major Paulo Victor, antes do seu
contato pacífico com os Rebeldes, um lugar-tenente segurança
do Comandante (P. Victor), no aeroporto de Jacareacanga teve um desentendimento
pessoal com 2 Sargentos fiéis aos Rebeldes, e trocaram tiros, resultando
no metralhamento sumário e morte dos 2 Sargentos Rebeldes. Terminada
a Revolta, após a prisão pacífica do major Veloso e a
decolagem em fuga dos demais oficiais Insurgentes, obviamente a Campanha foi
desmobilizada, o aparato aéreo retornou à BABE e o Navio geu
meiavolta de Itaituba ao Porto de Belém com a tropa em paz.
Um dos problemas enfrentados pelo governo era que alguns oficiais da Aeronáutica
e outras corporações recusavam-se a reprimir os ex-companheiros.
Daí a sintomática ação do Major Paulo Victor. Após
aproximadamente 20 dias, o levante foi diluído pelas Tropas Legalistas.
Haroldo Veloso, o principal líder da missão, acabou sendo preso.
Os que conseguiram fugir acabaram indo para a Bolívia, onde permaneceram
exilados mas, pouco tempo mais tarde, obtiveram o benefício da “anistia
ampla e irrestrita”, cedida por iniciativa do Presidente Juscelino Kubitschek
que assim deu o testemunho de sua generosidade e espírito de Paz.
Da Petrobrás – meu único
emprego civil.
Fui admitido à Petrobrás, em Belem-PA, aos 21 anos de idade,
em outubro de 1957, por concurso coletivo prenunciado, numa competição
dentre outros cerca de 2 mil inscritos, cidadãos praticantes, amadores
e profissionais da linguagem “MORSE”, dentre telegrafistas aprendizes-praticantes
(eu era um deles) e trabalhadores egressos da Estrada de Ferro Belém-Bragança,
praticantes da Telegrafia ferroviária, da Radiotelegrafia aeronáutica
(FAB-Força Aérea Brasileira), de Empresas Aeroviárias
nacionais e regionais, e egressos do serviço radiotelegráfico “ACT” federal
(Autarquia dos Correios e Telégrafos brasileira). A Petrobrás,
inspirada pelos efeitos cívicos do movimento popular getulista “O
Petróleo é Nosso”, então, ininiciava sua histórica
investida exploratória petrolífera na Amazônia, engajava
muita mão-de-obra e oferecia salários e vantagens empregatíticias
atraentes em níveis contemporâneos. O domínio prático
da Linguagem telegráfica “MORSE”. Do Código “Q” Internacional
e dos Signos Fonéticos “Alpha/Bravo/Charlie” constituíram
matéria eliminatória nas provas que selecionaram pouco mais de
100 aspirantes ao cargo de “Rádio-Telegrafista Auxiliar”.
Após aprovação e admissão à Empresa Estatal
do Petróleo, alocados, na maioria em Estações Radiotelegráficas
Instaladas em Unidades Flutuantes de balsas-plataforma alocadas como bases
móveis (Equipes de Exploração) e semi-fixas aportadas
eventualmente nas barrancas (Equipes de Perfuração) a dezenas
de Grupos técnico-operacionais disseminados ao longo da Bacia Amazônica
e seus principais Tributários e Sub-Tributários nos mais diferentes
quadrantes geodésicos da grande Planície.
Do meu engajamento no Sindicato dos Petroleiros.
Pelo início dos Anos Sessenta surgiram no Brasil, concomitantes com
o incremento da exploração petrolífera suscitada pela
Petrobrás em fins dos Anos Cinqüenta, numerosos movimentos iniciais
localizados de associativismo sindical dentre a prolífera categoria
dos Trabalhadores da Petrobrás BA, RJ, SP, RS e Amazônia em sua
concentração pioneira primitiva em Belém-PA onde implementaram-se,
desde 1957, históricas estratégias empresariais de Exploração
e Perfuração petrolíferas. A generalizada iniciativa sindical
petroleira fora então inspirada por lideranças políticas
marxistas do PCB-Partido Comunista Brasileiro nos diversos Estados onde a Petrobrás
se fez presente. No Pará, onde se instalou a SRAZ-Superintendência
Regional da Amazônia, destacaram-se os militantes comunistas Carlos
de Sá Pereira, Sandoval Queiroz Barbosa e Adelino Nogueira Cerqueira como
sindicalistas criadores do Sindipetro Amazônia, em 1961, do qual o Trio
integrou a primeira Diretoria sob a presidência de Sá Pereira.
Engajado no Sindipetro, fora eu então, em 1962, nomeado como Delegado
Sindical junto à Categoria dos Radiotelegrafistas vinculados ao STS-Serviço
de Telecomunicações que se disseminava por todas as Equipes de
Exploração e Perfuração presentes nos mais diferentes
e longínquos quadrantes geodésicos da Grande Bacia Amazônica
Brasileira, desde o Delta do Rio Amazonas até às Fronteiras do
Acre e de Benjamin Constant-AM, Tabatinga-AM e Atalaia do Norte com a Bolívia,
o Peru e a Colômbia.
Ao eclodir do Golpe Militar de 1º de Abril (1964) estava eu em atividade
profissional como radiotelegrafista da Equipe Gravimétrica no. 7 (EG-7)
da Petrobrás, numa Plataforma Móvel no Vale do Autaz-Mirim, afluente
do Baixo Solimões, 30Km ao Sul de Manaus. Exercia eu também,
junto à Unidade EG-7, as funções ativas de Delegado Sindical
Petroleiro do SINDIPETRO-AMAZÔNIA sediado em Belém-PA, cujos Altos
Dirigentes Regionais, na Capital Paraense, eram meus correligionários
políticos os militantes comunistas Carlos de Sá Pereira (Presidente
do Sindipetro-AZ), Sandoval Queiroz Barbosa e Adelino Nogueira Cerqueira (Diretores),
os quais comungavam dos mesmos ideais político-ideológicos de
ativismo e solidariedade em favor das denominadas Reformas de Base Revolucionárias
esquerdistas lideradas pelo então Presidente da República João
Goullart e seu cunhado o jovem deputado federal então recém-eleito
Governador do Estado do Rio Grande do Sul engenheiro e advogado Dr.
Leonel de Moura Brizola, este como o grande Líder Nacional do Movimento político
sincretista insurgente e segmentado em Células Urbanas e Rurais denominado “Comandos
Revolucionários”, dividido em “Grupos de Onze”.
De inspiração doutrinária Marxista-Maoista e fundamentado
também no movimento social filo-cristão e urbano-camponês
das chamadas CEB-Comunidades Eclesiais de Base cujos adeptos, intensamente
capacitados e treinados por campanhas doutrinárias da chamada Igreja
Progressista, generalizadamente, eram sensíveis e inspirados na chamada
Teologia da Libertação. Eu e muitos outros sindicalistas petroleiros
tornáramo-nos militantes engajados nas células G-11-Grupos de
Onze, e buscáramos contatos com as CEB Suburbanas e Rurais, desde os
princípios da Década dos Sessenta, em que houveram sido criados
e estruturados os primeiros Grupos Organizados dos Sindipetros (da Petrobrás:
RJ, SP, BA e AMAZÔNIA) os chamados Sindipetros Petroleiros. Em tais perspectivas
era voz corrente como ventos que sopravam algumas idéias políticas
indicadoras de uma caminhada libertária do Brasil, perante o Imperialismo
Capitalista das superpotências industriais do Norte Planetário
lideradas pelos Estados Unidos da América do Norte e seus parceiros
da Europa Ocidental, todos de “olho grande” nas potencialidades
naturais da Amazônia.
As CEB Suburbanas (de Periferias Citadinas) e Rurais (Camponesas) eram lideradas
nacionalmente pelos então Cardeais Arcebispos Metropolitanos de Recife
e Olinda cardeal Dom Helder Câmara, de São Paulo-SP cardeal Dom
Paulo Evaristo Arns, de Porto Alegre-RS cardeal Dom Aloísio Lorsheider,
e o Bispo Auxiliar de Porto Alegre-RS cardeal Dom Ivo Lorsheiter, além
de inúmeros outros líderes Católicos brasileiros, dentre
eles os Bispos Diocesanos de Crateús-CE Dom Antônio Fragoso, de
são Félix do Araguaya-GO Dom Pedro Casaldáliga, de Itacoatiara-AM
Dom Jorge Marskell... Desde a minha admissão à Petrobrás,
em fins dos Anos Cinquenta, eu mantinha fraternas relações comunitárias
com o então cônego católico Jorge Marskell de Manaus atuante
na Prelazia de Itacoatiara-Am mais tarde nomeado Bispo dessa Prelazia. Nossas
Tertúlias embasavam-se no teologismo sincrético filo-marxista
cristianista de Teillard de Chardin, inspirado na Encíclica Rerum Novarum
do Papa Leão-XIII (...), cuja fundamentação filosófica
e sócio-política, estudada por Leonardo Boff, Camilo Torres,
e uma plêiade de livre-pensadores católicos brasileiros contemporâneos
incluindo Helder Câmara, Antônio fragoso, Paulo Arns, Casaldáliga,
e outros que desencadearam os fundamentos básicos da chamada Teologia
da Libertação, a embasar os estudos e mobilizações
das CEB, do movimento sindical Petroleiro e dos G-11 Brizolistas.
(Continuar este tópico...)
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Embora, por questão pessoal de vinculos volitivos, seja com a própria
ONU minha Protetora Diplomática, à qual me vinculara então
(1965 a (1973) como Voluntário Especial (“Voluntary Agent of HR
Human Rights”): Agente Voluntário de DH Direitos Humanos) da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos das Nações Unidas (NY-USA)
na Mesoamérica, Caribe e América do Sul (exceto o Brasil por
motivos políticos óbvios); seja com a OEA (1966 a 1775) - Comitê Indigenista
Panamericano (Ciudad del México-MEX) - como etnólogo-indigenista
em serviços volitivos de etnografia e linguística junto aos Ameríndios
da Mesoamérica e da Panamazônia Ocidental, ou seja, en las Cuencas
Amazonicas Peruana e Ecuatoriana constituídas pelo Vale peruano do Amazonas-Ucayale,
e en las Florestas Úmidas Amazonicas Equatorianas vasculhadas pelas
Bacias dos Rios Napo (fronteira Equ/Col) e Marañon (fronteira Equ/Per)
desde as margens esquerdas dos Rios Amazonas e Baixo Ucayale (Departamentos
de Iquitos e Pucalpa) até os contrafortes Andinos Equatorianos; seja
em médios períodos alternativos às minhas fainas secretas
internacionais, em aventureiras, arriscadíssimas e temerárias
incursões insurgentes e camufladas, de natureza libertária, belicista
e urbano-guerrilheiras que me fizeram, de próprio alvitre político
pessoal, incursionar ilegalmente, e com nome falso (“Francisco Rodrigues” – apenas
elidindo da cédula de identidade o meu reconhecido sobrenome “Paulo
Lucena”, em ação fraudulenta por mim deliberadamente feita
junto a uma Delegacia de Polícia próxima à Fronteira com
a Venezuela) dentro dos limites do meu País de onde fora eu oficialmente
expulso (banido pela Ditadura em 1965). Engajado como Voluntário Especial
da OEA e da ONU, tais vínculos eventuais de Parceria, em cooperação
sócio-profissional, proporcionavam-me Stati permanentes de generalizada
representação pública e plena convivência social
no contexto das Nações Panamericanas, em viagens internacionais
constantes, boas relações institucionais, segurança vivencial
permanente, e uma eventual remuneração de Serviços e Custas
(Comissões de Tarefa+Custeios de Viagem e Estadia por diárias
periódicas), que me ajudavam sobremaneira e, efetivamente, proporcionando-me
me eventuais rendas pessoais facilitando-me, nos dias vagos, minhas incursões
clandestinas eventuais ao engajamento político e paramilitar na luta
rebelde e de resistência contra a Ditadura Militar Brasileira, com o
apoio paternal e confortável do meu Padrinho Dom Helder Câmara
então Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, e chefe político
supremo da Facção Rebelde Guerrilheira filo-marxista cristianista
AP-Ação Popular sediada em Olinda-PE e disseminada pelas principais
grandes Cidades Interlandinas e Capitais Estaduais do Nordeste, Sudeste, Sul,
Sudoeste, Centroeste e Norte do Brasil.
Durante minhas atividades por conta do Comitê Indigenista Panamericano
da OEA, nas entranhas da Cuenca Peruana e nos Vales Florestais pré-Andinos
equatorianos do Napo/Marañon, eu também exercia eventuais atividades
extensivas de indigenismo etnográfico (pesquisas historiológicas
e lingüísticas) junto a diversos Grupos Ameríndios amazônicos
brasileiros fronteiriços dos Vales do Javary (Limite W com o Peru) – Iquitos
e Pucalpa – Grupos Lingüísticos PANO-KANAMARI: Marubo ou
Yura-Kuim do Ituí e do Alto Curuçá, Mayuruna do Jaquirana
e do Batã, e Kanamari do Jutay, do Itacoaí e do Baixo Curuçá,
tudo no Município de Atalaia do Norte-AM; assim como próximo à fronteira
W com a Colômbia, em especial a grande e populosa Nação
indígena dos Tukuna (cerca de 40 mil Índios) dos Vales do Alto
Solimões, Rio Preto do Evary, Jacurapá-Içá e
Igarapé D´Joy (estes dois últimos, afluentes do Içá-putomayo,
respectivamente, nos Municípios de Santo Antônio do Içá,
São Paulo dos Cambeba, Benjamin Constant e Tabatinga no W do Estado
do Amazonas. Em parte, minhas atividades etnológico-indigenistas supra
citadas dentro das fronteiras amazônicas brasileiras ocidentais (Atalaia
do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo dos Cambeba e Santo
Antônio do Içá), de par com as Comissões de Serviço
do Comitê Indigenista Panamericano da OEA (Ciudad del Mexico-Mx), eram
também financiadas eventualmente pelos meus fraternos Amigos os Padres
canadenses Jorge Marskell (depois ungido Bispo Prelado de Itacoatiara – 1966
- pelo Papa João Paulo II), Justino MacInnis, Williams Austin (Padre
Guilherme) e Richard Dunken, todos da Ordem Católica Canadense SCARBORO,
parceira da Arquidiocese do Amazonas e co-Gestora Curial da Prelazia de Itacoatiara-AM,
assim como do Centro Comunitário Paroquial do Bairro Japiim de Manaus.
Porque oportuno e justo, acho por bem citar também como benevolentes
colaboradores das minhas jornadas excursivas de trabalho junto às
Tribos Indígenas do Alto Solimões-Jacurapá-Içá e
aos Vales do Javary-Jaquirana-Jutay-Curuçá, os Empresários-Industriais
de Benjamin Constant-AM Victor e Alzanir Magalhães (IRMAG-Irmãos
Magalhães Indústria e Comércio Ltda.) e o meu ex-sogro
Chico Batista (COMARJA-Comercial Madeireira Javary Ltda.), para os quais,
em contrapartida, prestava-lhes eu serviços de consultoria de assuntos
ambientais e boas relações inter-étnicas com os Grupos
Tribais Ameríndios da Região, e eles me facilitavam transporte
e apoio logístico adicionais às minhas permanentes jornadas
na Floresta e nas incursões insurgentes ao Nordeste e demais Regiões
deflagradas dos “Anos de Chumbo”. Foi nesse período conturbado,
no segundo quinquênio dos Anos 1970, que achei a oportunidade fascinante
de enamorar-me e realizar casamento com a belíssima e jóvem
filha do grande empresário industrial madeireiro da Região
Chico Batista, Senhorita Débora da Silva Oliveira, de 17 anos (1977),
cuja União fora cheia de percalços e aventuras perigosas, pela
oposição absoluta dos Pais da Moça, fato que assim nos
compeliu à compulsão de um rapto com o assentimento da Namorada,
indo-nos eu e ela nos refugiar sob a proteção e a guarda dos índios
Tukuna tribalisados em aldeia no Baixo Rio Jacurapá Município
de Santo Antônio do Içá-AM. Chico Batista, então,
denunciou-me por “Sequestro doloso de Menor vulnerável”, à Polícia
Federal e ao Exército CFSOL-Comando de Fronteiras do Solimões,
sediados em Tabatinga-AM, que mobilizaram as Polícias da Colômbia
e do Peru para prenderem-me e resgatarem minha namorarada. As Forças
perfiladas entraram em diligência bélica com lanchas e helicópteros
militares, mas a ofensiva não aconteceu por que os índios se
mobilizaram à nossa defesa e entraram em estado de Guerra dissuasora
em nossa ostensiva Defesa e Guarda. Temendo derramamento de sangue, as tropas
policiais recuaram da ofensiva. Nesse ínterin, tomei a iniciativa
de enviar um emissário índio guerreiro caracterizado a Tabatinga-AM
com uma Carta conciliadora e amistosa ao MMº Juiz de Direito da Comarca
o qual, meu amigo particular fraterno, intercedeu junto aos Comandos Militar
e Policiais mobilizados e ao Pai da Moça, conseguindo assim pacificar
a dissidência. Conturbação que logo depois, diante do
fato consumado, e da minha Carta de iniciativa pacífica e conciliatória,
veio a ser tranquilamente contornado pela aquiescência do pai-féra
de Débora o qual, persuadido pelo Magistrado da Comarca, que de bom
grado mediou a pacificação, em demonstração de
grandeza e índole reconciliadora, ato contínuo, Chico Batista
acenou-me amistoso e dispôs-se a patrocinar e concelebrar nosso solene
e festivo casamento oficial duplo (Civil e Religioso) com direito a Festa
Nupcial e Viagem em Lua de Mel. Chico Batista, assim, tornou-se meu bom Amigo
e Protetor Político favoritista, em função de suas notórias
influências pessoais perante Autoridades da ditadura Militar, facilitando-me
a vida e os acessos pelo Brasil adentro e afora, sem que eu viesse a renunciar
de meus princípios políticos e compromissos ideológicos
insurgentes consuetudinários. E Débora tornou-se minha Musa
Guardiã diuturna e íntima, prestando-me toda sorte de proteção
e apoio (meu Anjo-da-Guarda de Fé e Opção!...) Passei
a prestar serviços eventuais, sem vínculo empregatício,
ao meu Sogro e sua empresa Industrial-exportadora internacional COMARJA-Comercial
Madereira Rio Javari S.A., sediada em Benjamin Constant-Am e Atalaia do Norte-AM
no Baixo Javari. Em que passei a exercer assessoria de gestão e consultoria
de indústria, comércio e relações Internacionais.
Era isso fins de 1976. Atividades que vieram a incrementar minhas carências
financeiro-existenciais. Da união conjugal com Débora, em 5
anos, de 1977 a 1983, nasceu uma linda Prole de duas Moças e um Rapaz,
hoje, Cinderela/32, D’Joy-Paxiúba/31, e Daniela/28, já todos
casados e em plena independência econômica. Passados 17 anos
do Casamento, razões privativas de incompatibilidades ideológica
e de foro familiar, compeliram-nos, a mim e à minha esposa Débora,
a nos separarmos pacificamente e realizarmos o Divórcio amistoso,
fato que se deu em 1994. Continuei eu solteiro e livre até hoje, e
ela minha Amiga fraterna, 4 anos depois, em 1998, teve a sorte de casar-se
com um seu ex-namorado de adolescência, que se conheceram e mantiveram
rápido e furtivo namoro, em 1975, antes do nosso casamento que ocorreu
em 1977. Ele então, era Capitão-Médico Paraquedista
do Exército do CFSOL-Comando de Fronteiras do Solimões. Carioca
de origem, o cap. José Barros retornara a seu Estado Natal. E, pelas
asas da fatalidade e da sorte, veio a falecer no Rio de Janeiro a esposa
do então general José Barros, deixandoo-o viúvo e desimpedido.
Sabedor do desenlace de Débora comigo (1988, o gerneral de divisão
José Barros, saudoso de sua ex-amada. Lançou-se à aventura
de uma busca incansável junto ao seu Amigo Chico Batista, domiciliado
em Manaus, o meu ex-Sogro. Foi então que teve a alvissareira notícia
do Divórcio de Débora. Assim, o General veio a Belém
onde, à mesma residência, Débora minha Amiga ainda vivia
ao meu ledo ainda que separados estivéssemos. Daí aos acertos
finais da nova União, com meu apoio fraterno, foi apenas um passo
definitivo. Casaram-se então, e hoje vivem juntos numa bela mansão
em Petrópoles-RJ. Barros tornou-se também meu grande e fraterno
Amigo, apesar das nossas diferenças político-ideológicas,
em com minhas idéias políticas de ente comunista, e ele com
sua postura neoliberal de militar conservador general do Exército
brasileiro, também um septuagenário como eu próprio.
Minha presença nas diversas Regiões Indígenas da Panamazônia
Ocidental, por conta da OEA ou de outras Parcerias de Cooperação,
conforme acima reportado, fracionada em períodos de curtas ou médias
ausências, em função do meu também fragmentado
tempo de permanência engajado em atividades de Insurgência Urbano-Rural
Armada e Serviço de Correspondência Jornalística Estrangeira
clandestina no contexto da Guerra Civil suscitada pela Ditadura Militar Brasileira,
durou desde Outubro/66 até Novembro/76, ou seja, cerca de dez anos,
sem adicionar mais 4 anos em que voltei ao Oeste do Amazonas, de 77 a 81,
quando prestava serviços de Consultoria e Assessoramento em assuntos
indígenas aos Gabinetes do senador Evandro Carreira (MDB-AM) e do
general Ismarth de Oliveira presidente da FUNAI (Fundação Nacional
do Índio), a este último apresentado que fui e recomendado
pelo Senador Carreira e ao mesmo então passei a prestar-lhe serviços
voluntários particulares de consultoria e assessoramento técnico
(sem vínculo empregatício) com atuação junto
aos Grupos Étnicos do Oeste Amazônico os mesmos dos quais tinha
eu conhecimentos.
Devido à pobreza e à nefasta degradação do povo
latino-americano, a libertação deve ser entendida como superação
de um processo de exclusão; já que esta é a conseqüência
direta da relação norte–sul, onde milhões de homens
e mulheres empobrecem e se deterioram porque ficam à margem (excluídos)
do processo econômico e político norteado pelo capitalismo imposto
pelos EUA e Europa, a partir do Norte-Norte Planetário, onde se posicionam
as Bases do Império Industrial co-gerido pelos Estados Unidos e seus
Seis parceiros membros do G-7 (as Sete Nações mais ricas e
concentradoras de Renda do contexto mundial).
Desta forma compete à teologia da libertação a tarefa
de discursar sobre Deus a partir da ótica de um processo excludente
e a partir da realidade concreta dos excluídos. O teólogo da
libertação, portanto, deve ter este duplo olhar: olhar para Deus
e olhar para o excluído. Olhar para Deus é a fonte de toda libertação
possível e o olhar para o excluído identifica onde há necessidade
de libertação. Olhando para Deus – ou Cristo -, a teologia
da libertação diferencia-se de todo movimento libertador laico,
já que a libertação apresentada pela teologia enxerga
nos processos históricos a possibilidade de presentificação
da nova ordem escatológica anunciada por Cristo, ou seja, o Reino de
Deus – ordem de justiça e da superação de toda opressão
possível, na sociedade e no cosmos. Ao pretender olhar para o excluído
e para o sistema gerador de opressão, como pressuposto de todo fazer
teológico, a teologia da libertação difere-se radicalmente
das teologias clássicas, pois supera o anacronismo destas, circunscrevendo
a experiência de Deus no âmbito do engajamento do fiel na luta
contra todo o sofrimento humano historicamente situado.
Para que haja elaboração da teologia da libertação é mister
que se compreenda os fenômenos da opressão e da exclusão.
Estes devem ser compreendidos através de uma mediação
sócio – analítica, “Libertação é libertação
do oprimido. Por isso, a teologia da libertação deve começar
por se debruçar sobre as condições reais em que se encontra
o oprimido de qualquer ordem que ele seja.” (BOFF, 1996). O método
utilizado para elucidar sócio–analiticamente o fenômeno
da opressão e da exclusão pela teologia da libertação, é o
método histórico- dialético.
O marxismo passa a ser a filosofia predominante na análise sócio–analítica
feita pela teologia da libertação (CAMILO TORRES,1978). Porém,
o marxismo é utilizado como instrumento, não tendo fim em si
mesmo. “Na teologia da libertação o marxismo nunca é tratado
em si mesmo, mas sempre a partir, e em função dos pobres” (BOFF,
1996). O sentido último da teologia não é Marx, mas Deus.
Após a leitura sócio–analítica, o teólogo
da libertação deve-se deparar com a Bíblia Sagrada. A
Bíblia deve fornecer subsídios para que se possa identificar
a face de Deus e sua ação libertadora, nos diversos momentos
históricos, sob os quais vive o teólogo e seu povo. Há,
então, no processo de elaboração da teologia da libertação,
uma imbricação necessária entre a análise sócio–analítica
da realidade e a Bíblia Sagrada. Esta última fornece o sentido
teológico da práxis libertadora proposta pela teologia da libertação.
Com a gênese da teologia da libertação na América
Latina, “a religião passa a ser um fator de mobilização
e não do freio” (BOFF, 1980). A religião não mais
se apresenta como “ópio do povo”. Ela passa a ser fonte
de libertação e de esperança para o homem. A religião,
desta forma, não se reduz a uma ideologia que mantém o status
quo social e político; também não é mais fonte
de discursos etéreos. A teologia da libertação pretende
mostrar que Deus não está em uma esfera trans–histórica;
mas, ela quer mostrar que Deus encarna-se na história, gera libertação
de um povo humilhado, gera vida e esperança a um povo crucificado e
sem sonhos. Podemos dizer, metaforicamente, que a teologia da libertação
anuncia a ‘’descida’’ de Deus de sua esfera transcendente
e “celeste” e mostra-o como agente dignificador dos humilhados
da terra. Deus não é mais um conjunto de doutrinas e especulações,
mas é a fonte de toda a luta pela justiça e igualdade. Por isso,
Deus se manifesta nas lutas históricas pela justiça, pela inclusão
e pela superação de toda opressão vigente na humanidade. “Eu
sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”(Ex
20,2). Eis a face de Deus anunciada pela teologia da libertação:
Deus que tira o povo da opressão, da servidão.
O céu almejado pela humanidade, não é pensado como realidade
post mortem. Este céu que fora pensado pela teologia clássica
como realidade distante que se manifestaria no porvir, encarna-se no “agora”,
através da práxis do povo em prol da dignidade humana: cada conquista
popular, no que tange a uma relação mais justa entre os homens,
presentifica o céu no seio da humanidade.
A teologia da libertação surge para mostrar que Deus é “Pai – Nosso”;
portanto os homens e as mulheres devem se relacionar como irmãos e irmãs,
sem haver exclusão, sem haver opressão ou sem qualquer tipo de
violação da dignidade humana. Lutar pela libertação é valorizar
a paternidade universal de Deus, que se manifesta nas relações
justas e fraternas entre todos os seres humanos.
Augusto Gutierrez -
Cônego Dom Antônio Fragoso – Bispo Diocesano de Crateús-PE.
Palácio Diocesano, com dimensões proporcionais, e tambem grande
abertura de abrigo e apoio aos quadros transitórios regionais do Movimento
Popular contra a Ditadura Militar. Dom Antônio é homem hospitaleiro,
afável, multiculto, e notável pelo seu interesse em orientar
e ajudar a todos na Missão de bem servir às causas da Paz. da
Fraternidade, da Democracia e da luta pelas Liberdades política e social.
Cônego, literato, poeta e ativista social Dom Pedro Casaldaliga – Bispo
Diocesano de São Félix do Araguaia-GO. Palácio Diocesano
de São Félix-GO. De origem Italiana, Dom Pedro notabiliza-se
pela postura sobremodo carismática de grande líder social, organizador
e benfeitor incansável da Comunidade, incentivador da educação,
da cultura e dos programas sociais de assistência aos mais necessitados,
e um dos notáveis teóricos e pregadores da Teologia da Libertação
na América Latina, e inspirador das CEB no Brasil, ao lado de Leonardo
Boff, Augusto Gutierrez, Helder Câmara, Ivo Lorsheiter, Aloísio
Lorscheider, Paulo Evaristo Arns, Camilo Torres... Homem inteligente, perspicaz,
esperto e destemido, Dom Pedro enfrentou difíceis momentos históricos
de ameaça repressiva, nos tempos bravios dos chamados “Anos de
Chumbo”, em que fora acusado de “colaborador da insurgência
subversiva”, com o agravante de que sua Diocese tinha proximidade territorial
da Zona Guerrilheira comunista do Baixo Araguaya no Sul do Pará. Por
diversas vezes viu-se assediado e ameaçado na sua Autoridade Episcopal
e na própria integridade física, por agentes militares e policiais
armados, da Ditadura, que se postavam embalados, às proximidades do
Palácio Episcopal, em São Félix do Araguaya-GO, vale dizer,
colocando-se ameaçadoramente, de armas bélicas em riste, com
o visível escopo de humilhar e intimidar o Bispo. Com ostensiva franqueza
e notória coragem, impondo-se como Autoridade Episcopal e como Cidadão
Livre, Dom Pedro interpelava seus algozes perfilados e armados. Aos brados,
admoestava-os, exigia-lhes respeito ético e cobrava-lhes a postura pública
correta e de obrigação constitucional, no que eles freqüentemente
recuavam e baixavam as armas ao sarilho na presença de diversos observadores
circunstantes que, com freqüência, convergiam `localidade, testemunhando
o espetáculo insolente;
·
Professor, sociólogo, ativista social Padre Camilo Torres – Capelão
eclesial e professor de sociologia da Universidade Nacional da Colômbia – Bogotá-CO
- depois militante político popular bogotano e combatente guerrilheiro
do Movimento insurgente filo-marxista colombiano M-19 que ele dissolveu e fez
seus Quadros aderirem ao então recém-criado movimento guerrilheiro
Ejercito de Liberación Nacional ELN, em princípio de 1965, sob
cujas ações bélicas, em princípio de 1966, foi
ele morto num combate na selva amazônica ao Sul de Bogotá, em
enfrentamento armado com o Exército colombiano. Tive eu, Paulo Lucena
com muita honra, dois encontros polítics pessoais com o Padre Camilo
Torres. O primeiro, em 13 de janeiro de 1965, no terraço do Hotel Anaconda,
da Cidade Turística Amazônica Colombiana de Letícia, fronteiriça à Cidade
Brasileira de Tabatinga-AM, em frente o divisor de águas Solimões/Amazonas
peruano, extremo Sul da Colômbia. Eu então acabara de empreender
fuga desde a terceira prisão por mim sofrida, no porão do Forte
do Castelo (5ª Cia. de Guardas, na Baia de Guajará (bairro da Cidade
Velha-Belém), onde estive encarcerado por 10 meses desde 11 de janeiro/65.
No Parágrafo a seguir relatarei episódios horrorosos, constrangedores
e danosos à minha consciência de direitos humanos, praticados
pessoalmente pelo então o maior e mais cruel torturador e assassino
por mim reconhecido em toda a História da Humanidade o então
Comandante da 1ª Zona Aérea brigadeiro do ar João Paulo
Burnier, ocorridos durante esta terceira detenção a mim imposta
pela Ditadura Militar de 64.
(três Brasileiros e um colombiano),:
Cardeal Dom Helder Câmara [Arcebispo Metropolitano de Recife e Olinda-PE,
da época, inspirados no teologismo de Teillard de Chardin que se fundamentava
na Encíclica Papal Rerum Novarum (Pio-XII)
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